O TRANSTORNO DA DISGRAFIA NO ENSINO-APRENDIZAGEM

O TRANSTORNO DA DISGRAFIA NO ENSINO-APRENDIZAGEM

*Edna Charles Paiva

**Elisangela Souza Gomes

***Maria Cleude Vidal Martins

****Ângela Brito Ferreira

RESUMO

Este trabalho é referente à análise do transtorno Disgrafia no ensino- aprendizagem das escolas. Disgráficos são aqueles que apresentam dificuldades de aprendizagem na escrita devido a um problema perceptivo-motor. Dessa forma, a pesquisa objetiva identificar os fatores que levam a dificuldade da disgrafia, visando propor a conscientização de educadores, dando ênfase à importância da identificação e a abordagem de técnicas metodológicas concernentes ao problema, a partir de uma metodologia exclusivamente qualitativa e descritiva baseada em levantamentos bibliográficos. Assim, propõem uma ruptura com a discriminação a partir da conscientização de educadores; o incentivo a identificação para uma melhor inserção social dos disgráficos e a utilização de técnicas metodológicas específicas para serem trabalhadas no âmbito escolar de crianças que apresentam esse transtorno, a fim de melhorar o desenvolvimento e rendimento escolar das mesmas.

Palavras-chave: Disgrafia, aprendizagem, escrita, conscientização, identificação técnicas metodológicas.

Abstract

This work is related to the analysis of the disorder dysgraphia in teachin-learnig in schools. Dysgraphers are those with learning difficulties in writing due to a perceptual-motor problem. Thus, the research aims to identify factors that lead to difficulties of dysgraphia, in order to propose the awareness of educators, emphasizing the importance of identification and methodological techniques approch regarding the issue from a purely qualitative and descriptive approch based on surveys bibliographic. Thus, we propose a break with discrimination from the awareness of educators, the incentive to better identify the social integration of dysgraphers and use of specific methodological techniques to be worked in schools for children with this disorder in order to improve development and school performance of the same.

Keywords: dysgraphia, learning, writing, awareness, identify methodological techniques.

1. INTRODUÇÃO

A disgrafia é uma dificuldade de aprendizagem do aluno relacionado à escrita que interfere na realização de tarefas básicas no ato de escrever ligada a um problema perceptivo-motor, conhecida também como letra feia.Tal problema não compromete o intelectual, ao contrário, geralmente digráficos são crianças muito inteligentes, porém sua dificuldade está na escrita, pois o indivíduo não consegue recordar da grafia da letra para escrever.

Levando- se em consideração tudo o que foi abordado sobre a disgrafia, nota-se um grande problema no ensino de séries iniciais em questão de ensino-aprendizagem, pois se percebe a presença de uma parcela de indivíduos que apresentam disgrafia, apesar de não ser algo muito evidente, onde no geral crianças tendem a apresentar escritas diferentes, mas quando saber que se trata de um transtorno na escrita?

Dentro desse contexto, existem várias problemáticas que nos cercam há tanto tempo como, por exemplo, a metodologia que está sendo aplicada, se é eficaz para o aprendizado dessas crianças ou se essas crianças estão psicologicamente ou fisicamente bem. Com base nesse estudo, a disgrafia torna- se um caso preocupante, pois se sabe que alguns professores não se importam com o desempenho escolar de seus alunos tão pouco se propõem em ajudar.

Logo, um trabalho desse tipo relacionado ao problema de crianças que apresentam disgrafia pode ser muito eficaz, na medida em que objetiva identificar os fatores que levam a dificuldade de aprendizagem por disgrafia para não comprometer o rendimento escolar de alunos digráficos,a partir de propostas, representados por três objetivos: conscientizar educadores e futuros educadores sobre a disgrafia; enfatizar a importância da identificação das crianças com disgrafia na escola e abordar técnicas metodológicas precisas a serem usadas por professores para um bom desempenho e eficácia no ensino-aprendizagem dos alunos disgráficos, o que pode auxiliar na busca de soluções para esse transtorno de aprendizagem tão frequente.

Esta pesquisa é de cunho bibliográfico, qualitativa e descritiva, segue o procedimento de levantamento de dados bibliográficos através de técnicas de fichamento, resenha e resumo. Além disso,o trabalho está organizado de acordo os seguintes aspectos: a disgrafia no processo de ensino aprendizagem, o papel da escola na identificação dos digráficos, tipos de disgrafia ea identificação e o tratamento.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 A disgrafia no processo de ensino- aprendizagem

A disgrafia é caracterizada por uma deficiência na escrita ligada a um problema perceptivo-motor. Entretanto, ela não esta associada a nenhum comprometimento intelectual, pois os disgráficos são pessoas normais e com grandes capacidades. É também conhecida como letra feia, pois a criança tenta recorda-se da escrita, não obtendo sucesso, uni inadequadamente as letras tornando-as ilegíveis. Isso pode ser evidenciado por Garcia (2008):

Alguns disgráficos possuem uma disortografia, que são emaranhados de letras, que acontece quando os disortográficos apresentam falha na memorização no que acarreta em erros ortográficos. Isso pode levar a vários fatores que iniba a criança na hora de escrever, pois o que era para ser prazeroso torna-se uma tortura. Com toda essa situação a criança sente-se inibida comprometendo seu progresso na sala de aula

Um exemplo dessa inibição é relatado por Brito (2004), onde em uma situaçãoa professora pede que os estudantes redijam um texto, e o disgráfico, envergonhado pela a letra feia, conclui que nem vale à pena escrever, o que abala a auto-estima da criança.

Cinel (2003) afirma esse conceito dizendo que:

A disgrafia é a perturbação da escrita no que diz respeito ao traçado das letras e à disposição dos conjuntos gráficos no espaço utilizado. Relaciona-se, portanto, a dificuldades motoras e espaciais. Logo, crianças disgráficas são aquelas que apresentam dificuldades no ato motor da escrita, tornando a grafia praticamente indecifrável.

Loreset al (2005, p 9) ao realizar um trabalho na escola Nossa Senhora da Conceição em Benguela, sobre a dificuldade de aprendizagemna dislexia e disgrafia no ensino de adultos, constatou que: a disgrafia é o distúrbio da palavra escrita que se caracteriza por uma leve coordenação motora, apresentando a mesma letra com movimentos diferentes.

Em alguns casos, a disgrafia associa-se com a disortografia, que são erros ortográficos, cuja criança, amontoa letras para esconder seus erros de escrita. A mesma e caracterizada por trocas de letras, devido suas semelhanças fonética e fonológica. Todavia devem-se levar em conta alguns fatores que levam a esse condicionamento da escrita Então, segundo Garcia (1998):

A disortografia é caracteriza-se por troca de fonemas na escrita, junção ou separação indevida das palavras, confusões de sílabas, omissões de letras e inversões. Além disso, dificuldades em perceber as sinalizações gráficas como parágrafos, acentuação e pontuação.

Domingues (2010, p. 12) em seu estudo intitulado Dislexia, Disgrafia, Disortografia e Discalculia:diagnóstico e intervenção psicopedagógica, percebeu outro aspecto da escrita disortográfica, afirmando que:

A disortografia não afeta a grafia, ou seja, a criança necessariamente não será disgráfica, pois o traçado da palavra é preservado quanto a sua qualidade. O disortográfico, com frequência, infringe as regras gramaticais da língua no que diz respeito às estruturas das palavras e textuais.

Também é preciso saber que, a disgrafia nem sempre se co-relaciona com a disortografia, portanto, é necessário conhecer as definições e características de ambos problemas, para poder ser feita a identificação correta.

Hoje com os meios de comunicação em alta, crianças e jovens tendem a treinar menos a letra cursiva, exemplo disso são os computadores, que disseminam um novo padrão de vida, tirando da pedagogia os cadernos de caligrafia. Entretanto, sem esses cadernos, a atenção de pais e educadores deve ser redobrada.

Se o treinamento da letra cursiva existe desde cedo, seria possível identificar os disgráficos. Porém, com a prática em desuso, professores e pais podem confundir digrafia com preguiça (GUSMÃO, 2001).

Portanto, se os pais colocassem seus filhos para treinarem a letra cursiva em casa desde cedo, saberiam que se trataria de uma disgrafia ou não.

Segundo Wajnsztejn, (2009):

A disgrafia não e algo adquirido quando criança, porém ocorrem de duas maneiras: a disgrafia pura ocorre ainda durante a gestação e já nasce com a criança, ela não é adquirida A disgrafia pode ocorrer em adultos também, mas somente quando ocorre uma lesão, como um derrame, que pode comprometer a coordenação motora de mãos e braço.

Entende-se que a disgrafia afeta em geral crianças em idade de alfabetização. Até as três primeiras séries é normal que as crianças façam confusões ortográficas, pois os sons e palavras impostas ainda não são dominados por elas. Para tanto, é preciso cuidado e atenção, caso ainda aconteça essas trocas ortográficas com o tempo.

2.2 O Papel da escola na identificação dosdisgráficos.

A escola e todo corpo docente, em especifico educador, exercem um papel primordial no ensino- aprendizagem.Quando a criança apresenta dificuldades de aprendizagem é muito comum conflitos entre pais e professores. Todavia, é necessário que pais e professores devam estar juntos para trabalhar no auxilio do desenvolvimento da criança. Pois, pais e professores tem uma tarefa muito importante na identificação desse problema nas crianças disgráficas, assim como afirma Campanudo (2009) em seu argumento:

Ainda assim é lamentável, pois alunos que não apresentam rendimento escolar são ignorados por outras crianças e até mesmo por seus professores. Nesse caso, é muito importante o papel do professor, pois ele deve ministrar bem essa situação, de maneira que não haja descriminação, propondo brincadeiras que ajude na socialização e atividades em grupo para que todas as crianças percebam seu papel social. Deve também evitar que essas crianças que apresentam essas dificuldades, não se sintam menosprezadas e retraídas, pelo contrário, mostrar a elas seus aspectos positivos e do que elas são capazes.

Promover a socialização destas crianças disgráficas requer paciência e compromisso, de maneira que não haja discriminação tanto pelos colegas quanto pelos próprios educadores.

2.3 Tipos de disgrafia

SegundoCaraciki (2006) existem dois tipos de disgrafia: a motora (discaligrafia) e a perceptiva.

A disgrafia motoraé a dificuldade motora que a criança encontra na hora de escrever as letras, ainda que ela saiba ler e falar, ou seja, a criança vê a figura gráfica, porém não consegue realizar seus movimentos. Por outro lado, na disgrafia perceptivaa criança não consegue fazer relação entre o sistema simbólico e as grafias que representam os sons, as palavras e frases. Após a análise dos tipos, Caraciki (2008) verifica-se ainda dentro desses tipos as seguintes características:lentidão na escrita; letra ilegível; escrita desorganizada; traços irregulares ou muito fortes que chegam a marcar o papel ou muito leves; desorganização geral na folha por não possuir orientação espacial; desorganização do texto, pois não observam a margem parando muito antes ou ultrapassando; desorganização das letras: letras retocadas, hastes mal feitas, atrofiadas, omissão de letras, palavras, números, formas distorcidas, movimentos contrários à escrita (um S ao invés do 5 por exemplo); desorganização das formas: tamanho muito pequeno ou muito grande, escrita alongada ou comprida; o espaço que dá entre as linhas, palavras e letras é irregular; ligar as letras de forma inadequada e com espaçamento irregular

Essas crianças podem ser extremamente brilhantes, capazes de excelentes idéias, porém completamente incapazes de passar para o papel o potencial de suas cabeças (WAJNSZTEJN, 2009).

2.4 Identificação e tratamento:

Há sempre dúvida na hora de identificar quando se trata de um transtorno, pressa ou preguiça, por isso é preciso estar atento para as características da disgrafia. Dessa forma Caruso (2008) afirma que:

Deve-se sempre procurar investigar, saber como a criança esta se sobressaindo na escola. Um teste bastante relevante é pedir que a criança escreva em uma folha sem linhas, se o resultado for uma escrita lenta, com letras irregulares e fora das margens, é hora de preocupar-se. Além disso, os disgráficos têm dificuldades em organização espacial: daí, a escrita em que as palavras parecem “subir e descer o morro”..

Caruso (2008) diz ainda que:

Também é preciso fazer exames mais específicos como: oftalmológico, audiológico e eletroencefalográfico. Pois quanto mais cedo, mais chances de reverte o quadro do disgráfico. Além disso, devem-se levar em conta outros fatores que ajudam os pais a identificar a disgrafia antes da alfabetização do filho, pois se você leva a criança a uma festa junina, por exemplo, observe se ela tem ritmo para acompanhar as músicas, memória para fixar os passos e atenção os movimentos.

O tratamento envolve um grupo de especialistas como: neurologistas, psicopedagogos, fonoaudiólogos e terapeutas. Pois e muito importante o acompanhamento desses profissionais para a resolução desses problemas(WAJNSZTEJN, 2009).

Porém, para Caruso, 2008, o tratamento é muito relativo, pois depende de cada caso. O objetivo maior é alcançar uma letra legível.O ponto principal é trabalhar com o corpo, com exercícios como manusear a argila e massagens, e depois partir para o específico, que é a escrita e outros problemas, como o de memória.

3. METODOLOGIA

O trabalho abrange o contexto escolar, com o objetivo de identificar os fatores causadores da disgrafia nesse ambiente.

A Metodologia a ser trabalhada é do tipo qualitativa de cunho bibliográfico e descritiva, que visa o levantamento de dados na literatura e a caracterização dos ambientes escolares dentro do padrão de ensino-aprendizagem a partir de uma pesquisa de revisão bibliográfica.

Dessa forma, essa metodologia foi estrutura propondo-se três tipos de medidas, que na realidade são apenas propostas a serem trabalhados ou enfatizados dentro do ambiente escolar: a conscientização de professores e futuros educadores sobre disgrafia, a identificação das crianças digráficas e a abordagem de técnicas metodológicas a serem trabalhadas com educadores em sala de aula.

A primeira medida abrange a questão da conscientização de educadores e futuro educadores a respeito da disgrafia no âmbito escolar. Dessa forma, propõem-se a promoção de eventos ou projetos, onde poderão ser realizadas palestras dentro das escolas voltadas para: o esclarecimento sobre do que se trata a disgrafia, quais são os aspectos negativos que ela traz para o processo ensino-aprendizagem, qual o papel da escola na identificação dos disgráficos, os tipos de disgrafia e o tratamento.

A segunda proposta a ser trabalhada é uma abordagem sobre a importância da identificação das crianças com disgrafia na escola nas reuniões de planejamento. Como instrumento de identificação poderá ser apresentada aos educadores uma ficha para coleta de dados, objetivando a partir dos aspectos abordados na mesma, a identificação dos alunos disgráficos dentro da escola, para buscar medidas metodológicas específicas a serem trabalhadas com essas crianças portadoras desse transtorno.

A ficha proposta para a identificação de alunos digráficos poderá conter cinco aspectos, organizados em lacunas, que poderão ser selecionadas (marcadas) de acordo com a percepção do professor, são eles: lentidão na escrita, letra legível, traços muito leves ou fortes que chegam a marcar o papel, escrita desorganizada e o espaço irregular dado entre as linhas, palavras e letras. E uma dada coluna de observações, onde o professor poderá expor sua identificação sobre o problema.

Dentro da terceira e última medida que é referente à metodologia trabalhada por professores nas escolas, busca-se o incentivo aum aperfeiçoamento, ou mudança desses profissionais com relação às técnicas metodológicas dos mesmos trabalhados em sala de aula, que até então não são suficientes, tornam-se ineficientes ou simplesmente não existem para serem postas no ambiente escolar dos alunos disgráficos.

O método pedagógico proposto para ser trabalhado com disgráficos foi baseado no trabalho de Cinel(2010). As técnicas metodológicas abordam o preparo do aluno para escrever com correção e legibilidade, é trabalhar com ele, desde o início, atentando para a grafia correta das palavras, a forma das letras, a uniformidade no traçado, o espaçamento, o ligamento e a inclinação da escrita em relação ao espaço onde se está escrevendo.

I- A forma da letra:cada letra tem uma forma característica. A clareza de traçado então reside em escrever cada letra na sua forma exata. A letra cursiva deformada pode ser a causa mais poderosa de ilegibilidade. Por exemplo: se o aluno não fecha o círculo do a, pode-se lê-lo como u ou ce;

II-Uniformidade: a letra cursiva, em nosso alfabeto, apresenta quatro características no traçado em relação à linha:

• só há uma letra cujo traçado sobe e desce – f;

• há seis letras com haste ascendente – b, d, h, k, l, t;

• há seis letras com haste descendente – g, j, p, q, y, z;

• há treze letras que chamamos de pequenas –a,c,e,i,m,n,o,r,s,u,v,w,x.

Aprender a manter a uniformidade no traçado significa formar hábitos de escrita que obedeçam às quatro características apontadas.

III- Espaçamento: o espaçamento é importante fator que concorre para a legibilidade. É preciso verificar:

• Se há espaço entre uma letra e outra, na palavra;

• Se há espaço entre uma palavra e outra;

• Se há espaço entre uma frase e outra;

• Se há espaço entre parágrafos.

Quando os espaços entre as letras não são uniformes, há prejuízo na leitura; o mesmo acontece entre as palavras. Especialmente no quadro-de-giz, o professor deve cuidar para que fique um espaço adequado entre as palavras, principalmente nas séries do 1o ciclo. Isto evita que as crianças que estão mais afastadas do quadro vejam as palavras, uma como continuação da outra, copiando- as como se fossem uma só. É preciso cuidar, também, o espaço entre frases, tendo em vista as letras com hastes.

IV- Ligamentos: na letra cursiva, os ligamentos também são fatores importantíssimos para a legibilidade: letras que formam uma palavra devem ser ligadas entre si. A omissão de ligamentos provoca no leitor uma tendência à leitura de uma palavra por partes, simulando diferentes palavras. Em se tratando de crianças que lêem o que escrevemos no quadro-de-giz ou em folhas xerografadas, a nossa omissão de ligamentos pode concorrer para a ilegibilidade. O aluno, geralmente, escreve como o professor ensina.

V- Inclinação: a letra cursiva de uma pessoa destra se apresenta ligeiramente inclinada para a direita. Isto favorece a leitura. A inclinação da letra pode depender da posição que se adota para escrever, mas essencialmente, depende da posição em que se coloca o papel aonde vai escrever. Um aluno sentado de frente para sua mesa deverá colocar a folha de papel ou a de seu caderno levemente inclinada para a esquerda. Desse modo, a letra sairá ligeiramente inclinada para a direita. Quanto maior a inclinação do papel, à esquerda, maior a inclinação de letra à direita. Crianças que escrevem com a mão esquerda deverão inclinar o papel para a direita.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Sobre a conscientização de educadores e futuros educadores no âmbito escolar com relação à problemática da disgrafia, percebeu-se que esse tipo de medida é de extrema importância e necessidade para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem dentro das escolas, uma vez que, há um grande déficit educacional de crianças que certamente tem uma íntima relação com algum tipo de transtorno de aprendizagem, inclusive a disgrafia, onde está inserida a discriminação proveniente, de certo modo, por esse falta de conscientização. Dessa forma, Tavares (2008, p.10), argumenta que:

É inaceitável que crianças, jovens e adultos ainda hoje sejam discriminados por apresentarem dificuldades de aprendizagem (troca de letras, sílabas, numerais, etc.) alcançando um rendimento inferior aos demais... O pior é que ainda falta informação profissional dos educadores para lidar com essas diferenças. É exatamente por esse motivo que julgamos fundamental e necessária a discussão sobre esse tema.

Enfatizando essa análise percebe-se ainda que a conscientização pode trazer para a maior parte das instituições educacionais a presença de profissionais cientes sobre os transtornos de aprendizagem, pois o que percebe-se hoje é que não há uma percepção por parte dos educadores das diferenças no desenvolvimento do processo de aprendizagem entre os alunos. Nesse sentido Tavares (2008, p. 5) afirma:

As dificuldades de aprendizagem devem-se basicamente ao fato de que a escola não estaria levando em conta as diferenças de desenvolvimento e desempenho de suas crianças. Os professores estariam esperando classes repletas de crianças idealizadas, quando, na realidade, a clientela que se encontrava nesses locais é outra...

Todavia, Tavares (2008, p. 13) prossegue seu ponto de vista, explicando os novos meios que hoje são mais usados e evidenciados na busca da melhoria do processo de aprendizagem das crianças com dificuldades.

No entanto, hoje, as causas das dificuldades de aprendizagem das crianças estão sendo buscadas em instâncias do processo educativo, desde a política e a legislação educacional até a situação do professorado, à formação e à valorização profissional do professor e suas condições de trabalho... Dá-se, portanto, uma mudança de foco.

A importância da identificação das crianças disgráficas no ambiente escolar é de grande relevância para o aperfeiçoamento do ensino-aprendizagem, na medida em que, essa identificação pode permitir gradualmente um resultado eficaz na questão da escrita, visando uma integração mais justa dos disgráficos dentro da vida social.

Essa afirmação pode ser evidenciada por Campanudo (2009, p 14), onde é especificado que o domínio da escrita, assim como o da leitura e do cálculo, é o ponto de partida para o sucesso das aprendizagens futuras, de forma a fomentar a inserção e interação necessária à vida em sociedade.

Essa análise é reforçada por Fávero &Calsa (2003, p. 4), quando afirmam que, a sociedade exige do indivíduo o domínio da leitura e da escrita, o saber escrever tem uma dimensão que ultrapassa a sala de aula, logo é indispensável para que o indivíduo se integre e se adapte ao meiosocial.

Um ponto muito importante a ser frisado com relação à identificação das crianças com dificuldade de aprendizagem ocasionada por transtornos, onde está inserida a disgrafia, é o cuidado no momento de salientar a abordagem dessa identificação, pois a mesma poderá trazer preocupações ou ansiedades desnecessárias ao aluno, a família, e até mesmo aos professores. Tavares (2008) enfatiza isso da seguinte maneira:

Esses alunos, quando constatado que são portadores de alguma dificuldade de aprendizagem, num grau leve ou severo provocam ansiedade tanto na família quanto na escola e nos profissionais de educação, pois esses sabem que tal limitação acarretará problemas de ajustamento social e na base da aprendizagem, visto que a convivência e a vivência humana se dão por meio da leitura e da escrita. Isso é o que tem sido cultivado pela nossa cultura

Nesse sentido, Tavares (2008, p. 6) prossegue sua análise crítica apresentando uma solução:

Rotular crianças como sendo anormais por possuírem dificuldade de aprendizagem, é um hábito que deveria ser banido da relação de conceitos existentes na mentalidade humana. O fato é que deveria existir uma fase de preparação, conscientização e até amor em relação a esse educando. Infelizmente, nossa cultura estimula algumas reações emocionais e reprime outras.

Para auxiliar nesse processo, a utilização da ficha de identificação dos alunos disgráficos poderá contribuir como um instrumento de avaliação parcial sobre a problemática do transtorno de disgrafia dentro das escolas, pois ela contém aspectos relevantes a serem analisados pelos educadores, que ajudarão na formulação, por parte dos professores, de um plano de tarefas metodológicas concernentes com as dificuldades apresentadas pelos disgráficos na escola.

Segundo Cinel (2010), uma análise cuidadosa dos dados apresentados pela ficha oferecerá ao professor as melhores condições para a elaboração de um plano de atividades para sanar ou minimizar os problemas detectados.

Com relação à abordagem de técnicas metodológicas para serem trabalhadas em sala de aula, essas poderão contribuir no desenvolvimento do ensino aprendizagem dos alunos portadores do transtorno, tendo em vista que a maioria dos professores não tem o domínio, a eficácia, ou simplesmente não possuem metodologias específicas a serem aplicadas. Copovilla&Copovilla (2004, p. 20) corrobora esse ponto do seguinte modo:

Numerosas investigações mostram que os professores de educação regular se percepcionam como não estando preparados para ensinar crianças com dificuldades, referindo baixa percepção de auto-eficácia a nível pessoal e de ensino e considerando ineficazes as adaptações instrucionais e curriculares na sala.

Gusmão (2001, p. 17) explica essa falta de preparação dos educadores para lhe darem com situações adversas de aprendizagem escolar.

Pois, se faz necessário a capacitação desses profissionais, para solucionar e identificar fatores que levam a esse distúrbio e comprometendo a aprendizagem desses alunos disgraficos.

5. CONCLUSÕES

De acordo com levantamentos bibliográficos, percebe-se então que a conscientização apresenta-se como fundamental para a difusão de informações a partir de medidas como a promoção de eventos ou projetos dentro das escolas que esclareçam à priori, a problemática da disgrafia, para que somente a partir daí seja feita a correta identificação dos disgráficos e formulação ou reformulação de técnicas metodológicas específicas para serem aplicadas dentro das escolas. Dessa forma, fica evidente a necessidade de identificação das crianças disgráficas no ambiente escolar, tendo em vista que é somente a partir dessa identificação que poderão ser tomadas medidas para serem trabalhas com a problemática.

Porém, verifica-se uma dificuldade nessa identificação, pois não é raro encontrar educadores que consideram de início, alguns alunos preguiçosos e desinteressados, essa atitude esconde a prática docente do professor, que atribui ao aluno, certos adjetivos por falta de conhecimento sobre o assunto em questão, muitos professores desconhecem por completo que essas crianças podem apresentar algum problema de aprendizagem na escrita.

Logo, é imprescindível, que o professor, antes de rotular seus alunos, se interesse pela identificação, passando a usá-la como um instrumento de avaliação eficiente e indispensável para o aprimoramento de seu trabalho dentro da sala de aula e, principalmente, para sanar problemas como a disgrafia que são verdadeiros entraves para o desenvolvimento e rendimento escolar dos alunos.

Ao analisar os resultados da pesquisa contatou-se que a conscientização é um ponto primordial para a difusão de informações no ambiente escolar, objetivando auxiliar na identificação de disgráficos e na elaboração de metodologia para serem trabalhadas; assim como a identificação também é fundamental para dar início a processos metodológicos e pedagógicos que venham a auxiliar no ensino-aprendizagem dos disgráficos; além disso, percebeu-se também que os educadores em sua maioria não têm técnicas metodológicas ou essas são ineficiente e insuficientes paras serem aplicadas no âmbito escolar de crianças que apresentam o transtorno em estudo.

Nesse sentido, percebe-se que os professores hoje, não apresentam metodologias específicas elaboradas para trabalhar em sala de aula com alunos digráficos, pois geralmente, as dificuldades que os alunos apresentam na escrita se devem a falhas no processo de ensino, nas estratégias inadequadas escolhidas pelos docentes ou por desconhecimento do problema ou por despreparo.

Portanto, para que tal situação mude é necessário que esse profissional adquira metodologias eficientes para que a sala de aula venha a ser um ambiente favorável à construção do conhecimento e de igualdade das dificuldades de aprendizagem que por acaso se apresentarem.

Além disso, é necessário que o educador seja comprometido, criativo, dinâmico e que respeite as individualidades de cada educando, valorizando a realidade e as vivências dos mesmos, para que, numa ação conjunta e integrada, possa favorecer e estimular a cooperação, o diálogo, a democracia e a autonomia do indivíduo e do grupo, onde o prazer de estar na sala de aula seja comum a todos.

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Elisa Sousa
Enviado por Elisa Sousa em 07/12/2011
Código do texto: T3376502