A Devida Recompensa

Quando passamos a compreender que tudo neste mundo possui o seu devido preço; que nada do que almejamos surgirá em nossas vidas enquanto não fizermos a nossa parte, estaremos então preparados para a devida paga. Quando compareceu Jesus Cristo à frente o túmulo de Lázaro, disse, antes de tudo: “Lázaro não está morto, apenas dorme. Irei ressuscitá-lo; ergam a tampa do túmulo". Poderia o mestre, se assim o desejasse, fazer com que o empecilho voasse pelos ares, deixando à vista o corpo de Lázaro. Mas, ele sabia que isto era tarefa humana, perfeitamente factível. A cena bíblica deixa no ar uma verdade eternamente imutável, a de que: só colheremos o fruto se plantarmos devidamente a semente. Quantas vezes, se pararmos para analisar o nosso comportamento, não desejamos para nós um retorno colocado bem acima da nossa dedicação? O dar para receber está contido nas vinte e quatro horas de um dia; partindo do ato de respirar em que precisamos esvaziar totalmente os pulmões para receber o ar fresco, indo aos maiores sentimentos de uma existência, dentre eles, a conquista, a manutenção e o ápice de um grande amor, o que não é outra coisa além da doação desinteressada de toda uma vida.

Amar é doar-se por completo e, quando nos dedicamos de corpo e alma a uma tarefa, os resultados não tardam em aparecer. Penso que a diferença básica entre o sucesso e o fracasso encontra-se no entusiasmo. Esse entusiasmo, ao contrário do que comumente se pensa, não é o propulsor de uma tarefa, mas, antes, a chama que nos mantém a ela presos, visando a sua finalização. Em outras palavras, não precisamos dele para iniciar algo, mas dele dependemos a fim de não pararmos no meio de caminho. E o entusiasmo não se cultiva; surge por nossa vontade, é uma questão de iniciativa. Creio que todos já experimentaram esta sensação. Às vezes, queremos executar determinada tarefa, mas, pensamos, de antemão, que será trabalhosa e que seria melhor se nos dedicássemos a algo mais agradável; é onde entra em cena a procrastinação. Se nesse exato momento, em que somos atacados por este pensamento, não lhe dermos atenção e iniciarmos, mesmo sem vontade, o que temos pela frente e precisa ser feito, teremos ultrapassado uma fase crucial ao nosso desenvolvimento. Sentiremos que, após alguns momentos, imbuídos em nossa missão, o entusiasmo começa, aos poucos, a tomar conta de nossa ação e não vemos o tempo passar. O que era maçante torna-se agradável e automático, a produção aparece, o que faz aumentar o entusiasmo, muitas vezes, ao ponto do arrebatamento; é assim que surgem as grandes obras.

Nosso corpo foi feito para a atividade, mas gosta de descansar, vendo coisas bonitas e comendo coisas gostosas; vencer na vida é dominar essas fraquezas. Se compreendermos que somos espíritos, dotados de vida infinita e capacidade infinita e partirmos para a ação, ficaremos surpresos com os resultados. Ser medíocre na vida não leva à outra coisa que não à propensão a doenças, infelicidades e morte prematura. Quão grande é a felicidade que sentimos ao contemplarmos uma realização que partiu do nosso próprio esforço! Só quem vivenciou os momentos duros, que exigiram, às vezes, sacrifícios – embora não sejam estes necessários ao sucesso – é que poderá, no final, usufruir a alegria de ver que tudo valeu a pena. A vida é um eterno fazer; o que é a genialidade se não a labuta incessante? O talento desenvolvido, exteriorizado em forma de obras é que faz do homem comum o gênio. Se pudéssemos passar um dia inteiro acompanhando as ações de qualquer um dos grandes homens da história, entenderíamos porque alcançaram tal posição. Não é que trabalhassem ininterruptamentem, sem darem a si próprios ou aos seus, momentos de laser e descontração. Possuíam, contudo, uma meta, uma determinação inabalável. Sabiam perfeitamente o que estavam buscando e não desistiam de tentar enquanto não alcançassem os seus objetivos. O vitorioso é o que tem dentro de si a chama que não se apaga, pois vai levá-lo ao sucesso. Viver é travar diálogo contínuo e silencioso com o nosso interior. Mas, que seja este diálogo não uma batalha, onde um sai ganhando e o outro perde e sim uma reconciliação de sentimentos. Quando atendermos ao chamado interno que nos incita à ação, ao verdadeiro empreendimento, poderemos aí, nos sentir seguros de que nossos objetivos serão alcançados, pois que são esses o resultado do constante perseverar.

Que não pensemos, todavia, que o sucesso é apenas consequência do trabalho incessante e frenético; prova disto são os que trabalham mais do que 12 horas por dia e não conseguem sair da pobreza. Há um conjunto de fatores que, conjugados, levam ao sucesso e, no topo deles está, sem dúvida, o cultivo de uma meta de vida, de um propósito definido e o que faremos, exatamente, para chegar lá. Ao perguntarmos a uma pessoa o que quer da vida, geralmente surgem respostas como a realização de um sonho qualquer; muitas vezes não passam de desejos vagos, quase impossíveis de serem realizados, na concepção de quem os expõe. Percebe-se que a pessoa não conta com aquilo; seria como um prêmio de loteria, uma sorte, algo caído dos céus; está longe de compreender o que seja alcançar uma meta. Mesmo que se diga: quero ser isto ou aquilo, quero alcançar isto ou aquilo na vida, ainda assim é vaga esta formulação. Isto porque vem isenta de um traçado, de um plano e, principalmente, de uma data pré-estabelecida.

Quem não quer ser uma grande advogado, um médico de sucesso ou um ator famoso? Não estou dizendo que todos querem ser essas coisas, mas que todos querem, em suma, ser um sucesso na vida e este, não importa a área escolhida, só vem mediante a formulação – por escrito, isto é muito importante – de um plano e um roteiro com as medidas a serem tomadas e uma data pré-fixada para a consecução da meta. Voltando ao início deste artigo, não adianta desejarmos as coisas se não fizermos, na mesma medida – e isto também é muito importante, na mesma medida – a nossa parte. Por que é que estão os presídios lotados a exaustão de seres que se perderam na vida? Veremos que todos, sem exceção, desejaram obter de graça aquilo que custou o esforço, a dedicação e a boa vontade de um irmão. Então, nada mais justo que ele pague com a perda da liberdade, até que o tempo o faça refletir no que vinha praticando e querer – é preciso querer – mudar as ações de vida. Neste ponto, cabe às autoridades competentes um grande esforço no sentido de tentar recuperar o cidadão, dando a este condições adequadas para isso, a fim de que saia uma pessoa diferente daquela que entrou; isto é possível, como provam as leis e diretrizes de alguns paises desenvolvidos, mas aí já é outra história.

Nunca é demais nos voltarmos aos exemplos da natureza quando o assunto é a melhora e o enriquecimento do ser humano. A natureza é a prova incontestável da força do amor; o amor exemplificado na ordem, na harmonia e no equilíbrio. As estações do ano, os dias e as noites, o sol e a chuva, tudo é o amor de Deus em forma de perfeição a querer nos ensinar como devemos viver nossas vidas. O que fazem os moradores de uma casa? Cuidam dela em todos os sentidos, limpando-a, arejando-a, impedindo que se acumulem o lixo e a poeira. Se não for feito esse esforço, não poderemos usufruir o bem estar de ali conviver e reinará a desarmonia. Assim precisa ser a maneira de receber e usufruir as bênçãos de Deus; muitos sequer n’Ele acreditam, acham que tudo está aqui por um mero acaso e podemos fazer o que bem entendermos com o que Ele nos proporcionou. Se não plantarmos não teremos o que semear; da mesma forma, se não valorizarmos o que é nosso, cuidando e amando o planeta, pensando nas gerações futuras, todos sofreremos as consequências.

Quanto aos resultados pessoais, estão todos embasados nesta mesma filosofia da natureza: semear o que é bom para colher o correspondente. Cuidar para não plantar limões e querer colher uvas. É tudo muito simples quando colocamos em palavras, mas é difícil, às vezes, praticar porque vivemos rodeados de tentações; o que é delicioso, o que é prazer da carne, satisfação sensorial vive a nos solicitar atenção. Viver é dizer não àquilo que, no íntimo, gostaríamos de estar aderindo com todas as nossas forças, mas é uma questão de treino. Se é fácil ou não vai depender do fortalecimento interior que vem sendo cultivado com bons pensamentos e boas práticas. Se pensarmos qual seria para nós a consequência daquilo que fazemos ou pensamos em fazer ao outro, já teremos aí um freio as nossas ações impensadas. Não custa tentar, toda prática parte primeiro do pensamento e é este que precisamos dominar em primeiro lugar. Por isso, já existe aquele ditado da mente vazia. Então a vida é feita de atos, atos bons e que trazem satisfação interior de estarmos crescendo e uma felicidade que a nada se compara quando apreciamos a obra concluída. Assim, virão as recompensas no tempo certo e não sobrará tempo nem vontade sequer de pensar em cometer atos indignos de um Filho de Deus.

Professor Edgard Santos
Enviado por Professor Edgard Santos em 29/07/2010
Reeditado em 29/07/2010
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