EDUCAÇÃO É TRATADA IGUAL AS PRESTAÇÕES E OFERTAS DAS CASAS BAHIA: AUMENTO EM SUAVES PARCELINHAS PARA PROFESSORES E FUNCIONÁRIOS

Quer pagar quanto? Lembra dessa propaganda das Casas Bahia? O governador de São Paulo trata a educação e os professores como um produto que está à venda numa vitrine de loja, as nossas perdas salariais, digo PERDAS já estão acumuladas desde 1998 em 36% e agora o que Alkimin faz? Anuncia um aumento de 42% em 4 suaves prestações, sendo a primeira de 13,8%, para o dia 1º de julho ainda. Ou seja, estamos em maio, e teremos que esperar mais de dois meses para termos a notícia que teremos 13% de aumento, sendo que nosso salário se deteriora a cada inflação? E a próxima fatura, quem sabe? Esse governo não é mole não, realmente ele quer melhorar a educação, e o seu novo e “bem intencionado” secretário, o que diz? Nada! Levou todo mundo na lábia nos encontros que levaram cinco meses para serem realizados. Ao que parece, tudo não passou de uma bela estratégia para empurrar com a barriga e adiar o processo de negociação feita pela APEOESP e outras entidades ligadas à educação. Desconfia-se que, os cinco meses de reuniões, foi uma jogada de mestre para dar tempo de respirar ao governo que agora, com todo gás, depois de limpar a sujeira que Serra deixou, vem e anuncia: 42% em quatro vezes, digo 4 anos, então, se um ano tem 365 dias e 6 horas, vezes 4 seria: 1462,4 anos trabalhados até 2014 quando o PISO chegará a R$ 2.368? É isso que ele anunciou. Pagamento de reajuste salarial em 4 vezes? É oferta da Casas Bahia? Engraçado, se fosse para aumentar salários dos ladrões de terno e gravata da Assembleia Legislativa e do governador, o projeto já teria sido aprovado em tempo Record como foi em Brasília: 8 minutos para aprovar o aumento que elevou os salários dos senadores e deputados federais para 26 mil reais. Já para professores, o que faz Alkimin? Divide em 4 parcelas em 4 anos...

Veja a matéria da Folha.com de hoje:

“O governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou nesta quarta-feira uma proposta de aumento de 42,2% no salário base dos professores da rede estadual, dividido em quatro anos. A medida agora tem que ser encaminhada para aprovação na Assembleia Legislativa.

Segundo o governo, o reajuste engloba 374 mil pessoas --incluindo professores na ativa, aposentados e pensionistas. Funcionários da rede também devem ter reajustes salariais.

O primeiro aumento deve ser de 13,8%, no dia 1º de julho deste ano. Com isso, o piso do professor com jornada de 40 horas passa de R$ 1.665 para R$ 1.894. Esse reajuste, no entanto, inclui e incorpora ao salário base uma gratificação de cerca de R$ 90 que já é recebida pelos professores na ativa.

Essa era a última gratificação que ainda não estava incorporada no salário base. Outra, a GAM (Gratificação por Atividade de Magistério), começou a ser incorporada em 2010 e estará totalmente incluída ao salário em 2012. A medida beneficia os aposentados, que recebem de acordo com o piso, sem as gratificações.

Em 2012, a proposta é que o reajuste seja de 10,2% sobre o salário acumulado, e o piso vai a R$ 2.088. Em 2013, são outros 6%, e o salário fica em R$ 2.213. Por fim, o último reajuste será concedido em 2014 --7%--, levando o piso a R$ 2.368.

No caso dos funcionários da rede estadual, o aumento médio será de 33%, variando de acordo com o cargo.” (11/05/2011 - 12h28- http://www1.folha.uol.com.br/saber/914252-sp-anuncia-reajuste-de-422-a-professores-estaduais-em-4-anos.shtml)

Tem mais, esse piso é para quem tem uma carga de 40 horas, já quem pega 20 horas, coitado, terá que continuar dobrando a carga até morrer sem ver o piso de 2.368 reais em sua conta, significa que o professor continuará ganhando menos que um trabalhador da ária da construção civil em São Paulo, pois tenho um aluno de 8ª série EJA que brincou comigo no estacionamento dos professore (que hoje mais parece dos alunos): “Olha professor, cuidado com essa moto, ela vale o dobro do seu carro mil, hein”. Em tom de brincadeira, olhei para ele e disse: Pode deixar, não encostarei em sua moto, pode ficar tranquilo, pois teria que empenhar o meu salário para pagar o conserto. Depois disso o indaguei: Onde você trabalha? Ele disse: Em construção civil. Com certeza o salário dele é mais de 2.000 reais por mês, e ainda sobra tempo para estudar à noite.

Peão de Obra e o Professor: qual a diferença?

“Em Belo Horizonte, por exemplo, um engenheiro civil com 1 ano de formado ganha em torno de R$ 2,5 mil, enquanto um pedreiro chega a receber R$ 4 mil, de acordo com dados do sindicato regional.” (http://www.arcauniversal.com/profissao/noticias/pedreiro_profissao_valorizada-623.html)

O peão ganha mais, e não leva serviço para casa, já o professor passa fins de semanas corrigindo trabalhos e provas de 50 alunos por cada sala. O volume de trabalhos a serem corrigidos por professores de história e Geografia dobra em relação à áreas como Língua Portuguesa e Matemática porque são disciplinas com apenas duas aulas por semana, então o professor dessas áreas terá 20 diários para preencher e, em caso de provas, em cada sala num período de 40 horas, quantas provas terá que corrigir? É fácil essa conta, é só multiplicar 50 alunos por 20 diários e verá que um professor de História levará mais serviço para casa, portanto, terá que corrigir o equivalente a 900 a 1000 provas em casa. Conclui-se então que não terá fins de semana para passear. Claro que um peão de obra terá mais motivos para sorrir, já que o cansaço dos músculos com uma boa noite de sono logo passa, já o cansaço mental não, esse é muito mais perigoso, leva ao stress, à depressão, resultado de muitos abandonarem o magistério hoje no Estado de São Paulo.

Até 2014 o professor que sobreviver verá o piso salarial de R$ 2.368. Quatro anos em faculdades, fora os anos de ensino fundamental e médio, para virar professor e sonhar que vai estar vivo para ver um salário de pouco mais de 2000 reais. Não vale a pena ser mais professor. Mesmo que o governo faça campanha para incentivar os jovens querer ingressar nessa carreira, quem se arriscou, como alguns novos professores, já estão jogando a toalha. Uma professor nova, bem jovem em minha escola e que foi minha aluna, disse um dia desses: “Eu não acredito mais na educação, já estou planejando a minha saída, não agüento mais ser chacota de alunos que não vão mais para a escola para aprender alguma coisa, mas para ficar com gozação em sala de aula, o salário não compensa para tanto esforço banal que faço para tentar transmitir alguma coisa para quem sabe que vai passar de ano empurrado, não por mim, mas pela promoção automática. O aluno sabe que em São Paulo, freqüentou passou!”.

O professor hoje virou babá de aluno adolescente, passa mais tempo administrando conflitos em sala de aula que dando aula de fato. Às vezes não pode nem dar às costas ao aluno, pois até isso já é um risco para ele. O professor corre o risco de, ao virar topar com uma mesa voadora em sua direção, é alvejado por bolinhas de papel, como acontece numa 1ª série em uma das escolas onde leciono, a última aula foi horrível, antes de adentrar à sala logo vi um tumulto na porta de alunos que saiam da sala, parece que eles querem fugir e não suportam ficar 40 minutos sentados, assim que consegui entrar, fui fazer a chamada, e quem disse que conseguia? Os marmanjos, maiores que eu, fortes parecendo uns guarda-roupas, os piores “malas” da classe faziam uma “guerrinha” de papel com os cadernos do kit vote em mim que o governo de São Paulo faz questão de mandar para as escolas todo início de ano. Relatei o fato na folha de chamada de uma pasta provisória que fica na classe, chamei o inspetor e solicitei que levasse o grupinho de marmanjos e uma garota para a diretoria, logo a mediadora voltou com o grupo inteiro e disse: “Professor, se eles não copiar a matéria, eles não sairão após o sinal”. Bom, consegui iniciar a aula, passei um resumo de matéria na lousa, e notava que os que foram para a direção fingiam copiar, já que não “pega nada” como um desses indivíduos disse na mina cara, fingi que acreditei que estavam mesmo copiando a matéria, após o sinal, todos saíram. Gente! está horrível trabalhar com pequenos delinqüentes em sala de aula, disse pequenos? Nada disso, grandes pelo tamanho, são maldosos ao extremo, capazes de nos ameaçar sem medo algum de sofrer qualquer tipo de sansão da Lei. Hoje um alunos do tipo atrevido usa toda a sua experiência de malandragem para intimidar professor, e conhecendo a vantagem que tem diante das leis e do poder judiciário, é capaz de dizer na cara do professor: “Sua aula é uma bosta” e o professor não pode fazer nada, como aconteceu com um professor de Língua Portuguesa: em 20 anos, nunca ouviu isso, porém, o mesmo teve que deixar uma sala de aula, porque, é impossível dar aulas para aqueles alunos. O professor disse que dá o mesmo tipo de exercício para uma sala ao lado, e eles aprendem, não reclamam e vão bem nas avaliações, porém, quando indagou à classe sobre isso, os alunos disseram: “É que eles, professor, são um bando de NERDES”, o professor não tinha mais o que dizer, e pensou: “Eles praticam bulyng contra a outra sala chamando-os de “nerdes”. Isso é bulyng, já que é também uma forma de discriminação” concluiu o professor.

Agora, veja: o fato acima já tinha sido levado à coordenação e à direção da escola por diversas vezes, e como não houve providências, pó professor deixou a sala. Alguém lhe perguntou: “Mas você está perdendo em salário professor”, ele respondeu: “Não colega, eu estou ganhando saúde, não ficando doente não gastarei com remédios, portanto, fique tranquilo, estou ganhando”. É isso, o professor vítima de bulyng e todo tipo de violência que vai desde agressão verbal, coação a agressão física, já que não pode se defender para não perder o cargo, sem opção, acaba abandonando a carreira ou ficando doente e morrendo sem apoio nenhum do Estado que o substitui em questão de dias colocando, nem que seja um estudante em seu lugar, os chamados “tapa buracos” da educação. Assim vai se empurrando com a barriga e as coisas continuarão de mal a pior. Ainda o governador vem com uma proposta de aumento parcelado?

Brincadeira, seu Geraldo Alkimin!