A Espetacularização da Violência

Na busca bestial pela audiência a mídia usa a violência como forma de entretenimento e esquece que jornalismo não é ficção, há alguém que chame isto de; “shownalismo”.( Eugênio Bucci, que no seu livro “Sobre Ética e Imprensa” ele ressalta que “não pode haver jornalismo de qualidade quando se atropelam os padrões éticos. Jornalista não é detetive, não é relações-públicas, não é cabo eleitoral, não é cortesão: jornalista é pago para oferecer ao cidadão informações com credibilidade”).Uma imprensa que usa as crianças para espetacularizar a chacina de realengo, esquece o seu papel, que é informar. Adolescentes usados simplesmente na busca desenfreada do ganho de audiência são mostradas na televisão, esquecendo o ECA. Elas são trazidas a cena, com um único objetivo exponenciar o terror, a dor, a morbidez, tendo como música de fundo uma trilha sonora macabra. A quem diga que o trabalho noticiário sobre o caso de realengo levou lotação ao divã de muitos psicólogos para os últimos seis meses. ridicularização dos programas de variedades da televisão brasileira que acabaram entrando na seara do jornalismo e levando crianças de 14 anos de idade a dar entrevistas, produzido-as conforme o brilhantismo do programa. Absurdo eu escutei, uma pesquisadora de mídia e política dizer a seguinte fala, referindo-se a pessoas de um grupo ao qual ela fazia parte: ‘’Nós não somos loucos para fazer o que o assassino de realengo fez’’. Eu pergunto: e o funcionário público Ricardo José Neis, 47, acusado de tentativa de homicídio por atropelar um grupo de 150 ciclistas em Porto Alegre em 25 de fevereiro deste ano, afirmou que “nunca teve a intenção de matar” e que “achou que seria linchado” para justificar o fato, o juiz de direito Aristófanes Vieira Coutinho Júnior, de 46 anos,que dirigindo embriagado matou o motociclista em Fortaleza(No teste do bafômetro realizado na delegacia, cerca de uma hora depois do acidente, apontou um índice de 0,82 mg de álcool por litro de sangue. A partir de 0,4, a alcoolemia já é considerada embriaguez), e o deputado que embriagado avançou o sinal e matou dois amigos e tantos outros? Esquece esta pesquisadora que o que fez o matador de realengo cometer a chacina segundo ele, foi a exclusão!