A matriz de Nossa Senhora da Saúde de Alter do Chão, Santarém – Pará.
Patrimônio histórico de Santarém volta às características originais
Sérgio Martins Pandolfo*
Alter do Chão é uma vila turística com belas praias de areias brancas, banhadas pelas águas transparentes do rio Tapajós, localizada a 32 km de Santarém, conhecida mundialmente por seus mais diversos atrativos. Entre eles se pode destacar a Festa do Sairé, a manifestação cultural-religiosa mais antiga do Norte do Pará, realizada há mais de 300 anos, a Festa do Boto (disputa entre os botos estilizados Tucuxi x Cor-de-rosa), além do reconhecimento internacional pelo jornal britânico The Guardian de ter “a praia mais bonita do Brasil”
Contudo, seu maior patrimônio material é a Igreja matriz de Nossa Senhora da Saúde, construída no final do século XIX em estilo barroco colonial português que, apesar de bastante desgastada pelo tempo seguia sendo a única igreja desse período no município de Santarém que ainda mantinha sua arquitetura original. O prédio da Igreja inclui a capela central e duas naves laterais, sendo que a capela possui 25 metros de comprimento e 7,97 metros de largura. A espessura das paredes chega a 40 centímetros. Na parte superior, encontra-se o espaço para o coro e duas portas originais em madeira, com sacadas que têm como vista a praça principal da vila. No lado esquerdo, uma das portas dá acesso à nave que abriga o sino de bronze que pesa 60 Kg.
Aos 21 de junho de 2009 foi reconhecida como “Patrimônio Histórico de Santarém” e constatada a necessidade premente de obras de requalificação e restauração, que foram realizadas no ano de 2011, encerradas no último dia do exercício, constantes de: 1- solidificação da obra; 2- revestimento interno e externo; 3- recuperação e execução de alvenaria; 4- recuperação do ladrilho hidráulico; 5- recuperação de pavimentação, pisos e contrapisos; 6- tratamento e execução das esquadrias; 7- remoção das obturações errôneas ou alheias à construção original; 8- recuperação da cobertura; 9- revisão e recuperação das instalações elétricas e hidrossanitárias; 10- restauração dos objetos decorativos, intervenções essas realizadas pela Diocese de Santarém e auspiciadas pela Mineração Rio do Norte (MRN) por meio da Lei Semear de Incentivo à Cultura, Governo do Estado do Pará, Fundação Cultural do Pará “Tancredo Neves”. O projeto e acordos de restauração contaram com o apoio de órgãos competentes como o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e DPHAC (Departamento do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Pará) visando aproximar o imóvel o máximo possível de sua arquitetura original. “É a primeira obra de restauro de um prédio histórico, em Santarém, cujas características originais puderam ser resgatadas. Seguimos todas as normas técnicas e não deixamos nada a desejar, se comparada a outras restaurações feitas no Brasil”, disse Terezinha Amorim, coordenadora do projeto “Preservação do Patrimônio Histórico de Santarém: Restauração da Igreja de Nossa Senhora da Saúde”.
Breve histórico do templo matriz
Em 1738 o padre. Manuel Ferreira fundou a Missão de Nossa Senhora da Purificação na antiga aldeia dos índios Boraris e construiu uma pequena igreja de taipa de mão que ficou sob a administração dos missionários jesuítas até 1759. Em 6 de março de 1758 o governador do Pará Francisco Xavier de Mendonça Furtado, meio-irmão do marquês de Pombal, ministro plenipotenciário de D. José I de Portugal e talvez o principal responsável pela posse e manutenção da Amazônia de hoje pelos lusos e consequentemente pelo Brasil, elevou a missão de Nossa Senhora da Purificação à categoria de Vila, dando-lhe a denominação de Alter-do-Chão, homônima de uma das cidades portuguesas. Com a expansão da vila, os portugueses passaram a construir uma igreja maior de pedra e cal em frente à escola, próximo à praça central. A atual igreja de Nossa Senhora da Saúde de Alter-do-Chão, em barroco português, é a terceira a ser construída nessa vila balneária*. O início da sua construção data de 1876 sob a coordenação do missionário José Antônio Gonçalves e o material nela utilizado foi, cal, pedra e barro. Os trabalhos de edificação só foram concluídos vinte anos depois, sua inauguração ocorrendo no dia 6 de janeiro de 1896, data em que os moradores de Alter do Chão realizam a festa da sua padroeira. A Imagem oficial de Nossa Senhora da Saúde, presente dos missionários portugueses, chegou a Alter do Chão no dia 2 de fevereiro de 1725 e o altar-mor da igreja, uma preciosidade, todo em madeira de lei, único em estilo rococó da região, foi esculpido pelo emérito professor santareno Antônio Batista Belo de Carvalho no ano de 1923.
O prédio atual conta, portanto, com 146 anos de existência, porém, se acrescentarmos o tempo decorrido entre a primeira ermida (1738) e o templo ora restaurado vai para 274 a devoção dos alterenses por sua padroeira.
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* “Em 1873, foi instalada uma comissão para a construção da nova Igreja. Foi decidido que se construiria uma capela provisória enquanto se erguia o novo templo. Isso de fato aconteceu. A construção da igreja começou em 1876 e foi concluída em 1896. Esta é atual matriz, que foi “saqueada” nas décadas de 1980 e 1990, perdendo muitas das antigas imagens deixadas ainda na época dos jesuítas”. (Diocese de Santarém, Anuário 2006, pág. 73)
Nota: na foto acima a igreja de Nossa Senhora da Saúde após a conclusão das obras de requalificação e revitalização (foto do Autor).
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*Médico e escritor. ABRAMES/SOBRAMES. Do Instituto Histórico e Geográfico do Pará - IHGP.
sergio.serpan@gmail.com - serpan@amazon.com.br - www.sergiopandolfo.com
Patrimônio histórico de Santarém volta às características originais
Sérgio Martins Pandolfo*
Alter do Chão é uma vila turística com belas praias de areias brancas, banhadas pelas águas transparentes do rio Tapajós, localizada a 32 km de Santarém, conhecida mundialmente por seus mais diversos atrativos. Entre eles se pode destacar a Festa do Sairé, a manifestação cultural-religiosa mais antiga do Norte do Pará, realizada há mais de 300 anos, a Festa do Boto (disputa entre os botos estilizados Tucuxi x Cor-de-rosa), além do reconhecimento internacional pelo jornal britânico The Guardian de ter “a praia mais bonita do Brasil”
Contudo, seu maior patrimônio material é a Igreja matriz de Nossa Senhora da Saúde, construída no final do século XIX em estilo barroco colonial português que, apesar de bastante desgastada pelo tempo seguia sendo a única igreja desse período no município de Santarém que ainda mantinha sua arquitetura original. O prédio da Igreja inclui a capela central e duas naves laterais, sendo que a capela possui 25 metros de comprimento e 7,97 metros de largura. A espessura das paredes chega a 40 centímetros. Na parte superior, encontra-se o espaço para o coro e duas portas originais em madeira, com sacadas que têm como vista a praça principal da vila. No lado esquerdo, uma das portas dá acesso à nave que abriga o sino de bronze que pesa 60 Kg.
Aos 21 de junho de 2009 foi reconhecida como “Patrimônio Histórico de Santarém” e constatada a necessidade premente de obras de requalificação e restauração, que foram realizadas no ano de 2011, encerradas no último dia do exercício, constantes de: 1- solidificação da obra; 2- revestimento interno e externo; 3- recuperação e execução de alvenaria; 4- recuperação do ladrilho hidráulico; 5- recuperação de pavimentação, pisos e contrapisos; 6- tratamento e execução das esquadrias; 7- remoção das obturações errôneas ou alheias à construção original; 8- recuperação da cobertura; 9- revisão e recuperação das instalações elétricas e hidrossanitárias; 10- restauração dos objetos decorativos, intervenções essas realizadas pela Diocese de Santarém e auspiciadas pela Mineração Rio do Norte (MRN) por meio da Lei Semear de Incentivo à Cultura, Governo do Estado do Pará, Fundação Cultural do Pará “Tancredo Neves”. O projeto e acordos de restauração contaram com o apoio de órgãos competentes como o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e DPHAC (Departamento do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Pará) visando aproximar o imóvel o máximo possível de sua arquitetura original. “É a primeira obra de restauro de um prédio histórico, em Santarém, cujas características originais puderam ser resgatadas. Seguimos todas as normas técnicas e não deixamos nada a desejar, se comparada a outras restaurações feitas no Brasil”, disse Terezinha Amorim, coordenadora do projeto “Preservação do Patrimônio Histórico de Santarém: Restauração da Igreja de Nossa Senhora da Saúde”.
Breve histórico do templo matriz
Em 1738 o padre. Manuel Ferreira fundou a Missão de Nossa Senhora da Purificação na antiga aldeia dos índios Boraris e construiu uma pequena igreja de taipa de mão que ficou sob a administração dos missionários jesuítas até 1759. Em 6 de março de 1758 o governador do Pará Francisco Xavier de Mendonça Furtado, meio-irmão do marquês de Pombal, ministro plenipotenciário de D. José I de Portugal e talvez o principal responsável pela posse e manutenção da Amazônia de hoje pelos lusos e consequentemente pelo Brasil, elevou a missão de Nossa Senhora da Purificação à categoria de Vila, dando-lhe a denominação de Alter-do-Chão, homônima de uma das cidades portuguesas. Com a expansão da vila, os portugueses passaram a construir uma igreja maior de pedra e cal em frente à escola, próximo à praça central. A atual igreja de Nossa Senhora da Saúde de Alter-do-Chão, em barroco português, é a terceira a ser construída nessa vila balneária*. O início da sua construção data de 1876 sob a coordenação do missionário José Antônio Gonçalves e o material nela utilizado foi, cal, pedra e barro. Os trabalhos de edificação só foram concluídos vinte anos depois, sua inauguração ocorrendo no dia 6 de janeiro de 1896, data em que os moradores de Alter do Chão realizam a festa da sua padroeira. A Imagem oficial de Nossa Senhora da Saúde, presente dos missionários portugueses, chegou a Alter do Chão no dia 2 de fevereiro de 1725 e o altar-mor da igreja, uma preciosidade, todo em madeira de lei, único em estilo rococó da região, foi esculpido pelo emérito professor santareno Antônio Batista Belo de Carvalho no ano de 1923.
O prédio atual conta, portanto, com 146 anos de existência, porém, se acrescentarmos o tempo decorrido entre a primeira ermida (1738) e o templo ora restaurado vai para 274 a devoção dos alterenses por sua padroeira.
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* “Em 1873, foi instalada uma comissão para a construção da nova Igreja. Foi decidido que se construiria uma capela provisória enquanto se erguia o novo templo. Isso de fato aconteceu. A construção da igreja começou em 1876 e foi concluída em 1896. Esta é atual matriz, que foi “saqueada” nas décadas de 1980 e 1990, perdendo muitas das antigas imagens deixadas ainda na época dos jesuítas”. (Diocese de Santarém, Anuário 2006, pág. 73)
Nota: na foto acima a igreja de Nossa Senhora da Saúde após a conclusão das obras de requalificação e revitalização (foto do Autor).
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*Médico e escritor. ABRAMES/SOBRAMES. Do Instituto Histórico e Geográfico do Pará - IHGP.
sergio.serpan@gmail.com - serpan@amazon.com.br - www.sergiopandolfo.com