Interpretação da Música e letra Cálice: Vestibular.

Chico Buarque de Holanda.

Afasta de mim esse cálice.

Uma crítica ao regime militar.

O Estado de Exceção.

Contrário os Direitos Humanos.

A riqueza sem a distribuição da renda.

Com vinho tinto de sangue.

Uma ditadura criminosa, fascista.

Que elimina seus opositores.

Contra todos os que lutam pela liberdade individual.

Que sonham com a democracia.

Uma ditadura que defende os agentes da repressão

E o capitalismo financeiro.

Como é duro beber dessa bebida amarga.

Significa ter que aceitar o regime de exceção.

Que nega direitos.

Impõe deveres não patrióticos.

Que serve apenas ao liberalismo econômico.

Como é duro aguentar um regime que mata.

Tragar a dor, engolir a labuta.

Sentir calado a opressão.

A imbecilidade política imposta a uma nação.

Além do silêncio, engolir a labuta.

Significa fazer a riqueza de oportunistas parasitas.

Que ganham suas fortunas as custas da exploração.

Ou seja da mais valia.

Mesmo calada a boca, resta o peito.

Mesmo sendo obrigado a viver opressão.

Resta o peito, a coragem da consciência.

Silêncio na cidade não se escuta.

Quer dizer uma parte do povo aceita.

Todo esse mecanismo de domínio.

De que me vale ser filho da santa.

Em metáfora filho da santa.

Uma civilização toda errada.

Melhor seria ser filho da outra.

Outra perspectiva de vida.

De comportamento político.

Necessário sonhar com a mudança.

A realidade menos morta.

Portanto, construir um novo futuro.

Pensar em um mundo que tenha realmente perspectiva.

Tanta mentira, tanta força bruta.

Tudo que o regime propõe é engano.

E só funciona pela força militar.

Como é difícil acordar calado.

Aceitar o domínio político.

Se na calada da noite eu me dano.

Quero lançar um grito desumano.

Que é uma maneira de ser escutado.

Eu vou rebelar, mesmo que seja na música.

Não saberei suportar o mundo da dominação.

Sem finalidade para o povo.

Esse silêncio todo me atordoa.

Atordoado eu permaneço atento.

Na arquibancada pra a qualquer momento.

Ver emergir o monstro da lagoa.

O povo terá que acordar.

Necessário acontecer uma contra revolução.

O mundo político terá que mudar.

É único caminho possível para acabar.

Com o vinho tinto de sangue.

Com as perseguições e as mortes.

De muito gorda a porca já não anda.

Não pode esperar a mudança política dos dominadores.

Os grandes capitalistas.

De muito usada a faca já não corta.

O que chama de normal a prática do domínio.

Como é difícil, pai, abrir a porta.

Essa palavra presa na garganta.

Esse pileque homérico no mundo.

De que adianta ter boa vontade.

Mesmo calado o peito, resta a cuca.

Dos bêbados do centro da cidade.

Tudo isso em síntese.

É fundamental desenvolver a consciência crítica.

Não é apenas uma questão de querer mudar.

Mas como mudar.

Talvez o mundo não seja pequeno.

É possível efetivar o ideal.

Não seja a vida um fato consumado.

Nada disso será eterno.

Quero inventar o meu próprio pecado.

Necessário a construção de um novo rumo.

Morrer do meu próprio veneno.

Até mesmo perdendo a vida.

Sem perder a cabeça.

A lógica racional.

Quero cheirar fumaça de óleo diesel.

Propor o próprio sacrifício.

Não dá para viver uma vida sem sentido.

Me embriagar até que alguém me esqueça.

Mesmo que seja contestado, esquecido.

Vou lutar esse mundo terá que mudar.

Não dá para aceitar tais proposições.

Resultadas do regime militar.

´Professor: Edjar Dias de Vasconcelos.

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 21/06/2016
Reeditado em 21/06/2016
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