Sem os passarinhos

Assassinos! Assassinos!

Sejam homens, sejam meninos

Atentaram contra a vida!

Mataram o sabiá.

Seu corpinho ficou largado pelas valas da avenida.

Uma pedra certeira calou pra sempre seu cantar.

Mas, logo o sabiá, que toda manhã vinha me despertar?

Quem cuidará do seu ninho?

E os famintos bruguelinhos, quem é que vai alimentar?

Até as borboletas de cores variadas

Fizeram círculos, sobrevoando a calçada.

As folhas das árvores caiam vencidas, sacudidas, sucumbidas…

Flores que enfeitavam a avenida murchavam apressadas.

Pessoas desavisadas , desviavam-se cautelosas.

Só quem não parava eram as formigas, entorpecidas pelo trabalho, tentavam erguer o sabiá, leva-lo pelo atalho.

Como consolo derradeiro, tentam alimentar o formigueiro.

Canta o grilo chorão, uma música de algoro, escondidinho dentro do chão.

Vestiu-se em luto, o muro e a era, e toda a primavera há de chorar o pobre sabiá, que só sabia encantar.

Depois será o beijar-flor, em seguida o bem-te-vi, será grande a minha dor quando o tico-tico fugir daqui.

A laranjeira vai empobrecendo, sem o azulão, sem o galo de campina, foram em um alastrão lá pra cima da colina.

A cidade sem o sanhaço, vai ficando mais tristonha, mais silenciosa, mais escura, mais medonha.

Janaina Cruz
Enviado por Janaina Cruz em 16/09/2010
Código do texto: T2501179
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