POLÍTICA SALARIAL SIM, BÔNUS NÃO

Prêmios por resultados e benefício são as armadilhas ideológicas para cooptar mão-de-obra barata, são essas as novas armadilhas de um sistema perverso, e os patrões têm seus lucros triplicados. Há trabalhador por ai contente com 600 reais por mês, porém “feliz” pelos benefícios oferecidos pela empresa. Orgulhar-se de chegar em uma farmácia e pedir um remédio com um ticket-famácia não é dignidade, poder comprar uma refeição, coisa essencial a todo ser humano e pagar com um talão de vale-compra ao invés de dinheiro vivo não se traduz como dignidade. O que dignifica um trabalhador? Salário, ambiente acolhedor, segurança, clima ambiental favorável. Chamar de motivação a oferta benefícios, bônus ou prêmios ao trabalhador é no mínimo subestimar a inteligência de quem procura fazer uma análise mais apurada da relação capital-trabalho. Existem vários mecanismos de alienação do trabalhador, métodos ou meios são empregados para arrancar do indivíduo a capacidade de pensar e de refletir sobre a sua real condição de trabalho, o seu real valor e a remuneração que de fato mereceria pelo seu empenho e desempenho super explorados através de oferta de benefícios. O problema é que quando chega a hora de pagar as contas, aqueles seiscentos ou oitocentos reais que recebeu ao final do mês não dá pra pagar nem a água e a luz. Dá pra se orgulhar e bater no peito e sentir-se dignificado? Eu jamais bateria no peito ou me sentiria orgulhoso se na hora que fosse comprar o leite do filho ter que sacar um talão de ticket ou vale-compra ao invés de dinheiro.

Pois é, o governo vem adotando essa mesma tática das empresas na educação, o problema é que o ticket do professor é o valor de uma coxinha e nem todos recebem. Auxílio transporte nem se pode contar. Professor é maltratado em tudo, o descaso com esse profissional começa na sala de aula, quando este se vê acuado diante de um indivíduo encaminhado pela Vara da Infância e da Juventude em regime de Liberdade Assistida para uma sala de 50 a 55 alunos super lotada. Não há segurança a esse profissional!

Mas o fator que mais desmoralizante para essa categoria profissional é mesmo a falta de uma política salarial condizente à altura de um profissional que passou maior parte do tempo se dedicando a causa da educação. A maior e pior injúria que sofre esse profissional é ter um dia sonhado para depois defrontar-se com um “leviatã” todo poderoso chamado governo neoliberal querendo destruir esse sonho. A maior da injúria é também saber que esse profissional gastou boa parte do tempo em um banco de faculdade, mais 1460 dias dedicando-se, para depois entrar numa sala de aula superlotada e numa escola sem as estruturas básicas para o tamanho da sua tarefa que lhe cabe, e ainda ter que conviver o tempo todo com um clima de insegurança instalado desde que começaram as reformas no ensino e implantação da LDB. Não há segurança salarial para um professor que ganha 1200 reais para tirar 800 ou 900 reais depois dos descontos, isso trabalhando 40 horas semanais. Não há segurança se a política do governo é de prêmios e punições. A política de bônus é uma farsa!

Ano passado os professores tentaram se mobilizar, muitos diretores ficaram contra, e para completar, quando um período quis lutar, outros não aderiram e as escolas ficaram divididas. Só que agora a casa caiu para todos: o governo do PSDB mostrou suas unhas e zerou a maioria das escolas e o bônus foi ZERO. Quem gostava de tirar seus 5 mil reais, três mil ficou espumando de raiva. Conclusão: agora diretor e vice-diretor até apóiam a mobilização dos professores. Claro, o bônus deles veio ZERO. Por que não apoiaram o ano passado e disseram que a greve era “política”? Por que algumas diretorias ficaram na inércia total ameaçando injustificar as faltas da greve? Agora, o discurso a postura mudou. Sempre foi dito que essa política de bônus não é uma política séria, que valoriza e dignifica o trabalhador dessa profissão, porém, muitos só se preocupavam com o bônus, agora o que aconteceu foi um tapa na cara de que foi contra a greve ano passado, agora o primeiro período a ir à paralisação desse de hoje na República de uma determinada escola conhecida é o período que não parou ano passado, creio que esse fato se repete em muitas escolas. Agora é hora de quem lutou na greve passada questionar estes profissionais: será que é hora de parar? Só por causa do Bônus zero? Por que não por salário digno, condições de trabalho decente, menos alunos em sala de aula etc? É companheiros...

A casa caiu!

Por uma política salarial decente e por um plano de carreira que dignifique os professore.... Vamos à Praça da República!