Decepções Existem?

Decepções Existem?

É claro que existem!

No entanto carecemos de refletir quem de fato se decepciona no desenrolar dos nossos relacionamentos interpessoais.

Precisamos deixar de encobrir nosso olhar com ilusões para perceber o outro como ele se constitui e não como nós o desejamos.

Recorrendo ao dicionário teremos a seguinte definição da palavra decepção:

Decepção: s. f.

1. Ilusão perdida.

2. Desapontamento.

3. Malogro de uma esperança.

4. Desilusão

Percebe-se que decepção está intimamente ligada a palavra ilusão. Isso nos leva a perceber que o que nos decepciona são as ilusões.

Tratando-se de relacionamentos interpessoais esta percepção nos sugere que não são as pessoas quem nos decepcionam mais sim, as ilusões que criamos sobre as pessoas. Isso fica mais perceptível quando ouvimos frases como:

“Eu achava que fulano era confiável.”

“Não esperava isso de fulano.”

“Não imaginava que fulano faria isso.”

Perceba como estas frases por si só já explicam, conotam o que desejo abordar neste texto. Ou seja, ao analisar os verbos empregados nestas frases (Achava, Esperava, Imaginava) constatamos que são verbos que não expressam algo concreto. Expressam exatamente tudo aquilo que nos projetamos nas pessoas.

Vamos analisar cada uma dessas frases para desenvolvermos a ideia que desejo compartilhar.

A primeira frase: Eu achava que fulano era confiável.

Num exemplo bem prático avalie que alguém, que você considerava confiável, te decepcionou. Então você diria: "Fulano me decepcionou. Daí te pergunto: Fulano, em algum momento, afirmou que ele era confiável? Certamente ele não disse isso. Mais você projetou nele esta confiança. Numa forma mais dura de expressar: Você desejou que fulano fosse confiável. Você se iludiu.

A segunda frase: Não esperava isso de fulano.

Nesta frase constatamos que sempre desejamos que o outro não aja conforme seu instinto, seu caráter, mais conforme o nosso. Quem espera, espera algo determinado, previamente pensado. O outro pode nem saber o que você espera dele. Ele agirá conforme seus preceitos, seus valores, suas crenças.

Considerando que o ser humano é infinito de possibilidades (aqui considero como o bem e o mau) isso sugere que não podemos esperar que o outro aja em conformidade com o nosso desejo.

A terceira frase: Não imaginava que fulano faria isso.

Mais uma vez estamos afirmando que o outro não poderia agir conforme seus preceitos. Mais sim conforme o nosso. Porque se você não imaginou alguém fazendo algo que você não faria, significa que você não pensou como ele. Não se colocou em seu lugar. Você imaginou o que ele deveria fazer, como ele deveria agir.

Por isso a decepção não foi do outro. Mais sua. O outro não te decepcionou. Você que se decepcionou. Suas ilusões, expectativas, esperanças e imaginações te decepcionaram.

Vivemos assim procurando criar um mundo de fantasias somente nosso. O problema é que usamos os outros, sem sua permissão, como personagens de nosso cenário. Projetamos no outro aquilo que desejávamos que ele fosse.

Trago esta reflexão para que possamos entender que ao falar de relações interpessoais não devemos entendê-la como uma forma de querer que o outro faça o que desejamos. Muito menos que devemos aceitar tudo que o outro fizer. Nossa obrigação enquanto seres mortais, imperfeitos e infinitos de possibilidades será de respeitar o outro. Respeitar neste sentido é entender que não podemos exigir que o outro confirme nossas ilusões, nossas expectativas. Isso poderá não acontecer e geralmente é o que acontece.

Desta forma vamos enxergar o que podemos observar e não mais cobrir o outro com o manto das nossas ilusões para que possamos evitar decepções e quem sabe sermos agraciados com superações, pois será melhor nos surpreender com os outros do que se decepcionar com nós mesmo.

Um fraterno abraço e até o próximo texto.

* Professor Jailson Pinheiro é Consultor nas áreas de comunicação e imagem pessoal. Colaborador de Portais de Comunicação no Brasil. Ministra cursos de Oratória, Gestão de Conflitos, Atendimento, Comunicação, Relações Interpessoais, Liderança e Motivação para Instituições Públicas e Privadas. Palestrante na área de Comunicação, Educação e Motivação. Aluno Especial do Mestrado em História da UFBA. Doutorando em Psicologia Comportamental. Doutor e Mestre em Ciências da Educação pela UNINTER. Especialista em Docência no Ensino Superior e Bacharel em Relações Públicas pela UNIFACS. Em 2008 seu curso de Oratória foi o único reconhecido fora do eixo Rio-São Paulo pela Editora OnLine ed.64 Maio de 2008.

e-mail: professor.jailson@hotmail.com

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