ASPECTOS IMPORTANTES DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Ao falarmos a respeito da Educação de Jovens e Adultos, é necessário que se discorra sobre a política educacional nacional, iniciando-se o entendimento a partir da enorme quantidade de homens e mulheres que foram excluídos do processo educacional. Mesmo esta denominação conhecida como educação de jovens e adultos sendo considerada nova, há muito tempo já se tinha enorme preocupação com as pessoas que em fase adulta não tinham recebido a alfabetização.

No inicio da colonização do Brasil pelos portugueses foram os índios os primeiros habitantes destas terras a serem instruídos a outros conhecimentos, e catequizados pelos jesuítas mesmo que de forma restrita para levá-los a conversão do catolicismo.

No ano de 1827 durante o período imperial, tendo como o principal objetivo de se construir um sistema nacional de educação escolar composto por escolas elementares, secundárias e superiores foi promulgada a primeira lei geral de educação do País, sendo que no ano de 1840 iniciaram-se os cursos de ensino profissional que era oferecido pelo Arsenal de Guerra do Recife, assim ensinando nestes cursos as primeiras letras a pessoas adultas.

Com a intenção de atender a grande demanda de analfabetos existentes no País e tentar estruturar rapidamente o processo de escolarização, em 1869 são criadas as escolas que contavam com o funcionamento em horário noturno, aos domingos e ainda no período de verão, foram ainda criadas as escolas temporárias e ambulantes.

Durante o período republicano, não se teve muita preocupação com a educação, ficando esta parada no tempo não sendo constatada qualquer tipo de melhoria para com a educação de modo geral, sendo assim o aumento de pessoas sem escolarização aumentou de forma estonteante.

Entre as décadas de 20 e 40 deste século diversos foram os educadores profissionais que tentaram estruturar uma educação que tivesse iniciativa de aumentar e melhorar as condições do ensino existente, foram pedidas mais escola e melhorias para o ensino brasileiro. A constituição de 1934 pela primeira vez a nivel nacional reconhece que a educação é direito de todos, mas a educação para adultos era compreendida como sendo uma extensão da educação formal especialmente na zona rural, não justificando as questões sociais, pelas grandes diferenças entre as classes.

Em 1945 e 1947 surgem campanhas de educação para os jovens e adultos, com a simples intenção de fazer crescer as bases eleitorais como forma de apoiar o governo e fazer aumentar a produção nacional. O Plano de Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos aprovado em 1947, que atendia então aos apelos da UNESCO no papel de seu idealizador Lourenço Filho, que como coordenador foi atuante no movimento nacional de mobilização em defesa da educação de jovens e adultos analfabetos.

No inicio dos anos 50 a Educação de Adultos passa a ser compreendida como educação de base e com o desenvolvimento comunitário ao final da década surgem duas tendências, a primeira ficou conhecida como A educação libertadora de Paulo Freire e a segunda chamada de educação funcional ou profissional. Ate os anos 70 essas duas tendências ainda eram compreendidas como educação não formal e como suplência da mesma, surgindo assim o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) em contradição aos princípios de Paulo Freire.

O paradigma da educação popular formou grande diversidade nas práticas da educação popular formal ou não. Criou-se um aprofundamento do paradigma da educação popular durante as experiências com os movimentos sociais e políticos, que eram todos como núcleos da resistência a regimes ditatoriais, e durante os anos 70 em muitos países da América Latina se fortaleceu, porem quando levado as ideologias de esquerda se intensificou gerando as resistências, o que causou questionamentos quanto a sua relação durante a conjuntura de redemocratização dos regimes políticos destes países.

A partir de 1980 e 1990, o cenário mundial passou por mudanças na área política, econômica, social e cultural, iniciando um processo ainda inacabado do paradigma da educação popular e na sua nova fundamentação teórica-prática.

De acordo com a LDB 9.424/1996, a Educação de Jovens e Adultos – EJA esta incluída como sendo parte da Educação Básica e deve ser tratada com o mesmo respeito que se tem pelo ensino fundamental. Esta modalidade de ensino tem uma importante função social, porque é capaz de corrigir diferenças e irregularidades cometidas pela falha no sistema de ensino ou pelas condições socioeconômicas destes alunos, que saíram da escola antes do tempo previsto por estes ou qualquer outro motivo durante o ensino regular, sendo assim, em alguns casos a educação de jovens e adultos é o único meio que se pode incluir estas pessoas que estão fora do ensino regular.

Para que se possa basear ricamente durante a elaboração de processos pedagógicos específicos para o público da EJA, é importante que se possa pensar calmamente diante das características e especificidades aos quais se destina, e colocar de forma clara qual é a parte da população que deve ser atendida pela educação de jovens e adultos, permitindo desta forma para com a inclusão daqueles que só podem estudar em determinado horário do dia ou em horário noturno, considerando a EJA como modalidade educativa de recuperação do tempo apropriado ao ensino que é na infância e adolescência.

A Educação de Jovens e Adultos, não esta ligada simplesmente a determinada faixa etária da população, mas em primeira mão da especificidade cultural, ou seja, aos jovens e adultos que se dirigem as ações educativas deste campo educacional, sendo estes, determinada parte da população, que não esteja na universidade, nem tão pouco algum profissional qualificado com especialização ou qualquer um que deseje aumentar seus conhecimentos nas disciplinas diversas, porem são pessoas da sociedade, empregados ou desempregados, moradores urbanos e da periferia, marginalizados nas esferas socioeconômicas e educacionais, que por algum motivo foram privados do mundo da cultura letrada e dos bens culturais e sociais, deixando de fazer parte ativa no mundo do trabalho, da política e da cultura.

Oferecer educação aos jovens e adultos que se encontram excluídos é passar a considerar a heterogeneidade desse público, os seus interesses, suas identidades, suas preocupações, necessidades, expectativas em relação à escola, suas habilidades, e suas vivências. Devendo estas ainda serem incentivadas perante as suas realidades como pessoas criticas e conscientes de seu papel na sociedade, e a estratégia de ensinar deve ser montada de modo que o alfabetizador tenha instrumentos para melhor trabalhar durante a alfabetização, Cabendo a este alfabetizador discutir sobre da importância e desempenhado de cada aluno em sua comunidade, ao tempo que as atividades estejam juntas no processo de alfabetização.

No que se refere à educação de jovens e adultos nos últimos quarenta anos, a explicitação do caráter político dos processos educativos e o manifesto nos projetos pedagógicos vem sendo uma das características do pensamento pedagógico destinados aos alunos desta modalidade de ensino com objetivos de formação para a cidadania política. A obra de Paulo Freire “A pedagogia libertadora”, serve hoje como uma das fontes de explicitação para a política da educação, levando assim o ensino para a autonomia democrática sendo direcionada pelos princípios da razão.

A escola deve fornecer uma aprendizagem de forma democrática, racional, responsável e livre, devendo esta educação ser consciente na construção dos espaços sociais, para que estes sejam mais democráticos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FARIA, Wendel Fiori de. Educação de Jovens e Adultos: pedagogia/ Wendel Fiori de Faria. – São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.

VAGULA, E. Trabalho, Tempo e Cultura: Olhares Avaliativos na Educação de Jovens e Adultos.