COMO APRENDER SENDO HUMILDE

Entre as principais virtudes, a humildade é a mais necessária para aprendizagem. A humildade aparece como ousia do aprendizado, como fator determinante. A prepotência, a vaidade e a soberba nos afastam eminentemente do verdadeiro aprendizado.

O egoísta, o soberbo, o prepotente podem ter a maior capacidade cognitiva para aprender, mas os ecos na hora de transmitirem o que aprenderem não terá a mesma eficácia se fossem humildes. Muitas coisas se vem escrevendo nestes últimos anos sobre a aprendizagem, mas numa perspectiva racionalista que deixa um vácuo no saber, ou seja, um saber totalmente sem humildade. O mundo cresce em um aprendizado técnico cientifico não levando a humildade como matriz basilar do aprendizado como era no passado. Em vista disso, o saber se afasta cada vez mais da humildade. Como estudante, já tive inúmeros professores excelentes no domínio do saber. Mas a falta de humildade tirava lhes todos os méritos. Por isso, posso até está errado mas apenas “tiro o chapéu” para os professores fenomenais, isto é, aqueles que sabem juntar o saber à humildade.

Talvez isso aconteça, devido alguns pessoas nascerem humilde, mas prefiro concordar que a humildade não se compra e nem se vende, mas se adquire no dia-dia, eis o motivo de o maior sábio ser aquele que busca humildade na sabedoria. Deve-se considerar alguns aspectos que ajude o sábio no aprimoramento do estudo com humildade.

São três aspectos:

Primeiro o estudante não deve ter como banal nenhuma ciência e nenhuma escritura.

Segundo que não se envergonhe de aprender com o outro.

Terceiro que quando tiver alcançado a ciência seja sempre coerente com os demais, isso expressa uma forte premissa do Apostolo Paulo que diz: “ominia legentes, quae bona sunt tenentes”. Cujo significa que “toda escritura boa devemos aprendê-la”. Isso demonstra que o verdadeiro douto é aquele que busca a ciência, quando este a alcança deve saber o bastante para saber que nada sabe.

Não é por menos que Sócrates o pai da Filosofia costumava dizer “só sei que nada sei”.

Ademais, ao instruído lhes são necessários: a natureza, o exercício e a disciplina.

A natureza é o que se percebe, isto é, o que foi ouvido e firmemente retenha o percebido.

O exercício consiste naquilo que é cultivado, seu potencial natural pelo trabalho e estudo, sendo sempre diligente.

A disciplina consiste em viver sempre louvando e aprendendo, pois a vida é uma eterna busca (componha os costumes com a ciência). É nesse sentido, que em uma perspectiva hebraica, a sabedoria significa saborear sempre a vida.

Além disso, o estudante tem que primar pelo engenho e pela memória. A memória implica na firmíssima percepção das coisas e dos significados por parte da alma e da mente.

Já o engenho consiste em certo vigor naturalmente existente na alma, importante em si mesma. O telos (finalidade) do engenho é encontrar, enquanto o telos da memória é guardar. Cabe ainda ao estudante a leitura e a meditação, estas exercitam o engenho.

A leitura aqui, é vista como uma investigação dos sentidos por uma alma disciplinada. Enquanto a meditação aparece como auxílio à leitura, essa investiga prudentemente a causa e a origem, o modo e a utilidade de cada coisa.

Além do mais, devemos confiar à memória aquilo que aprendemos, ou seja, a memória custodia reconhecendo as coisas que o engenho investiga e encontra. Também cabe destacar as três divisões da alma racional: o pensamento, a meditação e a contemplação.

O pensamento é o que vemos, percebemos e sentimos.

A meditação é a percepção, sempre das coisas ocultas a nossa inteligência.

A contemplação se dar nas coisas que segundo a sua natureza, ou segundo a nossa capacidade de manifestação.

Também é importante ao estudante a exposição que aparece como letra, sentido ou sentenças, essas são essenciais à visão de mundo (o cosmo). É importante também saber que existe o gênero das vaidades.

Portanto, cabem aos estudantes as obrigações da eloqüência que pode transparecer muito bem nesta frase de Santo Agostinho “será eloqüente aquele que puder dizer ao pequeno com humildade. O moderado com moderação, o grande com elevação”.

Sendo assim, Santo Agostinho quer dizer que o Douto é aquele que sabe ser congruente para os pequeninos dos pequeninos (microi). No entanto, filosoficamente falando, a nossa essência consiste em sermos idênticos no ser e diferentes no modo.

Marcio dos Santos Rabelo
Enviado por Marcio dos Santos Rabelo em 24/08/2010
Código do texto: T2455738
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.