A Influência do Professor de Educação Infantil: a natureza do vínculo na vida humana

A Influência do Professor de Educação Infantil: a natureza do vínculo na vida humana

Autora: Solange Gomes da Fonseca

Resumo: o objetivo do artigo é a origem da natureza do vínculo na vida humana. O artigo enfatiza as contribuições significativas e os pontos frágeis apresentados na influencia do professor de Educação Infantil. Considerando a passagem do biológico para o cultural, através das relações sociais, e afirmando a necessidade de criar vínculos, como ponto de intersecção entre o biológico e o humano, o qual leva à sociabilidade.

O professor do novo milênio também precisa aperfeiçoar-se para se adaptar as novas exigências do mundo globalizado e de um meio mais afetivo em sala de aula, não esquecendo das diferenças sociais, culturais e educacionais que marcam essa natureza do vinculo na vida humana do aluno, através da sua influencia como professor da fase da pré-escola.

É comum encontrarmos, na Educação Infantil, um laço forte que une a criança ao seu primeiro professor. Por vez, o professor identifica entre seus alunos aqueles que se expressam em pensamentos e sentimentos com maior facilidade e desenvoltura, e aqueles que, ao contrario apresentam dificuldades de se expressarem em pensamentos e sentimentos.

Mas, o êxito desse vinculo na vida humana esta ligada ao comportamento afetivo do professor com o desempenho da classe, criando um vinculo de amizade na vida humana dessa criança, que vai estender-se no ensino/aprendizagem de Educação Infantil, transformando a sala de aula em um ambiente alfabetizador mais eficaz e prazeroso, onde o processo de alfabetização escolar sofre a influencia positiva do professor.

A finalidade do artigo é trabalhar e mostrar o vínculo, criando condições para uma vida humana na alfabetização escolar, e assim, possibilitando na Educação Infantil a importância da criança viver o presente com todos seus direitos, na busca da superação de um mundo castrador e desumano.

Nesse cenário, um aspecto de grande importância apresenta diversos pontos inconscientes e, que emergem como objeto de reflexão no desenvolvimento infantil, que se refere ao vinculo que a criança da Educação Infantil vai estabelecendo com a figura humana do professor.

À luz do materialismo histórico e social, em particular, duas idéias sustentam o ponto de partida desse artigo: a primeira é a de que o homem é um ser histórico que, através do trabalho (nas relações homem/mundo) transforma a natureza (realidade objetiva que existe fora e independentemente da consciência), ao mesmo tempo em que se transforma, o que faz dele, a partir dessa relação com o mundo natural e social, sendo produto de cultura e de si mesmo. E a segunda, é a de que os fenômenos não podem ser compreendidos separadamente, mas devem ser considerados do ponto de vista das relações interpessoais entre o professor e as crianças, já que comportam contradições, paradoxos e conflitos.

É certo que os tipos de vínculos que são formados entre o professor e a criança diferem de uma espécie para outra, sendo mais comuns àqueles que existem entre os pais e sua prole, e entre adultos. Com efeito, apesar da propensão dos seres humanos estabelecerem fortes vínculos com outros seres, sendo evidente durante os primeiros anos da infância, e sustentando esse comportamento durante toda uma vida.

No entanto, com a idade, a frequência e a intensidade desse vínculo vai diminuindo gradativamente. Desse modo, apesar das idéias dos teóricos no assunto contribuírem com significativas parcelas e subsídios na busca de um instrumento interpretativo para a compreensão coerente acerca do vinculo, é na perspectiva histórico-cultural em Psicologia, que se torna possível compreender que a necessidade de criar vínculos, não deve ser pensada apenas em termos biológicos, mas deve ser pensada principalmente em termos de relações sociais evocadas na/pela cultura.

Nesse sentido, é por sua singularidade que a perspectiva teórica marca lugar entre as produções sobre o fenômeno do vinculo na vida humana. Portanto, há uma tendência permanente do ser humano criar vínculo e manter relações com o outro. Também, nesse sentido, o sorriso pertence ao mesmo tempo tanto à ordem da afetividade, quanto à ordem da cognição, atuando com um duplo papel: o orgânico e o social.

Trazendo as reflexões empreendidas para o campo do assunto que ocupa este artigo, pode-se dizer, em síntese, que o homem é um ser social por natureza, pelo fato de estar ligado à existência do outro e de manifestar uma necessidade vital de complementaridade. Em outros termos, há uma natureza biológica da sociabilidade que só pode ser entendida através do suporte da afetividade.

Numa de suas obras, Wallon (1995), afirma que através de sinais, os indivíduos identificam e reconhecem quem é o outro, se ele é estranho ou se ele é familiar, se ele pode se aproximar desse outro ou não. Mas, para isso, os indivíduos conferem a essas funções uma significação, distribuindo as atividades biológicas numa dimensão simbólica.

No campo humano, para ultrapassar esse tipo de sociabilidade são instituídas as relações sociais. Desse modo, considerando que o outro é um ser imprescindível para a realização das relações sociais e que essas, por sua vez, são constitutivas da pessoa, ficando evidente a necessidade de se criar vínculos na vida humana, e não, podendo ser explicada, apenas no mundo animal, uma vez que é essa, mesma necessidade, imersa no mundo simbólico ou da significação, que leva a sociabilidade humana.

Dessa maneira, a necessidade de criar vínculos instaura um ponto de intersecção entre dois campos, a sociabilidade biológica e a sociabilidade humana, pois se não houvesse a necessidade de criar vínculos, não haveria relações sociais, do mesmo modo que, se não houvesse relações sociais não haveria como o vinculo se instituir na vida humana.

A importância deste artigo acaba se justificando, principalmente pela necessidade que se verifica, hoje, de se repensar o papel e a influência do professor de Educação Infantil no papel social da atual profissão. Assim como sua necessidade de estar em constante formação, sempre se aprimorando e buscando meios que o incentive ser o ator das mudanças demandadas pelo mundo contemporâneo e não apenas reflexo delas.

Desempenha um papel fundamental no desenvolvimento harmonioso da criança, contribuindo para um maior equilíbrio na idade adulta é o caminho da criação de vínculos, como exemplo positivo a ser seguido na sua vida humana.

A maioria de nós recorda com grande saudade as amizades e a primeira professora, no inicio de nossas vidas escolares. Alguns até tem a sorte de conservá-las na vida adulta, enquanto outros, nem sequer se lembram dos nomes do seu primeiro professor de Educação Infantil. No entanto, foram essas as primeiras pessoas que compartilhamos nossas primeiras descobertas, descobrindo assim, um significado mais abrangente para palavras como estima, camaradagem, amizade e entendimento do mundo.

Nesta etapa é muito importante o modelo que se faz a partir dos pais, dos seus amigos e da relação que tem com eles. Crianças que convivem com pessoas diferentes no seu ambiente, e cuja família valoriza os amigos, apresentam maior facilidade de estabelecer vínculo para sua vida humana com o seu professor da pré-escola.

Acredita-se que a amizade entre a criança e o seu professor da primeira infância estimula o psiquismo, produzindo benefícios tanto para a saúde física, como para a saúde mental. Pois, são ativadas áreas do cérebro que liberam a alegria e o bem-estar.

Pesquisas nesta área demonstram que a colaboração, o intercambio e o reconhecimento do outro diminuem a agressividade, a desconfiança ou a própria tensão.

A alegria compartilhada e o apoio emocional vivenciado ativam o sistema imunológico e, por consequência, facilita a natureza desses vínculos para a vida humana.

De fato, um vínculo criado na infância é uma lembrança boa que ira acompanhar a criança pelo resto de sua vida, e trazer um sorriso aos lábios sempre que recordar do seu professor de Educação Infantil.

A importância do trabalho do professor e da criança no processo de construção desse vínculo afetivo é motivador e sedutor, para que a aprendizagem e a confiança mútua se desenvolva com naturalidade e eficiência.

Aqui tem um artigo escrito por quem já trabalhou nessa fase da pré-escola, e dedicado para os professores de Educação Infantil, que seguem seu rumo a missão dedicada com os olhos do saber e a paixão pela arte de educar.

O artigo, também estar voltado, de modo geral, para todos os professores que, neste século tem a coragem de enfrentar o dia-a-dia das salas de aula, marcando presença na busca e na esperança de dias melhores.

É um artigo endereçado aos professores ‘ousados’, que não tem medo de se envolver afetivamente com seus alunos. Pois, a ousadia precisa fazer parte da vida desses professores para que eles possam assumir riscos dos encontros, para que não os transformem em desencontros.

Desde o nascimento, quando a criança começa estabelecer um vínculo de comunicação com as pessoas que a rodeiam, tocando as pessoas, mamando, chorando, olhando, degustando, ouvindo e cheirando, ela inicia um processo de descoberta e de aprendizado que perdura por toda vida e aumenta a medida em que o prazer, pela exploração do meio e pelas situações que lhe são oferecidos históricos, culturais e socialmente.

Portanto, procuramos enfatizar no decorrer do desenvolvimento da temática desse artigo, bem como na formação dos professores responsáveis pelo desenvolvimento destas crianças na fase do pré-escolar, a importância da sua influência no aspecto sócio-afetivo, cognitivo, linguístico, psicomotor e espiritual, na busca e na construção dos vínculos para uma vida humana, e na realidade inovada, objetivando personalizar os trabalhos educativos, acabando dessa forma, com adoção de modelos pedagógicos estruturados em função de uma educação ultrapassada. Onde, diante dessas observações, julgamos ser necessário que o professor da pré-escola entenda o porque do vinculo afetivo ser necessário, enquanto recurso pedagógico e humano, uma vez que, ele ocupa um papel específico no desenvolvimento infantil e poderá seguir por toda uma vida humana.

Ao representar a realidade, o homem ira operar de acordo como grupo cultural e com os signos utilizados pelo seu grupo social, em que se insere, e o símbolo básico para todos os grupos humanos é a linguagem vista como um sistema simbólico de todos os grupos humanos é vista por Vygotsky (1994), apresentando a função social do intercambio, possibilitando ao homem comunicar-se com seus semelhantes, indo alem dos sons, gestos ou expressões.

Sendo assim, Vygotsky faz uma relação com o aprendizado escolar e enfatiza a importância de se conhecer o nível de desenvolvimento da criança, destacando o professor como sendo o personagem que interfere diretamente na formação do caráter pessoal e social da criança, e consequentemente, fortalece esse vinculo na vida humana.

Se pensarmos que o estimulo de maiores atividades em grupo oferecem amplas possibilidades de desenvolver um processo educativo, em que os valores de solidariedade e participação estão presentes na formação da criança, logo, vamos verificar que a teoria de Piaget (1970), se encontra presente na Educação Infantil para ser praticada, questionada, analisada, criticada, aprofundada e enriquecida através da influência do professor da pré-escola, como vínculo do conhecimento humano no universo de tantas experiências.

Referências

. BOWLBY, J. Formação e rompimento dos vínculos afetivos. 3ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001;

_____ Apego: a natureza do vinculo. 2ed. São Paulo: Martins Fontes, 1990, v. 1

. PIAGET, J. A construção do real na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1970;

. PINO, A. As marcas do humano: às origens da constituição cultural da criança na perspectiva de Vygotsky. São Paulo: Cortez, 2005;

.SKINNER, B. F. Ciência e comportamento humano. São Paulo: Martins Fontes, 1989;

. VYGOTSKY, L.S. a formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 5ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994;

. WALLON, H. As origens do caráter na criança. São Paulo: Nova Alexandria, 1995.

Solange Gomes da Fonseca
Enviado por Solange Gomes da Fonseca em 12/12/2011
Código do texto: T3384762
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