Conceito neoplatônico de Deus
O neoplatonismo empreende uma grande especulação final religiosa. Tudo vem de Deus por graus e tudo volve, por graus, a Êle.
O princípio é Deus, o incognoscível e inefável para os homens, e acima de todas as determinações que possamos conceber do ser, da essência, do pensamento, da vontade.
Podemos, de Deus, dizer o que não é, nunca o que é.
Para falarmos de Deus, temos que usar nossos termos inferiores e compará-lo ao inferior, chamando-O o Um, Bem, Ato Puro, etc.
Com isso não expressamos a Deus, mas a necessidade e a aspiração das coisas inferiores, que só podem subsistir pelo apoio da Unidade, do Bem, do Ato Puro.
Deus coloca-se, assim, além de qualquer determinação.
É Deus a fonte de todos os seres.
Embora não tenha necessidade de movimento e câmbio, emana o descender de uma série de outros seres numa procissão descendente. A emanação deriva desde a essência de Deus, enquanto êle permanece, em si, no ato de sua essência.
Assim, o fogo que permanece, em si, fogo, emana o calor, ou o sol, que, permanecendo sol, em si, emana sua luz em todas as direções. Todas as coisas procedem de Deus, e sem Êle não se manteriam, mas Deus transcende a todas as coisas.
É progressiva a descida dos seres.
Assim como a luz vai se debilitando e obscurecendo, quanto mais se afasta de sua fonte, assim, afastando-se da fonte da Unidade e da Perfeição os seres vão aumentando em multiplicidade.
Três graus tem esse descer do Um:
1) Intelecto;
2) Alma universal;
3) Mundo corpóreo.
Os dois primeiros formam com o Um a Trindade divina das substâncias ou hipóstases, o terceiro é o último cios entes, fora do mundo inteligível e em contato com a matéria, que não é corporeidade, mas absoluto não-ser, e, por isso, mal absoluto.