A Metáfora do fio,
da malha e da rede...

 

“Quem já andou por aqui, pisa com cuidado nos fios. Sabe que a trama é tecida por mãos cautelosas, afinadas na arte de lidar com desafios.  Quem já pisou neste chão sabe dos movimentos que precedem o tecer. Quem já passou, observou que a “malha” e a "rede" não surgem do nada.” (Heleida Nobrega)

 

 

Não é de hoje que entretecemos os fios, tecemos as malhas, buscando ampliar a rede com o intuito de propor um rol de ideias que, em alternadas mudanças, possam produzir novos sentidos e significados.

A metáfora da teia, da rede, do fio, enfim, as metáforas recorrentes em nossas intervenções, acabam sempre por se constituírem em (re)invenções de sentidos, busca por novas maneiras de dizer algo que muitos outros já disseram - um modo distinto, para que nossa marca, nosso jeito de ser, possa estar presente.

Temos por hábito rememorar experiências diversas,  procurando trazer ao nosso sentir e pensar possibilidades múltiplas de rever os percursos já feitos, pensar o que estamos  fazendo no momento presente, como eternos ‘aprendentes ensinantes’ que somos e, principalmente, juntos vislumbrarmos possibilidades futuras, comungando utopias que podem nos levar adiante, sabendo que o tempo "é construção (...) Não podemos ter esperança de predizer o futuro, mas podemos influir nele (...) as visões de futuro e até as utopias desempenham um papel importante nessa construção (...) Há pessoas que temem as utopias, eu temo a falta delas" (Prigogine, 1996;268).

Cotidianamente saímos em busca da retomada deste fazer: a procura pela partilha do caminho percorrido e das vivências, mas com cuidado para não perdermos o foco nos movimentos reflexivos nos quais precisamos nos deter para destacarmos, inclusive, a possível incompletude de nossa formação.

Vivemos um tempo veloz por demais, onde as diferentes mídias nos colocam num excesso de informação que não conseguimos armazenar e processar em ritmos mais coerentes. Se aprender e ensinar significa um processo inerente ao humano e exatamente por isso foi possível chegarmos até o ponto em que nos encontramos, torna-se necessário recriarmos um novo modo de ser e estar neste mundo, com uma proposição de mais lentidão, mais calma, menos tensão.

Por esta razão enfatizamos a imensa necessidade que temos de mudar modelos de comportamento, modos de viver, calmaria no nosso cotidiano tão aceleradamente fadado aos movimentos na busca de eficiência, de eficácia e, principalmente, sucesso.

No conviver com as diferenças, no interagir de modo diverso com os outros, na proposição de mostrar que existem mil e tantas lentes por onde é possível ver e sentir os outros, as nossas relações com o mundo, as nossas ininterruptas interlocuções com a complexidade do nosso tempo presente, onde a autoria de pensamento pode nos mostrar que existem mil modos de olhar, ou seja, não existe apenas um novo olhar sobre a vida, mas sim milhares de outros olhares, sempre singulares, subjetivos, pessoais: o desafio é mostrar aos nossos corações e mentes que, para continuar a tecer a teia, é preciso movimentos de inclusão da diferença como um todo, conhecer o ontem com profundidade e abraçar o hoje, com  amorosidade, simplicidade, competência, cooperação mútua...

"Nosso trabalho só terá sucesso se ele for marcado pela amorosidade. Mas amorosidade sem competência é mera boa intenção".(Mario Sergio Cortella)

Concluindo, podemos dizer que há muito insurgimos com infinitos  fios no  propósito de tecedura de  malhas  e construção de uma rede firme de propósitos e ações, o que se traduz no que se segue: de repente temos um fio, uma ideia, uma provocação que vai virando semente, germinando, criando, ruminando, se desenrolando, e repentinamente, nos abre, como em janelas, um horizonte de possibilidades que pode se concretizar no produto, no texto, na ação que tanto necessitamos.

 

 “Fios de histórias que viajam, fios que tecem vidas que nenhuma tesoura é capaz de cortar. Fios com os quais costumamos costurar a vida na luz e na sombra do  nosso caminhar ."(ad)       

 

 

Texto compilado por Heleida Nobrega

 

 

Consulta bibliográfica:

 

Cortella, Mario Sergio, “A Educação no Século XXI e o Perfil dos Educadores” –  educador e filósofo, palestra proferida /Universidade Federal de Londrina

Guerra, Marcelo,  “Cada um de nós nasce com um destino” - Médico Homeopata, Terapeuta Biográfico em formação – outubro 2007 – Rio de Janeiro http://terapiabiografica.com.br/blog/category/tecer/

Walter, Dr. Roland, “Tecendo Identidade, Tecendo Cultura: Os Fios da Memória na Literatura Afro-Descendente das Américas.

Souza, Ana Cristina, “Como dos fios se tecem malhas e das malhas se fazem redes” publicado em 4 de dezembro de 2007 – Diário de Bordo da Coordenadora do Ensino Português na Califórnia  (CEP-CA) site: http://cep-ca.blogspot.com/2007/12/malhas-e-redes.html

 

 

 
heleida nobrega
Enviado por heleida nobrega em 22/10/2010
Reeditado em 22/10/2010
Código do texto: T2571860
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.