CUIDADO COM O CRÉDITO FÁCIL

Desde que o aumento das vendas é o mais importante elemento que tem valor no mundo capitalista, tem-se verificado, nos últimos tempos, um grande estímulo às vendas a prazo, onde as prestações são cada vez mais pequenas e o prazo é sempre mais alongado.

À toda hora somos bombardeados por inúmeras propagandas nos oferecendo produtos com prestações altamente sedutoras, sem falar dos créditos que os cartões e instituições bancárias nos oferecem a todo momento, principalmente os empréstimos em consignação nas folhas de pagamentos.

Antes de se deixar seduzir pelas ofertas, o consumidor não pode perder de vista o contrôle e o planejamento do orçamento doméstico, de modo a evitar o superendividamento que acaba sendo, juntamente com o desemprego, um dos principais motivos da inadimplência e da consequente negativação de nomes "sujos" junto aos órgãos de proteção de créditos, como Serasa e SPC.

Embora as autoridades monetárias afirmem que o quadro atual é de expansão moderada do crédito e de estabilidade do quadro de inadimplência, a verdade é que todo cuidado é pouco na hora de fazer as compras.

Os especialistas no assunto vem orientando no sentido de que, antes de comprar, é preciso verificar se a prestação cabe no orçamento doméstico. O Idec - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, nos dá interessantes dicas, alertando os consumidores para não deixar que as parcelas dos empréstimos ultrapassem 30% da renda mensal familiar, sob pena de o consumidor vir a ter dificuldades em arcar com as despesas básicas do dia a dia. Uma outra coisa, que na hora de comprar devemos nos lembrar de que o valor das prestações não deve se basear no valor do salário, mas no que sobra depois do pagamento de todas as contas do mês. É imperioso - lembra o Idec - diminuir gastos desnecessários e ter contrôle absoluto do nosso dinheiro,e, bem assim, a fugir de créditos caros como o cheque especial ou cartão de crédito. Em relação a este último, a recomendação é para que o pagamento da fatura seja sempre integral, vez que os juros cobrados no parcelamento da fatura são uns dos mais altos do mercado.

Apesar do recuo das taxas de juros, verdade é que eles continuam ainda altos. Na realidade, o país vive um momento de perspectiva de juros altos, segundo se infere da Ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM), divulgada quinta-feira (06/06) pelo Banco do Brasil, sinalizando essa tendência de aumento dos juros e, bem assim, que haverá moderação na expansão do crédito porque a prioridade, segundo dizem os analista econômicos, é controlar a inflação.

Por outro lado, levantamento feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), mostra que muitos idosos estão se endividando justamente por causa do crédito fácil, com desconto em folha de pagamento ( in Jornal Hoje, edição de 30/05/2013).

A par dos idosos, deve ser também grande o número de empréstimos em consignação junto ao quadro dos servidores públicos em geral, sobretudo, pela sua facilidade de contrair esse tipo de empréstimo somado à taxa de juros que é bem inferior aos demais.

Dentro desse contexto, bastante oportuna é a opinião de Cristina Rafael Martinussi, Assessora Técnica do Procon-SP, ao recomendar que o consumidor deve manter ainda cautela e os empréstimos só devem ser tomados em caso de necessidade, para que não se transformem em armadilha para quem já está com o orçamento comprometido. Para ela, a contratação de um empréstimo somente deverá ocorrer em caso absolutamente necessário, sendo imperioso analisar as diversas alternativas de crédito disponíveis, priorizando a liquidação das dívidas (in G1-Economia-Seu Dinheiro, de 08/05/2013).

Comprar é sempre bom. Mas, é preciso saber comprar, evitando as compras desnecessárias e inúteis que só servem para desequilibrar o orçamento doméstico, levando à inadimplência e ao superendividamento.

O cartão de crédito pode ser uma benção, mas pode também ser uma ruína se usado sem critério e planejamento.

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