ONDE ESTÁ A VERDADE?

Está ficando cada vez mais rápida a possibilidade de produzirmos textos, porém o que em um primeiro olhar parece ser apenas rosas traz implicações e exigências que aumentam e dificultam a tarefa de separarmos o joio.

Em tempos campanha um candidato em tom inflamado afirma algo, um outro com empolgação maior prega exatamente o contrário, um terceiro diz algo diferente dos dois, há ainda um quarto, quinto... e o eleitor se perguntava - onde está a verdade?

Sabemos que ela não está na internet, neste artigo, nos jornais e telejornais, nos discursos, nas revistas, nos livros ou nos meios de comunicação de massa, porém ela passa por eles.

Certamente, o que é a verdade precede a questão, e é um dos temas fundamentais da teoria do conhecimento.

Um dos usos do conceito aponta verdade como sendo adequação do pensamento a critérios finais e irrevogáveis.

Entretanto, hoje, a verdade nas sociedades modernas está cada vez mais volátil e incerta.

O conceito de verdade perdeu sua referência e funciona como um termo-ônibus, ou seja, sobe todo mundo e cada qual vai a um lugar distinto, daí tanta intolerância e revoltas.

Um provérbio grego vaticina que : diante da verdade, há três tipos de pessoas que erram: as que não sabem e não perguntam, as que sabem e não ensinam e as que ensinam e não praticam.

Nossas verdades devem ser capazes de dominar as linguagens utilizadas pelo homem, de resolver nossos problemas, deve permitir a análise e a interpretação dos fatos, deve permitir que se compreenda o entorno social e se possa atuar sobre ele, deve receber criticamente os meios de comunicação, localizar e selecionar informações e finalmente deve ser fruto de algo construído por um grupo.

A verdade não necessariamente está com os “iluminados”, se acreditamos em democracia participativa, devemos crer que ela possa estar, ainda que temporariamente e de forma parcial, com pessoas comuns.

Chegamos a este ponto porque as pessoas passaram a reproduzir sem pensar, aceitar sem discutir, trabalhar sem questionar e educar sem criar.

A dúvida, a incerteza, a consciência de nosso ainda não saber é que nos convida a investigar e, investigando, podermos aprender algo que antes não sabíamos e nos aproximarmos da verdade, que por ser histórica e cultural será sempre provisória.

Enquanto não se sabe onde esta a verdade os pobres e oprimidos vão realizando sua utopia que é sobreviver até amanhã. Eles estão abandonados e curiosamente são aquecidos nas ruas dos grandes centros pelo símbolo universal do conhecimento - o fogo.

A verdade deve traduzir-se em ações, sem perder a essência, sem tornar-se meia verdade ou uma verdade menor, é este o desafio do Presidente que venceu e dos Governadores eleitos e reeleitos.

Lembre-se de que aquilo que a gente acha e preza tem sempre o escondido que pode se encorpar em uma outra verdade maior. Maior e mais dolorida.

Só acredito no que vejo com meus olhos, cheiro com meu nariz, pego com minhas mãos ou provo com a ponta da minha língua, dizem os adultos – mas não é verdade.

Eles (nós) acreditam em mil coisas que seus olhos não vêem, nem o nariz cheira, nem os ouvidos ouvem, nem as mãos pegam.

Confunde-se com facilidade conhecimento e informação, esta é cumulativa aquele é seletivo, criterioso, logo, serão verdadeiras as proposições que forem válidas em um processo argumentativo em que o consenso foi alcançado.

Sabemos que é impossível alcançar a unidade sem a soma, a identidade sem a comparação o que me faz acreditar que aquele que é movido não por recompensas ou prêmios ou pela satisfação de um plano de carreira, mas por um engajamento comprometido com idéias, causas e valores na esfera pública, estará mais próximo de chegar a resposta. É preciso ousar!

A verdade transformada em palavras têm saberes e sabores podem agredir e agradar e se todo mundo só falasse a verdade, haveria muito silêncio.

Quanto a mim – sigo o adágio inscrito na entrada do templo de oráculo de Delfos: Conhece-te a ti mesmo.

Ronilson de Souza Luiz, Oficial da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Doutor e Mestre em Educação (Currículo) na PUC/SP, Bacharel e Licenciado em Letras pela USP, Instrutor no Centro de Formação de Soldados.

Ronilson de Souza Luiz
Enviado por Ronilson de Souza Luiz em 28/02/2011
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