METAREALIDADE?

Esse medo que me mata, materializando a minha dor. Essa mata na qual me mato, matando meu presente, revivendo meu passado, passando o tempo de antes a ser o meu presente momento, numa situação em que o presente passa a morrer no passado que é presente, pois do que passou é feito o presente.

Se o passado é presente na forma de lembranças, que faço do meu presente? Ele se esconde no passado, ou se afirma no presente?

Se o passado é mais presente que o presente, o que passou é meu presente, esse que um dia será passado. Eis o presente passando, em passado se transformando.

A saudade é o passado se misturando ao presente. O presente se transformando em lembranças advindas do passado.

Se penso somente no presente, e no passado não penso, na mente elimino o passado, esse que um dia foi presente, mas se no passado não penso, só fico mesmo com o presente, mas quem o segura?

A foto que agora tiro, um dia será passado. Se a fotografia não tiro, esse presente jamais será visto por futuras gerações, e fica tão somente em minha mente.

Quando filmo a festa de agora, esse agora será passado, vai ser presente guardado, e no passado será presente.

Depois de eu ser filmado, mesmo morto estarei vivo, vivo-morto, morto-vivo, no filme vivo, mesmo o vivo estando morto.

Segurando a vida no filme, mesmo morto estarei vivo, vivo na tecnologia, apesar de morto no cemitério.

Se ouço a voz de um morto, gravada em um CD, ouço a voz de um morto, ou no disco ele está vivo? Vivo, porque presente no momento da canção sendo tocada, mas morto porque enterrado em algum lugar.

Será que a tecnologia deixa os mortos vivos? Se deixa, eles estão presentes no momento tecnológico, mas mortos de facto e de jure.

É a filmagem um jeito de manter o presente preso ao presente, ou um modo de eliminar o passado, deixando o presente congelado?

Se todo hoje será um ontem, todo ontem já foi um hoje, e hoje eu esculpo o amanhã, que amanhã será o hoje, pois o hoje não será um passado?

Se o passado é o hoje que será o amanhã, o amanhã certamente será o passado que já foi hoje. Nessa metalinguagem, o que é mesmo o hoje? Só um presente se metamorfoseando em passado? O passado não passa de um presente na minha mente?

Se o presente é só um futuro com o passar do tempo, e o passado é o presente existindo na minha reminiscência, tudo não passaria de uma metarealidade existindo na minha subjetividade? E seria o meu subjetivismo um criador de realidades objetivas?

Será que eu realmente objetivo a minha subjetividade? Objetivo a minha concepção? Até aí eu concedo...

IRAQUE

Iraque
Enviado por Iraque em 05/12/2012
Código do texto: T4021052
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