Estados Unidos, Grecia, Portugal, Espanha, Hungria, Alemanha, para não citar crises anteriores ( Japão, Tigres Asiáticos), mostram agora, aberta e publicamente, a falência, até então apenas conjecturada, do atual modelo econômico. Se antes vistas como crises sazionais, regionalizadas, estereotipadas, cuja culpa recaía, de modo escondido e velado, apenas sobre a má administração e à instabilidade monetária dos países periféricos e mal resolvidos dentro de suas fronteiras colonizadas, a crise agora estoura sua bolha no âmago do Centro dominante e falsas desculpas não mais camuflam a ruptura do atual modelo de capitalismo financeiro mundial.

Verdade é que agora não é só o nosso bolso subdesenvolvido que se esvazia.Os todos poderosos também se vêem, desta vez, com as moedas desvalorizadas, aumentos de impostos, diminuição de salários e empregos, greves, revoltas...

Se, por um lado, esse quadro irremediavelmente também nos atingirá ( seja em tsunamis ou marolas), a realidade é que a parafernalha da camuflagem foi desarmada. A verdade que finalmente sobrou é só uma: o modelo, que sempre foi insustentável para todos, faliu, provou que não funciona, e que nunca funcionou. Enquanto as populações gritam por motivo de fome, desemprego, falta de moradia, falta de perspectiva, a diferença é que agora os governos e banqueiros gritam junto conosco!!! Caíram do pedestal. Perdem, amarguram, precisam aprender com os povos que antes tanto desprezavam... Que sejam bem-vindos às nossas mazelas econômicas, quer estejam de mãos dadas conosco ou quer perdurem na arrogância de seu perdido poderio. De qualquer maneira, que sejam bem-vindos ao fracasso que eles mesmos auto-geraram ao buscarem o lucro unilateral dsegovernado,e ao cultuarem a alienação total e o descaso com que se desconectavam da realidade social.

A questão primordial que se descortina de vez agora é quem conduzirá o caos econômico globalizado deste início de milênio. Cabe ao Estado interferir com rigor nas diretrizes econômicas? Cabe aos reais detentores dos mercados ( banqueiros, altos investidores) reconhecerem o limite de sua ganância e descer do trono dos lucros fáceis? Cabe às economias locais periféricas, subdesenvolvidas, buscarem suas próprias saídas, soluções, expreriências já adquiridas( que nos diga a Argentina)? Ou cabe-nos ainda mais uma vez abaixar a cabeça e esperar como colonos que o Império do Norte continue, como antes, a ditar as medidas de gestão e o padrão de comportamento econômico a ser fielmente obedecido? Como país, vamos agora ser independentes ou vamos perpetuar a velha colônia ? E não venham me dizer que agora estamos por cima porque emprestamos dinheiro ao FMI! Mentira,apenas continuamos a entregar aos poderosos, de mão beijada, o que produzimos com nossos esforços, enquanto nossa população continua sem educação, saúde, moradia, infra-estrutura, etc... Apenas mudou-se a nomenclatura, ou seja, a camuflagem: não pedimos emprestado, damos.

O que é realmente importante de se apreender nesse instante é que não estamos mais apenas diante de uma crise politico-econômica anunciada. Estamos diante da crise mais profunda que atinge a moral, a ética, a identidade nacional, pessoal, mundial e humanitária!

Urge a indicação de novos rumos, novos padrões, novas definições.Urge uma capacidade de atuação macroeconômica eficaz, coerente e realística, voltada à moderação da função e uso do capital na sociedade como um todo e para todos os seus pertencentes. Principalmente, que papel teremos agora no contexto global, traremos propostas independentes ou aguardaremos, como sempre, os ditames centrais? É hora de saber realmente quem somos!!!!


Carmem Teresa Elias
Enviado por Carmem Teresa Elias em 05/07/2010
Código do texto: T2359845
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