ODE AOS DEUSES
Tu, divino octópode, representante dos interesses dos que
dominam essa sesmaria, habitante do submundo da política, a arte
de enganar, abstrair criminosamente mas de forma juridicamente
legal, eternamente octacontaedro, pois, com tuas oitenta faces, tu
manipulas, mentes, matas (de fome) os milhões que em ti confiam,
menos eu que já nasci descrente.
Tu, embusteiro vitalício, Al Capone do planalto central, e de
outras plagas, Drácula sacramentado por leis elaboradas para
defender teus indecentes e imorais desígnios, donatário de toda uma
continental colônia, Calígula copulando com tua irmã corrupção,
crônica prostituta moral, indiferente às tragédias criadas pela tua
intrinsecamente putrefata e messalínica mentalidade coronelística.
Tu, intestinal defecação de decisões legislativas conducentes
à defesa de teus esconsos objetivos, rizópode sugador da energia
orgânica daqueles que ficam numa fila a fim de te colocarem no
poleiro do poder, do alto do qual tu defecas na infantil e imbecil
crença dos que ainda acreditam nessa fera denominada político
partidário.
Tu, omnívoro devorador, Judas vendilhão, escondido câncer
penetrando o corpo da nação, ameijoador do humano gado, a fim de
sangrá-lo e degluti-lo, metendo um dedo na goela com o intuito de
vomitá-lo, e voltares a regurgitar o engolido rebanho, na tua ânsia
de abocanhar o que encontras pela frente.
Sabotador do potencial bem estar daqueles que cedo levantam
para enfrentar os ônibus e metrôs da vida, na constante luta pela
simples sobrevivência física, enquanto tu dormitas em esplêndidos
berços adornados com o ouro malignamente abstraído da
pátria-amada-idolatrada-salve-salve.
Ali Babá em tua obscura e traiçoeira caverna moral, à espera
da próxima maracutaia, negociatas mil, os vinte por cento que
fazem constante parte dos escondidos contratos com
empreiteiras nacionais e internacionais, maligno traficante de
favores e também do branco pó, tudo isso escondido por trás de um
esplêndido título, tal como DePUTAdo, SenaDOR, GovernaDOR,
PreFEITO, VereaDOR, PresiDENTE mordedor de boladas
encobertadas por subterfúgios e justificativas pré-fabricados.
Amealhador do patrimônio supostamente nacional, ilustre
mafioso manipulador de lobbies, comensal nos cotidianos banquetes
pagos pela ignara massa, bebericando nas bacanais regadas a bom
vinho, prevaricador com lindas secretárias, com direito a tapete
vermelho, motorista particular, jatinho Gulf Stream, tudo pago com
o suor do burro de carga genericamente conhecido como povo.
Ameiva, rastejador, político punhal armado para o próximo
golpe, estonteante capacidade para enganar, mentir, inverter
valores, devorar vidas, tudo em nome de uma tal democracia
representavia, devorador de orçamentos, constantemente jogando
na cara do povão um inequívoco e sonoro isso-é-problema-teu.
Indolente reinador, diuturnamente na tocaia, à procura de
mais um jeito de mais rico ficar,com o sangue, suor e lágrimas dos
burlados patriotas, esses que, mesmo sem ter forças, enfrentam
os tonitruantes dragões da maldade.
Para tu, o povo não passa de um detalhe de somenos
relevância. Na tua arrogância, tu dizes: enquanto a real caravana
passa, os famintos cães ladram. E desde quando foi diferente?
Defecado foste do útero da má intenção, bandido és por
intuição, vocação, e favorável circunstância conducente ao teu
constante enriquecimento ilícito, ou seria lícito? Saboreador de
pizzas políticas e jurídicas, majestoso imperador.
Na política tômbola tu encontras o número premiado, e quem
perde é o povo, essa acéfala categoria que se arrasta ao deus-dará.
Não seria o caso de a tua consciência (tu a tens?) te dizer: da
dextrum misero?
IRAQUE