O VERDADEIRO SÍMBOLO DO NATAL

O natal é uma das festas mais importantes para o cristianismo, pois relembra o nascimento do maior homem de todos os tempos, Jesus Cristo, aquele que revolucionou para sempre a história da humanidade. Porém para o calendário cristão a data mais importante é a páscoa, pois retoma a passagem da morte para a vida, a vitória de Cristo sobre a morte.

A origem do natal deu-se por volta dos séculos IV e V da era cristã. Inicialmente tratava-se de uma festa pagã, na qual era comemorado o nascimento do deus-sol, Mitra, divindade persa que se aliou ao sol para obter calor e luz em beneficio as plantas e animas. Foi introduzida em Roma no último século antes de Cristo, tornando-se uma das divindades mais populares do império.

A decisão sobre a comemoração ou não do natal gerou controvérsias teológicas dentro da igreja. Somente em 440 o Papa Julio I, em nome da igreja, adotou oficialmente o natal como proposta á exigência de afastar os fiéis das celebrações pagãs e idolátricas ao deus-sol.

O sol sempre foi símbolo de realeza nas diversas culturas. Como exemplo temos o rei absolutista francês Luiz XIV que se autodeclarou como o rei-sol. Com a inculturação teológica ou mesmo do sincretismo religioso do natal, Jesus passou a ser o novo sol que ilumina nossas vidas e clareia nossa História, cumprindo assim a profecia de Isaías que diz: “o povo que andava nas trevas viu uma grande luz, uma luz raiou para os que habitavam uma terra sombria como a da morte” (Is 9,1).

Infelizmente observa-se nos dias de hoje a deturpação do sentido do natal, transformando este dia em meras festas pomposas com pseudo-símbolos natalinos. Como exemplo tem-se o “bom velhinho”, papai Noel, a quem muitos atribuem sua origem a são Nicolau, arcebispo do mosteiro de Mirna, na atual Turquia. Nascido no ano de 430 da era cristã tornou-se santo por ajudar os empobrecidos durante toda sua vida, de maneira especial no período natalino. É um equivoco afirmar que são Nicolau seja papai Noel, pois este último, até o começo do século XX, era caracterizado por alguns artistas como um elfo ou como um duende. Só no começo da década de trinta que The Coca-Cola Company, a fim de aumentar as vendas de seu famoso refrigerante, resolve contratar o artista americano Haddon Sundblon para transformar o bom duende numa figura humana com intuito de dominar a consciência das crianças e assim garantir um mercado de consumo no futuro. A figura do papai-noel traz cores vermelhas e brancas, representando a cores da multinacional; sua barriga sugere um dos sete pecados capitais, a gula; o saco cheio, o acúmulo; sua risada, uma ironia do capitalismo a todos os indivíduos sem consciência.

Vale criticar também o assistencialismo “de meia-tigela”, disfarçado de natal sem fome, como se os pobres só tivessem fome durante o natal. Ademais eu não quero ser cético, mas as ceias natalinas, que deveriam ser sinal de partilha e comunhão entre os que se dizem cristãos, lembram muito mais os banquetes do rico epulão em relação ao pobre Lázaro, relatado no evangelho de Lucas.

Outro símbolo que merece destaque é a arvore de natal, cuja gênese também advém dos romanos que homenageavam o deus saturno, deus da agricultura, com árvores enfeitadas. A escolha do pinheiro entre os cristãos é resquício cultural do norte da Europa. No inverno era a única arvore que se mantinha verde, simbolizando a resistência e a fé do cristão no mundo de perseguição e tribulação. Para nós nordestinos era como se fosse o nosso precioso mandacaru, o único que resiste no período de seca. Sendo assim, em vez de enfeitar pinheiros artificiais, vamos enfeitar nossos mandacarus!

Não se pode deixar de citar o exagerado consumismo que existe durante a festa do natal, que foi criado pelo capitalismo tardio para derrotar o sentido do nascimento de Cristo. Não só a multinacional Coca-cola usa pseudo-símbolos natalinos como marketing, mais também diversas empresas nacionais se aproveitam dos símbolos para aumentar sua clientela alienada.

Considerando tudo isto, caro leitor, ficam as perguntas: como celebrar o natal hoje? Qual o seu verdadeiro símbolo? Não é fácil celebrar o natal num mundo globalizado, em que os valores éticos e morais estão se perdendo e dando lugar ao egocentrismo, hipermodernismo, hedonismo e secularismo. Parece que a humanidade pós-moderna celebra hoje o que foi profetizado pelo filósofo Nietzsche: a “morte de Deus”.

Para celebrar o natal hoje é bom transformar coisas velhas em coisas novas, isto é, refazer fatos do passado para o presente, assim como fez São Francisco no natal do ano 1223, em Greccio, um vilarejo italiano perto de Assis. Ali Francisco reuniu seus companheiros e o povo da região para construir um humilde presépio vivo, fazendo memorial do nascimento do pobre menino Jesus. São Francisco não foi o inventor do presépio, mas o relembrou para mostrar que Jesus sendo o filho de Deus não nasceu em um berço de ouro, mas foi rejeitado pelos homens a ponto de não nascer sequer em uma cama, mas numa estrebaria. A origem do nome “presépio” vem do latim Praesepium que significa “gruta”, “celeiro de madeira”. Este sim é o verdadeiro símbolo do natal! Que possa perpetuar por todos os tempos, revelando assim seu grande significado, que é a humanidade e miserabilidade de Deus na pessoa de Jesus Cristo, no qual Deus se faz homem para que o homem se fizesse Deus! Feliz Natal a todos!!!!!

FIZ ESSE ARTIGO NO NATAL DE 2004, FOI CORRIGIDO PELO CÔNEGO PADRE PAULO SAMPAIO, NA ÉPOCA NÃO FOI PUBLICADO.

REFERÊNCIA

ALVES, Júlio Falivene. A Invasão Cultural Norte- Americana.Editora Moderna.Coleção Polêmica. 1988.

BOFF, Leonardo. Jesus cristo libertador. Editora vozes: Petrópolis, 1998.

Biblia de Jerusalén. Paulus.1997.

Edição Comemorativa de Natal. Revista das Religiões. Editora Abril, 2004.

Marcio dos Santos Rabelo
Enviado por Marcio dos Santos Rabelo em 24/12/2011
Código do texto: T3405001
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