ONDE ESTÁ?
Oito andares, arquitetura vertical, a queda livre que oblitera um começo de existência.
Manhã de céu azul. Na alma o inferno cinza-prata, mescla que faz da vida isso que se vê por aí.
Ao longe, os acordes de uma canção. Junto a mim, uma lágrima provocada pelo inesperado, pois que a existência é essa avalanche de sonhos que já não são, de alegrias levadas pelo incessante movimento do calendário.
Na garganta o espaço é pequeno para conter a maquiada gargalhada e a autêntica dor que o tempo vai trazendo.
Asfixiada no silêncio da madrugada, a cachoeira parida pela tragédia. Os ponteiros do relógio esticam a angústia que procura uma saída. No peito a certeza do absurdo, da caminhada conduzindo ao nada. Nos olhos a umidade que machuca. No rosto a cor do sofrimento.
Na boca a vontade de gritar: onde está a estrela que parou de brilhar?
IRAQUE