RIO+20 - DUAS DÉCADAS DE SUSTENTABILIDADE

Vinte anos depois da Eco-92, novamente o Rio de Janeiro atrai o foco atenção mundial no maior encontro sobre desenvolvimento sustentável do planeta

Pouco se falava sobre desenvolvimento sustentável antes da Eco-92, como ficou conhecida a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada entre os dias 3 e 14 de junho de 1992 no Rio de Janeiro com o objetivo de propor medidas para conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a conservação e proteção dos ecossistemas do planeta. Ou melhor, para se fazer justiça, esse tema começou a ser discutido duas décadas antes, mais precisamente em 1972, na Suécia, durante um evento que ficou conhecido como Conferência de Estocolmo. O que difere os dois congressos, no entanto, é que a Eco-92 – também chamada de Conferência da Cúpula da Terra – contou, além de ambientalistas e dirigentes de entidades não-governamentais, com a maciça presença de chefes de estados e lideranças políticas, deixando claro que o problema – ou a conscientização da preservação ambiental – é inerente a todos e não somente a uma parcela da sociedade. A mobilização pré e pós-congresso foi tão intensa que, durante aquelas duas semanas, até a capital federal se transferiu temporariamente para o Rio de Janeiro e as Forças Armadas foram convocadas para garantir a segurança dos participantes. Na ocasião, algumas importantes decisões foram aprovadas, entre elas a assinatura da chamada Agenda 21, pela qual 179 países se comprometiam a elaborar estratégias voltadas para o desenvolvimento sustentável.

Vinte anos depois o Rio de Janeiro voltou a atrair a atenção mundial, sediando, entre os dias 13 e 22 de julho, um encontro de dimensão estratosférica: a Rio+20 – Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Mas, embora a importância da sustentabilidade esteja cada vez mais presente na consciência humana, os desafios também aumentaram, e em ritmo acelerado; afinal, se há duas décadas a população mundial era de aproximadamente 5,5 bilhões, hoje esse número saltou para 7 bilhões, contingente que depende ainda mais dos recursos naturais para a sobrevivência. Por isso, também, que um dos objetivos da conferência é contribuir para a definição da agenda sustentável para as próximas décadas, amparadas por dois temas fundamentais: a erradicação da pobreza e a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.

“O Futuro que Nós Queremos” – Com roupas típicas, empunhando flechas e entoando cantos tradicionais, cerca de mil indígenas protestaram, durante a Rio+20, em frente à sede do BNDES – Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, contra os investimentos que têm sido realizados no norte do País, especialmente no Rio Xingu, onde está sendo construída a Usina Hidrelétrica de Belo Monte. No MAM – Museu de Arte Moderna, quem ditou o ritmo da passeata rumo ao Largo da Carioca foram as mulheres, criticando a exploração feminina e a economia verde que, segundo elas, segue a lógica capitalista. Ou seja: só tem valor aquilo que pode ser comprado ou vendido. E mais: de forma bastante criativa, em outra manifestação milhares de pessoas percorreram as ruas andando para trás, em protesto contra o retrocesso nas decisões de caráter ambiental. Esses são apenas alguns dos exemplos de protestos ocorridos durante a Rio+20. “O mundo está de olho no Rio. Então, é natural que determinados grupos queiram promover atos”, justificou, na ocasião, o secretário municipal Carlos Osório ao jornal O Estado de S.Paulo.

Protestos a parte, o documento final da conferência, intitulado “O Futuro que Nós Queremos”, foi aprovado com a chancela dos chefes de Estado e publicado nos idiomas oficiais da ONU – Organização das Nações Unidas (chinês, inglês, francês, espanhol, árabe e russo). Nele, são citados os principais problemas que ameaçam a vida no planeta: desertificação, esgotamento dos recursos pesqueiros, contaminação, desmatamento, extinção de milhares de espécies e aquecimento global, considerado um dos principais desafios a serem combatidos. “A Rio+20 é ponto de partida e não ponto de chegada”, sintetizou a presidente Dilma Rousseff, ciente que, mesmo com certos questionamentos e contrariedades, todos procuraram fazer o melhor possível para se chegar a um consenso. “A partir desse momento, as nações devem avançar. Ninguém pode ficar aquém, todos devem e podem ir além dessa posição. Isso significa que a próxima conferência tem que dar um passo à frente”, disse. Quanto às críticas oriundas por parte da sociedade civil, que acompanhou incisivamente tudo o que acontecia durante a conferência, a presidente encara com naturalidade. “Eu vejo essa reação com normalidade. As ONGs podem fazer um documento delas, e nós construiremos um espaço para escutá-las”, conclui.

Energia sustentável para todos – Em pleno século 21, algumas estatísticas ainda são alarmantes: atualmente 1/5 da população mundial não tem acesso à energia elétrica, sendo que o dobro desse número – algo em torno de 3 bilhões de pessoas – depende de fontes primitivas de energia como o carvão mineral. Por isso, principalmente, que a ONU declarou 2012 o Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos. No entanto, para atingir as metas propostas pela entidade até 2030 – assegurar o acesso universal a serviços energéticos modernos, dobrar a taxa de crescimento da eficiência energética – é importante a participação de grandes empresas e organizações em todo o mundo. “A Rio+20 oferece uma tremenda chance de expandir as oportunidades econômicas, fortalecer a igualdade e proteger o meio ambiente. Mas, para se obter o máximo benefício desse momento, precisamos de investidores globais com visão de longo prazo que invistam na prosperidade sustentável”, defende o secretário-geral Ban Ki-moon.

Despertar e promover a conscientização ambiental e o desenvolvimento sustentável é, também, uma das preocupações da FENTEC – Federação Nacional dos Técnicos Industriais, constantemente envolvida com projetos, eventos e ações de caráter trabalhista, econômico e social. Em maio de 2011, com o Congresso Internacional “O Movimento Sindical e as Mudanças Climáticas” a entidade reuniu, em São Paulo, dezenas de líderes sindicais, professores, políticos e especialistas em meio ambiente. E, em 2012, o XI CONSIG – Congresso de Sindicalismo Global: Educação Profissional e Responsabilidade Socioambiental (ver matéria na página 32), a ser realizado no mês de setembro, também na capital paulista, tem tudo para repetir o sucesso do ano passado.

No centro das discussões da Rio+20

Para que funcione na prática e não se torne “insustentável”, o conceito de desenvolvimento sustentável deve estar amparado por três pilares: social, econômico e ambiental.

Dez temas estiveram no foco das atenções durante a Rio+20:

1 – Economia Verde

2 – Água

3 – Agricultura

4 – Energia

5 – Clima

6 – Biodiversidade

7 – Oceano

8 – Pobreza

9 – Povos Tradicionais

10 – Cidades

Fonte: Revista da FENTEC - Edição 36

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José Donizetti Morbidelli
Enviado por José Donizetti Morbidelli em 02/10/2012
Reeditado em 03/10/2012
Código do texto: T3912086
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