Outras Coisas Que Você Quer Saber Sobre Sexo Mas Tem Medo de Perguntar

Fico pensando na produção de fantasias a explicações metafóricas que, de outro modo, seriam impróprias para menores sobre o que é, para que serve e como se faz sexo, basicamente um excessivamente prazeroso exercício à reprodução das espécies (sendo o excesso sempre essencialmente o vilão, o lado mau de qualquer coisa).

Então lembro aquele conto da abelha a levar pólen para outras flores a fecundá-las como mais apropriada explicação infantil sobre como nascemos.

Na escola, depois de brincadeiras e bolinadas entre meninos e meninas nos jardins da infância (fora outras entre meninos e meninos e meninas e meninas), ficamos sabendo finalmente o que são os “pênis” e as “vaginas”, os quais, segundo interpretações eclesiásticas aprendidas na Igreja, nada mais são que resultados das investidas do mal nas divinas feituras do mundo; diaburas do ontológico malfeitor que tornara então a ordem para que crescêssemos e nos multiplicássemos expressão da mais pura sacanagem.

Fundamentais expressões do mal, considerado razão do “pecado original” por muitos intérpretes da Bíblia, pênis e vaginas foram (e ainda são) algo sujo (mesmo porque às vezes estão muito sujos mesmo). E sempre mais sujos quanto mais desejados, talvez também porque os órgãos sexuais foram alojados próximos dos intestinos, aparelhos que retém em nossos corpos impurezas às vezes por tempo superior ao necessário, principalmente na barriga daquelas pessoas que sofrem violentas prisões de ventre, entre as quais as mulheres parecem principais vítimas – e mais quando na condição de manequins e modelos, às quais parece antinatural defecar – embora sejam muitas as anorexias que as fazem crer natural que o que ingerem como alimento tenha que ser vomitado a torná-las fortes candidatas aos mais belos esqueletos.

Filosoficamente, ontológica e até um tanto ilogicamente, portanto, admitamos que os próprios órgãos sexuais, incluindo os anus, as mãos e as bocas, são “instrumentos do Mal”.

Malgrado o mundo ser um lugar onde feras começaram literalmente devorando feras (como ainda hoje fazem à mera impulsiva manutenção da sobrevivência eterna de um cosmos provavelmente surgido de uma big-ejaculação, ao que parece, sempre um tanto precoce), enquanto Se multiplica por cópulas em gerações, a Vida inventa-nos a nos utilizar como meios para Se sentir e Se assombrar com toda potência ou, por outro lado, com toda eventual falta de potência de Si mesma.

Explorando o assunto que mais estimula o interesse e a inteligência das pessoas – qual seja: sexo, sexo e mais sexo – num espetáculo cheio de magia e emoções, o mímico carioca Sergio Bustamante assume o papel de Deus moldando o primeiro “homem” a revelar-nos, de repente, não estar o Criador a moldar-lhe o pênis, como nos parece – que não poderá absolutamente ser maior do que o Dele mesmo – mas formar-lhe o narigão por onde, em sopros, Ele Se instalaria à animação de seu boneco de barro.

Entre as muitas piadas que debocham de certas condições de vidas (muitas vezes mais ajudado a denegrir imagens de sogras chatas, secretárias prostitutas, deficientes, negros, religiosos e homossexuais – entre muitas e muitas outras piadas que, a despeito de estimular perversidades, tornam tão necessariamente cômicas as tragédias de nossas vidas), os momentos ridículos daqueles que vivem aventuras sexuais são temas preferidos da maioria dos piadistas. Nada como ouvir, por exemplo, aquela do cara casado a vinte e tantos anos que, indagado por um amigo se ainda trepava com sua mulher, respondeu:

“Claro que sim”.

“Mas é por amor ou por interesse?” – pergunta-lhe o outro.

“Por amor”, responde o maridão, depois de pensar um pouco. “Mas pense num desinteresse!”.

Além de ter a função de nos fazer rir, a piada revela a situação verídica da maioria dos homens (e das mulheres) casados há muito tempo. Porque, maldita verdade, homens casados, mais que solteiros, desejam “possuir” mulheres diferentes todos os dias – e, para alguns, quanto mais velhos, maior o desejo, porque menores as possibilidades de realizá-lo; e quase sempre mais por interesses do que por amor, o que não significa necessariamente que os tais vão dedicar às mulheres a mesma atenção que certos tarados dedicam a uma melancia.

E quanto àquela outra piada da bicha, que vem com uma amiga, leva um tombo e cai de quatro no meio da rua? “Ô, mulher!” – interpela a amiga, tentando ajudá-la a se recompor: “Doeu?”

“Não”, diz a outra ainda no chão. “Já que estou de quatro, deixa que eu mesma dou”.

Falando sério – se é que isso é possível – já desde muito antes desse início de século não são mais os “bons” exemplos dos pais e mães, das igrejas ou das escolas que definem o nível moral humanista das ações dos cidadãos de uma comunidade desde a infância, embora muito ainda influenciem a formação dos jovens. O que educa a juventude hoje em dia são as formas como agora, de fato, vivemos a (socorro!) definir o que a Escola deve considerar “valioso” apreender as novas gerações – mesmo que, de fato, esteja buscando apenas garantir subvivências e a Vida pareça às vezes não ter sentido nenhum ou, muito pior, uma confusa multiplicidade deles.

Mas, voltando ao nosso tema principal, hoje em dia, sobre os tipos de gêneros de sexos existentes, por exemplo, descobri que há mais de onze variações! Elas vão desde as praticadas naturalmente, entre heterossexuais adeptos do sexo tântrico, àqueles que gostam de “comer” pepinos, cenouras e até maçãs, entre outras coisas, por onde as preguiças bebem água!

Num capítulo do ridículo programa televisivo tragicômico Casseta e Planeta, um casal a espera de um bebê mostra aos amigos a foto ultra-sônica do feto em formação. “Qual o sexo da criança?”, pergunta uma amiga da mãe, buscando ver a genitália do feto. “Ah”, diz outro convidado a ver a ultra-sonografia: “Isso ele vai resolver quando crescer”.

No filme O homem bicentenário, o ator norte americano Robin Williams vive as alegrias de um robô que, a partir de certos impulsos a interesses e motivações pré-humanas, que inusitadamente se desenvolvem em seu cérebro “positrônico”, conquistando o direito de receber uma fortuna de seus donos pelo reconhecimento de seu trabalho ao longo de seus dois séculos de existência, investe no talento de um inovador cientista à feitura de uma artificial estrutura biológica que projeta, acreditando que a tal promoverá sua tão desejada inclusão entre aqueles munidos de um sistema nervoso central (e bota nervoso nisto!) e, principalmente, munido com um pênis. Pois, sabe depois o robô, através dele, os seres humanos machos experimentam aquilo que se conhece por “orgasmo”, sensação que, segundo dizem, “fundindo corpos, espíritos e substanciando o amor entre eles”, o humano-robô – mais humano do que muitos de nós – anda doido pra também experimentar.

Assim, desde muito antes de inventarmos o telescópio e da descoberta dos buracos-negros, desde pequenos gostamos de vasculhar prazerosamente o interior de um buraco-cor-de-rosa-choque, de preferência daqueles bem molhados, capazes de sutilmente expelir os aromas que, intensificados pela arte da perfumaria, estimularão nossa atração quase incontrolável à participação inconsciente na inútil geração de novas formas pré-humanas da Vida.

Sim: “inconsciente”, disse eu. Porque, excluindo-se as mulheres (uma vez que a esmagadora maioria delas deve querer ter filhos e filhas), pergunte a maioria dos homens se, quando se extasiam diante da imagem de uma bunda feminina, ou melhor, de uma mulher atraente, pensam nela grávida. E menos ainda a espera de um filho deles – embora haja aqueles que gostam de dar umas com mulheres grávidas, entre outros que, malgrado os belos animais fêmeos de nossa espécie, preferem “comer” porcas, cabras, vacas e galinhas, entre outros bichos.

Sobre a tara de zoofilos, uma piada conta que três homens então perdidos no deserto do Saara. Ao passar por eles um camelo fêmea, um deles disse: “Ah, se fosse a Malu Mader...”.

“Ah, se fosse a Cláudia Raia...”, diz o segundo.

“Ah, se fosse mais baixa”, deseja o terceiro, o zoofilo, a nos dizer da quase incontrolável necessidade masculina de fazer sexo, seja com quem ou com o que for. E não adiantam às mulheres dizerem que tem tanta fome de sexo quanto os homens a justificar suas atitudes de represália à "libertinagem" sexual masculina. Porque, depois que ficam grávidas, elas tem natural e providencialmente diminuído o desejo sexual, enquanto geram no útero um, dois, três, quatro, cinco ou até milagrosamente seis filhos por ano.

Quanto a nós, a despeito de amar as mulheres com as quais nos casamos, nosso desejo sexual tende a nos fazer continuar a procurar satisfazer impulsos naturais de procriação, impulso mais grosseiramente reconhecido entre as mulheres como “tara”, buscando novas xoxotas (e, às vezes, novas demais) onde enfiar nossos paus a realizar o desejo da Natureza de nos fazer gerar, no mínimo, nossos 1.095 filhos anuais. E isso se os espermatozóides não forem capazes de penetrar em grupos nos óvulos femininos, gerados apenas uma vez por mês nas entranhas das fêmeas, enquanto, em nossos testículos, são armazenados diariamente mais de 500 milhões de seres "humanos" em potencial.

Apesar de, no auge de nossa potência sexual, sermos capazes de ejacular muitas vezes por dia, foi inevitável buscar formas de represar tal necessidade. Porque, se conseguíssemos nos meter em três ou mais mulheres por dia em período fértil, então, haja milhões de dólares em nossas contas bancárias ao pagamento de tantas e tantas pensões alimentícias pelos milhares de nossos filhos gerados.

Eis o pronto G da razão de toda repressão sexual sofrida pelos homens e pelas mulheres do mundo, principalmente a contenção de aperreios financeiros.

Depois que criamos tradições, famílias e propriedades, o dinheiro está para nossas contas bancárias como o clitóris está para a xoxota – embora eventualmente tenha o dinheiro às vezes a mesma função de proporcionar “prazer” àqueles que fazem questão de tomar no cú, seja por terem sido compulsoriamente convidados a casar com a mulher que involuntariamente engravidaram, seja porque gostam de tomar no cú mesmo.

Mesmo com todo poder sexual reinante, enfim, tornou-se complicado dilema filosófico saber se o dinheiro é o centro nervoso do mundo ou se, pelo contrário, é o sexo. Mas, independente do ditado que reza “querer é poder”, há aqueles que o têm sem nem mesmo tê-lo querido.

O fato, porém, é que a esmagadora maioria quer poder ter mais dinheiro para ter mais sexo – e que também o contrário é verdade. Dessa forma, quando não exercitamos o sexo tanto quanto (e com quem) desejamos – descobriu Freud, como reconheceu alguém, “o inventor de nossos problemas” – para sublimar frustrações e superar impossibilidades biológicas criamos novos sentidos à Vida e máquinas que fazem mover nosso mundo, quer para seu fim indeterminado, quer para novos começos sem razão natural.