SOMBRAS E SILÊNCIO

Eu me perco no barulho e na azáfama da cidade grande, onde todos são prisioneiros do relógio, dos infindáveis compromissos, no vai e vem das pessoas e dos carros.

Nesse ambiente eu me sinto perdido, mas também protegido,

da tua lembrança que deveria me trazer alegria, mas isso não acontece, e por que não?

Como ficar feliz quando a pessoa que dava sentido à vida desapareceu nas sombras da morte? De que forma voltar a sorrir, se o essencial foi afogado por um vazio que corta como navalha na carne?

O sombrio me esconde e me abraça, e na sombra eu te vislumbro,

te sinto, longe e perto de mim. Na madrugada eu te vejo, porque nessa

hora eu faço do silêncio a minha lanterna, para te enxergar.

Eu te vejo com aquilo que sinto, com a saudade que me asfixia,

me deixando angustiado, cortado por lâminas, as navalhas do Plínio.

Sem ti eu caminho, sem perceber o que está bem na minha frente, mas

enxergando a tua imagem. No silêncio do quarto, no emudecer da noite,

na minha meditação, tu estás longe e perto. Como poderia ser diferente?

Nesse escuro eu te vejo, pois a luz do dia te esconde, misturada

ao barulho da humanidade. No meu meditar eu tento te alcançar, mas

a realidade te leva para longe, e aí eu fico somente com as lembranças.

Essas são bálsamo, e lâminas que cortam, sem cicatrizar.

No entanto, não tento me livrar da dor. Essa faz parte da minha

situação. Eu a abraço, encaro nos olhos, e não faço perguntas sem

respostas. Apenas tento lidar com esse aperto na garganta, essa

lágrima quase caindo, essa vontade de grintar: onde está a estrela que

parou de brilhar?

IRAQUE

Iraque
Enviado por Iraque em 06/12/2011
Código do texto: T3374213
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