Racismo ...

Todas as vezes que tenho que escrever sobre o racismo deste “Quintal” as lembranças me arremetem ao meu tempo de infância, e já lá naquele tempo eu ouvia piadas de todos da sociedade , observem que eu disse todos.

Eram estórias e histórias da década de quarenta, de cinquenta, onde quem mais faziam piadas era a mídia controlista e maquiadora. Os jornais , as rádios enfim até mesmo que escrevia contra o racismo usavam termos pejorativos. Com o surgimento da TV , programas de entretenimento ocupavam mais tempo do que assuntos sérios e voltados para a educação de um povo (e isso é até hoje) e com base nisso um dos grandes programas que surgiram depois foi “Os trapalhões” onde somente os que tinham um pouco de inteligência percebia o racismo gritante quando colocaram um negro no papel de bêbado e ignorante, (hoje em dias temos juízes brancos e senhores do poder bêbados e ignorantes e ainda assim a imagem do negro é ligada a tudo o que representa incompetência, e quando um negro se destaca na sociedade surge alguém dizendo que só deu certo por que ele tem a alma branca.

Eu me lembro das primeiras professoras negras que surgiram e da forma como eram tratadas (pergunte para as professoras que já estão se aposentando ou que já estão aposentadas como elas eram tratadas pelas chamadas “colegas da elite nos corredores das escolas ou no silencioso palco das salas do cafezinho do intervalo das professoras).

Eu embora fosse criança me lembro muito bem, como me lembro do racismo que havia dentro da minha própria família e das inúmeras vezes que fui humilhado nas escolas e nos lugares que eu entrava , e por azar naquela época fui morar em Dois Irmãos onde senti na carne o preconceito da segunda forma mais dolorida por que senhoras e senhores apanhei duas ou três vezes na Escola e avisado que estava apanhando por que eu era negro e não tinha ninguém para me defender e nada podia fazer.

É um caminho perigo este tal de “preconceito” por que infelizmente acabamos nutrindo também um sentimento de preconceito pelas pessoas que nos ofendem , quantas vezes na minha raiva silenciosa chamei pessoas brancas de “alemão batata”, ou só podia ser loura” a grande verdade é que ódio gera ódio e nada está sendo feito para que isso mude .

Quem sabe as famílias deste “Quintal” , os adolescentes e crianças fossem incentivadas a não darem alcunhas para seus colegas , irmãos , irmãs , pais , mães , professoras , enfim quem sabe chamássemos as pessoas por seus nomes não seria um começo para que alguma coisa mudasse.

Em 1990 dei aula como professor contratado nas matérias de matemática e português e os meus colegas tratavam-se de forma fria , sentíamos a diferença quando falavam conosco e várias amigas comentam que isso não mudou nada dentro do professorado , infelizmente isso acontece em uma categoria onde encontra-se o conhecimento, imagina o que resta para as outras instituições que só existem por que estiveram sentados em uma sala de aula .

Suacrem
Enviado por Suacrem em 02/04/2015
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