LEITURA E SUCESSO ESCOLAR

Enquanto discutimos de quem é a culpa do insucesso do aluno na leitura e traçamos metas para mudar a triste realidade do Brasil em relação aos baixos índices apresentados no IDEB, precisamos nos dar conta de que todos os professores são responsáveis pelo avanço dos alunos na interpretação do que lêem, afinal a Língua Portuguesa é a nossa língua mãe e independente da área que atuamos ela é obrigação de todos nós falantes nativos.

Márcio Alessandro de Melo

Professor de Língua Portuguesa

Gestor-Adjunto

Escola Estadual Ezequiel Bertino de Almeida

Diretor de Ensino da SME – Cupira-PE

professormarcio@hotmail.com

É impressionante como dentro do meio educacional as pessoas ainda batizam a Língua Portuguesa como mãe apenas dos profissionais que são graduados dentro da área de Linguagem, da lingüística e da literatura. Esquecem-se que para atuar em qualquer ramo da ciência em nosso país é necessário está em comunhão com “a última flor do Lácio inculta e bela” parafraseando o escritor Olavo Bilac em seu poema dedicado a nossa língua.

A MUDANÇA

Para que possamos progredir em relação à leitura e haver melhoria no desempenho de nossos alunos, primeiro é necessário que todos nós profissionais da educação dividamos a responsabilidade de trabalhar a Língua Portuguesa com todos os nossos colegas professores. Eles precisam entender a importância de trabalharmos conjuntamente para obtermos bons resultados.

A mudança deve ocorrer dentro de nós mesmos, a partir do momento que esclarecermos ao professor de matemática que se o seu aluno não consegue resolver os problemas propostos, ele necessita também trabalhar interpretação, se o professor de ciências, geografia, história não consegue com que seu aluno absorva a essência de suas disciplinas, ao invés de decorá-las, eles também necessitam se envolver no processo de leitura e interpretação de seus alunos.

Mudar exige leitura e reflexão da realidade apresentada pelas avaliações realizadas pelo governo Federal, Estadual e Municipal, as quais, diante dos resultados, deixa todos nós inconformados e nem tão pouco satisfeitos, fazendo-nos refletir sobre o nosso papel em sala de aula. Afinal o que estamos fazendo em sala de aula? Sendo meros transmissores de conhecimentos, onde o aluno finge que aprende e a gente finge que ensina?

O PROFESSOR COMO MEDIADOR DO CONHECIMENTO

Ser professor hoje é mediar o conhecimento, é fazer o aluno participante do processo de construção do conhecimento que não está pronto e acabado.

Não podemos mais ver a deficiência do aluno em relação à leitura e fingirmos que não estamos vendo. O resultado disso são alunos que avançam na série e são insuficientes na leitura. Se fizermos uma pesquisa nas escolas brasileiras veremos que em todas as séries ou ciclos haverão alunos com um grau de leitura e interpretação defasado para a série onde está. E nós precisamos encarar essa realidade como nossa e de todos. Vamos diagnosticar as deficiências e saná-las. Se nosso aluno precisa ser alfabetizado, letrado, faz-se necessário que o façamos já. Chega de usar uma venda nos olhos. Vamos enxergar o que está acontecendo na leitura dos nossos alunos e trabalhar essas deficiências ao invés de ficarmos maquiando os resultados, pois cedo ou tarde os resultados aparecem, e o que valerá não será somente o resultado final de sua escola, mas principalmente a percepção de sua qualidade de ensino.

A LEITURA DO MUNDO E O MUNDO DA LEITURA

Perceber que ler é tão amplo quanto à extensão do mundo. Propiciar ao aluno adentrar nesse mundo de sonho, de realidade, de ficção e de alma faz com que todos nós professores nos sintamos mais humanos e conscientes do processo de formação cidadã e responsabilidade social.

Trabalhar a leitura em todos os níveis é possibilitar um mundo mais justo, mais consciente, mais humano e até solidário.

Imaginemos a satisfação de um estudante aprendendo as letras, as sílabas, as palavras e ele mesmo percebendo a amplitude do mundo dos letrados a cada conquista sua. Agora imagine essa mesma pessoa indo além da decodificação dos signos lingüísticos e podendo ler o indizível dos autores e o que está nas entrelinhas.

Depois de imaginar é preciso tornarmos realidade e depende de nossas ações para chegarmos finalmente ao sucesso da leitura.

Alessandro Mello
Enviado por Alessandro Mello em 22/01/2011
Código do texto: T2745828