"A conservação da diversidade biológica está intimamente relacionada com a manutenção da diversidade das culturas humanas."


 

Indiscutivelmente, no mundo moderno, é cada vez maior a preocupação com os sintomas da degradação ambiental devido ao acúmulo crescente de dejetos urbanos industriais, o uso inadequado dos recursos naturais renováveis e não renováveis, e ainda, a modificação dos espaços naturais pela urbanização e industrialização. Esses processos resultam na poluição generalizada dos rios e oceanos, na devastação das florestas, na poluição do ar nas áreas urbanas, no acúmulo de dióxido de carbono da atmosfera, na perda de solos cultiváveis e na diminuição drástica da biodiversidade, o que direta ou indiretamente, atinge o ser humano, uma vez é ele parte da natureza.
Cada um desses fatores são preponderantes sobre a degradação da natureza e meio ambiente e representam pressões humanas sobre a natureza, que devem ser discutidas, e refletidas criticamente na escola, de forma que se estabeleça e cresça dentro de cada aluno e de cada pessoa envolvida com a realidade escolar e da família dos alunos e, de modo mais abrangente, na sociedade o interece por ações de sustentabilidade e intervenções ecológicas.
A preocupação com a redução da camada de ozônio, com as mudanças climáticas que afetam a biosfera e diretamente influem nos índices da temperatura do planeta levando ao aquecimento global da atmosfera, resultando na elevação do nível médio do mar e suas possíveis consequências devastadoras, sobretudo em relação aos países insulares, são preocupantes. E todos estes fatores atuam diretamente sobre o (dês)equilíbrio nos ecossistemas e a saude e o bem estar das populações humanas.
A questão ambiental de busca de conservação das espécies vivas, de intenções salutares e sustentáveis de vida e de exploração equilibrada da natureza surge, dentro desse contexto, como uma consequência das formas de articulação entre sociedade e natureza existentes através do tempo e que se concretizam nos diversos modelos ou estilos de desenvolvimento ocorridos no decurso da “construção” das civilizações. A condição atual do meio-ambiente não é, portanto, um produto da natureza, mas das diversas formas de organização social que, no processo de apropriação dos recursos da natureza se utilizam-se, não somente de tecnologias específicas, mas também de sistemas simbólicos e de  representações mentais do mundo natural. Assim, as sociedades, ao agirem sobre a natureza, dispõem de representações mentais sobre o significado e finalidade do mundo natural, sistemas simbólicos esses que variam de sociedade para sociedade, segundo os tempos históricos. Nesse sentido, mudar as relações homem/natureza passa necessariamente por alterações nesse complexo simbólico efetuado no senso comum, dentro de sua coletividade, nos automatismos adquiridos no desenrolar do tempo e nas modificações no espaço.
Em algumas dessas sociedades, observa-se que os tipos de relação homem/natureza tem levado a uma “artificialização” e degradação crescentes enquanto que em outras, existem ainda formas mais harmoniosas dessa relação, gerando impactos que não colocam em risco a resiliência dos ecossistemas.
Uma das soluções propostas para a conservação da natureza e seus atributos tem sido a criação de áreas naturais protegidas (parques, estações ecológicas, reservas, etc).
Observa-se ainda que, na maioria dessas áreas protegidas de uso indireto, não se permite a presença de quaisquer populações humanas, mas se estimulam as atividades de educação ambiental. Esses programas, muitas vezes, apresentam uma visão deturpada da importância do mundo natural e de suas relações com o mundo humano, pois procura-se estimular a preservação das espécies naturais e vegetais, deixando-se de lado a análise essencial das dinâmicas sociais e culturais causadoras da destruição ambiental, que tornam necessário o estabelecimento de parques e reservas ecológicas.
Nesse sentido, é fundamental que sejam analisados os princípios que nortearam e norteiam a criação desses parques e reservas, bem como seu alcance efetivo na proteção do chamado “mundo intocado” em favor de uma “vida selvagem” refletem um determinado tipo de concepção das relações entre a sociedade e a natureza.
E a existência de um mundo natural selvagem, intocado e intocável faz parte, portanto, de uma idéia que (re)afirma a necessidade de a natureza ser preservada em estado puro ou que se aproxime disso. A preservação das espécies representa o equilíbrio tal que oportunize a manutenção das condições de vida para o ser humano., uma vez que a manutenção da espécie humana depende da manutenção do equilíbrio natural das espécies (animais, vegetais, etc.)
Se de um lado, está o saber empírico em relação a natureza, acumulado das populações tradicionais sobre os ciclos naturais, a reprodução e migração da fauna, a influência da lua nas atividades de corte da madeira, da pesca, sobre os sistemas de manejo dos recursos naturais, as proibições do exercício de atividades em certas áreas ou períodos do ano tendo em vista a conservação das espécies. Por outro lado, está o conhecimento científico, oriundo das ciências exatas que não apenas desconhece, mas, frequentemente, despreza o conhecimento tradicionalmente acumulado. Em lugar da etnociência, instala-se o poder da ciência moderna, com seus modelos ecossistêmicos, com a administração “moderna" dos recursos naturais, com a noção de capacidade de suporte baseada em informações científicas (na maioria das vezes, insuficientes).
Seja em um extremo ou outro, pode-se afirmar sem sombra de dúvidas que esses conflitos começam a tomar uma dimensão nacional, havendo afrontamentos cada vez maiores entre necessidades de preservação e conservação das diversidades biológicas que se traduzem no equilíbrio e manutenção das culturas humanas, em suas relações com o meio ambiente, sua interação com a natureza.
E, os conflitos existentes nessa relação, reportam à idéia da importância para a conservação e manutenção da diversidade biológica como sendo um fenômeno recente, causado pelo surgimento, em países do Terceiro Mundo, de um ecologismo diferente daquele dos países industrializados. Esse novo ecologismo que absorve princípios do chamado “novo naturalismo” traduzido em movimentos sociais que propõem o respeito à diversidade cultural como base para a manutenção da diversidade biológica, uma nova aliança entre o homem e a natureza, e a necessidade da participação democrática na gestão dos espaços territoriais preservação ecológica, bem como a visibilidade maior dos moradores de parques,reservas. Há, portanto, uma grande necessidade de se conhecer melhor as relações entre a manutenção da diversidade biológica e a conservação da diversidade cultural. Há, ainda, a necessidade de pesquisar melhor as influências humanas, passadas e presentes nas áreas naturais, os sistemas tradicionais e modernos de manejo e conservação, “as diversas percepções existentes entre as populações tradicionais sobre conservação e uso de recursos naturais, os mitos e crenças que podem facilitar uma real participação das populações locais no planejamento e implantação de áreas naturais protegidas.” E , nesse processo de aprendizagem relacionando conhecimentos empíricos às novas e mais modernas tecnologias, se possa estabelecer critérios e formas profícuas de manutenção do equilíbrio, da proteção da biodiversidade como condição maior da continuidade da existência humana com sua pluralidade cultural, suas vivencias, lendas e mitos, sua relação íntima com a natureza e o meio ambiente.
Obs.: para exemplificar sobre o tema discorrido aqui, isto é: a conservação da diversidade biológica está intimamente relacionada com a manutenção da diversidade das culturas humanas, pode-se citar o que vem acontecendo em relação a algumas pestes e pragas que tem assolado algumas regiões em determinado período. O mosquito da dengue, por exemplo, que no verão reaparece e acomete muita gente, a gripe suína (influenza 1) representam, indiscutivelmente um grupo de males surgidos do desequilíbrio da natureza e que se nos tem imposto uma transformação de conduta, comportamentos e ações que mudam a rotina humana e de certa forma, traz à tona novos conhecimentos e aprendizagens. A aids, doença que segundo informações, fora adquirida dos macacos na África, mudou e tem mudado todo um comportamento sexual e sentimental da humanidade e isso e também cultural, logo está intimamente ligado à diversidade das culturas humanas.

Irene Cristina dos Santos Costa - Nina Costa

Texto reflexivo das lições sobre Ecologia, Sustentabilidade e Cultura - Curso de Especialização em Meio Ambiente -  22/05/2010



 
Nina Costa
Enviado por Nina Costa em 01/02/2012
Reeditado em 23/07/2015
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