“ROUSSEAU E O EVANGELHO DOS NOVOS TEMPOS: UMA VISÃO”

Antes de tecermos qualquer comentário ao tema acima proposto, torna-se necessário nos reportarmos ao grande movimento de transformação da mentalidade do século XIII, o Iluminismo, cujo objetivo era levar o homem a pensar, entrando em pauta pela primeira vez os “Direitos do Homem”, tendo como maior representante Jean Jacques Rousseau,o mais difícil e complicado dentre os personagens iluministas,motivo pelo qual levara Luis Roberto Salinas Fortes dizer que “camaleonicamente”,Jean Jacques Rousseau escapa a todas as classificações.

Num primeiro momento, pode-se dizer que Rousseau é um Calvinista de criação. Acreditava profundamente na existência de um Deus Supremo que rege o Universo, conforme as Escrituras Sagradas. Portanto, ele não é materialista, nem ateu. Por outro lado, possui certo ecletismo intelectual voltado tanto para a música, quanto para a política e pedagogia, o que, levara a produzir obras muito significativas, das quais se destacam: ”Discurso sobre as Ciências e as Artes”, na qual ele defende a tese de que as grandes invenções, as Ciências, as Artes e as Letras, ao invés de melhorar o homem, o havia deteriorado, aumentando ainda mais o fosso das desigualdades sociais, cuja idéia o tornaria um traidor do Iluminismo diante dos olhos dos enciclopedistas da época.

Para explicar sobre a “desigualdade”, ou seja, a distância entre “ricos e pobres”, este pensador lança uma segunda obra intitulada: ”Discurso sobre a Origem e a Desigualdade entre os Homens”, argumentando que a desigualdade social não é natural, mas decorre da história dos homens e suas relações, as quais dão origem aos males sociais entendidos como “miséria e opulência”, ”governante e governado”. Tais diferenças, segundo Rousseau precisam ser eliminadas. Neste sentido, o autor ataca a “Civilização” e a organização social de sua época.

Guiado pelo propósito de acabar com as desigualdades sociais, este iluminista ainda lançaria duas obras diferentes, mas complementares: ”Do Contrato Social”, á nível político, e “O Emílio”, á nível pedagógico. Na primeira ele trata da conciliação entre Liberdade e Autoridade, onde o papel deste último é de tutelar os direitos e a liberdade do indivíduo, sendo a tirania deste Estado, substituída pela Liberdade, levando em consideração a expressão da vontade geral, dos interesses comuns, humanos e Universais. Assim, o homem só será soberano e feliz quando desaparecerem as diferenças, e o caminho para atingir tais objetivos é a Educação, tema central da obra O Emílio, personagem e ou o próprio educando. Nesta obra contém as etapas de uma Educação a ser seguida pelos indivíduos, para que estes se tornem mais livres e soberanos, mais autênticos e autônomos, cuja idéia norteadora é de que o homem nasce naturalmente bom, mas a sociedade o corrompe.

Neste sentido, a “Liberdade e Soberania”,mais do que “Liberdade e Igualdade”,são noções básicas dessa filosofia incompreendida, mas ao mesmo tempo convertida durante a Revolução Francesa em um verdadeiro “Evangelho dos Novos Tempos”. Porém, Rousseau foi considerado perigoso e subversivo, tendo que passar boa parte de sua vida fugindo e brigando, inclusive com os próprios Iluministas.

Rousseau era apaixonado pelo Iluminismo, mostrando-se contraditório e incompreendido no seu tempo, sendo rotulado como louco e desvairado. Esta situação o levou a distribuir panfletos pelas ruas de Paris, nos quais diziam: “EU NÃO SOU ESTE MONSTRO QUE VOS FALAM. EU SOU UM HOMEM INOCENTE!”.

Contudo, Rousseau só começa a ser entendido no século XX, talvez porque o que ele escreveu serviria apenas para a posteridade, deixando assim um legado histórico muito importante para a humanidade, principalmente no campo educacional, derivando daí sua maior contribuição para o Iluminismo, tornando-se um dos melhores e maiores “iluminados“de todos os tempos.

TERÊ ARCELES
Enviado por TERÊ ARCELES em 27/01/2012
Reeditado em 27/01/2012
Código do texto: T3465620
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