SER HUMANO: ANIMAL CENTRÍFUGO OU CENTRÍPETO ?

Semelhantemente ao nosso querido Raul Seixas, eu também nasci há milhões de anos atrás, e nada há nesse mundo que eu não saiba demais, mas isso somente faz sentido se o leitor aceitar como válida a premissa

da reencarnação. Acredito que já nasci e desencarnei milhões de vezes, mas nada posso provar usando critérios científicos. Quem estiver lendo esse texto tem todo o direito de concordar comigo, e tem também o direito de discordar. A constituição Federal de 1988 lhe faculta esse direito.

Quando vejo uma criancinha de um, dois, tres aninhos, me derreto todo, e às vezes choro. Vejo na criança um ser puro, inocente, até que o veneno da existência injete em suas veias o corrosivo poder adquirido com o rolar do calendário, Gregoriano ou não.

Baseando-me em pesquisas feitas por mim nos últimos trinta anos, em vários países onde morei e estudei, e tomando como base pesquisas que continuo fazendo, a maioria das crianças cresce. Passa pelo estágio de criancinha, adolescência, até chegar à idade adulta, velhice, decrepitude, e finalmente o desencarne. Na minha opinião não há morte, há o desencarne, e não estou pedindo para ninguém concordar comigo. Quero asseverar que não tenho religião nenhuma, o que quer dizer que não sou Espírita Kardecista e nem Budista, e nem Hinduísta, religiões que abraçam o conceito da reencarnação, e assevero que não estou nem um pouco preocupado se algum leitor não concordar comigo. Ele ou ela tem todo o direito de fazê-lo.

Tomando como critério os meus estudos da Física , no meu tempo de aluno de curso colegial, chego à conclusão de que o ser humano é ao mesmo tempo centrífugo e centrípeto. A força centrípeta remete ao centro, enquanto que a força centrífuga nos impulsiona para fora do nosso centro.

Na minha condição de ser centrípeto, me lanço ao meu centro, me desligo da periferia, me lanço para o interior de minha caverna não somente antropocêntrica, mas, mais especificamente, me concentro no meu centro egocêntrico, e fora do meu selfish center há um universo que uso o tanto quanto me é possível.

Pergunto a quem quiser responder: há um ser mais egoísta do que uma criancinha de seus três ou quatro aninhos? Se no shopping center ela vê um lindo e caro presente, ela logo se dirige à sua mãe ou pai, se transformando em ditadorzinho ou ditadorzinha. Essa criancinha, inocente, bate o pé, rola no chão, chora, grita, até o pai ou mãe tirar o cartão de crédito e comprar o caro presente. Já vi isso acontecendo no Brasil, e em três outros continentes onde morei e estudei. Fiquei observando e rindo. Foi, para mim, uma aula de psicologia, antropologia, e cultura no sentido mais especificamente antropológico. Estou usando um exemplo isolado? Talvez sim, talvez não. Deixo ao leitor a tarefa de chegar à conclusão final da premissa.

Com o passar dos anos, descobrimos que não estamos sozinhos no planeta Terra, e aí então aprendemos, relativamente falando, a nos comportar de modo centrífugo, ou seja: saímos do nosso centro egoísta, e nos dirigimos à periferia. Para que isso aconteça, muitas vezes os nossos cabelos já estão brancos como algodão, e depois de muito bater a cabeça nas paredes dessa vida, após muitas marteladas recebermos de outros seres humanos. Estou sendo fantasioso? Espero que sim. No entanto minha experiência de vida me diz que estou sendo realista, concordem comigo ou não.

Sou centrípeto? Sou. Sou centrífugo? Sou. Como a eletricidade, positivo e negativo, uma salada, uma mistura. Sou maniqueísta? Talvez sim, talvez não. Para os que não sabem, o maniqueísmo é "uma doutrina do persa Mani ou Manes(século 3), sobre a qual se criou uma seita religiosa que teve adeptos na Índia, China, África, Itália e sul da Espanha, e segundo a qual o universo foi criado e é dominado por dois princípios antagônicos e irredutíveis": aquilo a que se dá o nome de "deus ou o bem absoluto, e o mal absoluto" ou aquilo a que se dá o nome de diabo.

Na minha anônima, desconhecida e irrelevante opinião, o universo e a existência humana são muitas vezes mais complexos do que isso, pois as doutrinas religiosas são criadas e destruídas por seres humanos, pessoas sábias mas também limitadas em seu conhecimento, e esse é um assunto forçosamente polêmico, não se admitindo uma atitude peremptória e dogmática. O universo é dinâmico, não estático. A vida do ser humana é dinâmica, dialética, e não estática. O fato de hoje poderá muito bem ser o não fato de amanhã. Os valores de hoje em dia poderão ser engolidos por outros valores, exatamente o contrário, dependendo da geografia e da cultura, do momento histórico. Já diziam os pensadores clássicos de antes de Jesus: nescis quid serus vesper ferat.

IRAQUE

Iraque
Enviado por Iraque em 24/07/2012
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