Analfabetismo Biblico
ANALFABETISMO BIBLICO
Os tempos atuais conclamam uma vasta revolução tecnocientifica dos meios de comunicação. O processo de globalização fez com que as informações sejam transmitidas entre segundos, estamos assistindo o resultado comunicacional da descoberta da Microsoft. Sendo assim, cada vez mais se exigi capacitação profissional e grande habilidade do homem contemporâneo.
A exigibilidade da formação profissional levou a sociedade atual ao chamado analfabetismo contemporâneo ou como alguns preferem chamar de analfabetismo tecnológico que consiste em três aspectos: uma pessoa que não tem curso superior; uma pessoa que não domina uma língua estrangeira e uma pessoa que desconhece o mundo da informática. Hoje, esses são os requisitos básicos para aplicação do principio da eficiência no mercado profissional.
Essa sociedade informacional favoreceu o expansionismo do mercado do sagrado – favorecendo a tradução da sagrada escritura para milhares de línguas, sendo o livro mais lido e divulgado do mundo, nunca em todo História se leu tanto a sagrada escritura, mas também nunca se viu tantas aberrações bíblicas como nos dias atuais. O que aparentava ser novidade para divulgação do evangelho com a “sola fidei” e “sola scripturae” de Lutero acabou se transformando numa “torre de babel”, alimentando um forte fundamentalismo que levou a proliferação de religiões que invocam sem cessar a bíblia, mas desconhecem seu conteúdo.
Tudo isso fez emergir o analfabetismo bíblico que defende pseudas interpretações pessoais que justificam meras “puxas de brasas para minha sardinha”. Talvez o catolicismo tenha a sua parcela de culpa, pois a Igreja tinha medo que a bíblia caísse em mãos erradas, esse modo de pensar levou com que evangelização nos continentes fosse sem a presença da bíblia, apenas com o catecismo e a doutrina. Além do mais, na tradição ocidental se usou a bíblia para afirmações absurdas e hoje muitas instituições religiosas continuam usando com essa mesma finalidade. O advento da exegese cientifica revolucionou a interpretação da sagrada escritura, foi incentivada, sobretudo com a publicação da encíclica Divino Afflante Spiritu de Pio XII de 1943.
Sabe-se que no Brasil, a partir dos anos 60 surgiu a leitura popular da bíblia – que se espalhou pelas inúmeras comunidades eclesiais de base, a fidelidade com que o povo começa a praticar a palavra incomoda e provoca conflitos. A preocupação principal do povo não é interpretar a bíblia, mas interpretar a vida com ajuda da bíblia. Já lembra documento Dei Verbum n 24 que a bíblia é a alma da Sagrada Teologia , bem como do ministério da palavra, a saber a pregação pastoral, a catequese e toda instrução cristã, especialmente a homilia litúrgica. Em outras palavras mostra que a bíblia é a fonte e a alma da fé como afirma a Gaudium et Spes n 44 é uma nova forma de fazer teologia . A partir do Concilio ficou claro que a teologia é uma reflexão de fé e se faz a partir da bíblia e da realidade, com um pé na bíblia e outro na vida do povo, concretamente situado num tempo e lugar.
No ano passado, um Sínodo dos bispos em Roma com o tema: “a palavra de Deus na vida e missão da igreja” se constatou que a maioria do povo ignora as escrituras, em muitas partes do mundo o preço da bíblia é muito caro, nas famílias pouco se fala da palavra, ainda se tem medo de colocar a bíblia nas mãos do povo, a precariedade de algumas homilias sem o mínimo de conteúdo bíblico. Os bispos concluíram que é preciso criar um “coração bíblico”, incentivar os grupos e círculos bíblicos, sobretudo, privilegiou-se a leitura orante da bíblia (Lectio Divino).
Em meio a luzes e sombras peçamos a Deus a autêntica leitura cristã da Sagrada Escritura que passa pela revelação de seu filho Jesus Cristo. Assim possamos exclamar como São Jerônimo “Ignorantia Sriturae ignorantia Christo est”.