Escola e familia, juntas no desafio de educar

Abrange-se que toda aprendizagem começa em casa, em meio à família e de maneira informal, mas extraordinariamente marcante, para todo o processo de aquisição de conhecimento que se seguirá ao longo da vida. Observa-se que é uma matriz modeladora, uma base indispensável, que apesar de ser causal e empírica, prepara a criança, organiza seu mundo interno, inicia-se a sua socialização e inserção na cultura na qual nasceu.

Percebe-se, entretanto que historicamente, esse papel não só cabe a família. A escola, os meios de comunicação, a igreja e o meio social também têm grande influência na educação das novas gerações. Conforme Maturana, “ a escola e a família como fatores externos podem ser consideradas fontes de recursos ou de limites para criança no seu processo de aprendizagem e desenvolvimento.”

Estuda-se que na maioria das culturas, o ingresso da criança na escola corresponde a uma fase de desenvolvimento socialmente decisiva. Verifica-se que nesta etapa, a criança experimenta a necessidade de ser reconhecida pela valorização das tarefas pelo meio ambiente. O aprender na escola, torna-se especialmente marcante nas etapas iniciais de escolarização, cumpre papel no processo do desenvolvimento da criança. Sabe-se que no processo de aprender, variáveis afetivas e cognitivas são consideradas como importantes na compreensão e no envolvimento da criança, influenciando o desempenho escolar.

Avalia-se que a vida em família é onde se inicia a aprendizagem emocional, nesse caldeirão íntimo aprendemos como nos sentir em relação a nós mesmos e com os outros vão reagira eles; aprendemos como avaliar nossos sentimentos e como reagir a eles; aprendemos como interpretar e manifestar nossas expectativas e temores. Aprende-se tudo isso não somente através do que nossos pais fazem e do que dizem, mas também através do modelo que oferecem quando lidam, individualmente, com os seus próprios sentimentos e com aqueles sentimentos que se passam na vida conjugal.

Aprende-se que ter pais emocionalmente inteligentes é em si de enorme proveito para criança. Observa-se que a maneira como um casal lida com os seus sentimentos além do trato direto com a criança, transmite sábia lições para seus filhos, que são aprendizes espertos, ligados com os mais leves sinais emocionais na família.

É sabido que o sucesso escolar depende, em grande maioria, de características emocionais que foram cultivadas nos anos que antecedem a entrada da criança na escola, por isso, a importância, da família e a sua grande responsabilidade na educação das crianças, pois, é na família, principalmente, que as crianças moldam sua forma de se relacionar embora essa aptidões continuem a formar-se durante todo período escolar. É sabido que crianças com transtorno de déficit de atenção são capazes de obterem ótimos resultados escolares desde que seus pais estimulem a sua inteligência emocional para aprendizagem escolar, na qual, confirma que “ o conhecimento avança quando o aprendiz enfrenta questões sobre as quais não havia parado para pensar.” ( WEISZ, 2002, p.71).

Ciente dessa importância da família na aprendizagem das crianças a escola precisa repensar sua relação com as famílias.Hoje, se não houver maturidade e visão pedagógica por parte da escola, as reuniões com os pais viram arenas, onde a escola fica na defensiva e os pais fazem sua catarse de erros pedagógicos e parentais do passado...

Escola e Família esquecem que essa vida é uma passagem e que nosso papel só se enriquece se temos como objetivo compartilhar, dividir e contribuir para que outros vivam melhor, principalmente aqueles com quem convivemos e amamos.

Haver uma aliança entre pais e professores é altamente produtivo e eficaz. Ambos devem agir em conjunto. A própria escola tem de mostrar coesão e transparência, trabalhando em equipe, entre si, e em relação à família de seus alunos.

Sempre acredito que o mais forte e amadurecido abrirá a porta da liberdade e da conscientização.

Acredito que a Escola pode dar o primeiro passo, pela própria base de formação da qual é portadora.

Sabemos que os pais exercem extrema influência, mais do que eles próprios imaginam.

Educar demanda uma grande responsabilidade. "A educação começa no berço", dizem.

Na verdade, a educação começa ainda no útero. Sabe-se através de pesquisas recentes que a criança ouve "ruídos" do mundo externo e sabe distinguir a voz do pai e da mãe. Sendo assim, no berço, começa a aprender as relações interpessoais.

Mas, isto diz respeito à educação informal. E quanto à educação formal?

A educação informal é aquela que se aprende no dia - a - dia com as pessoas de nosso círculo familiar ou amigos. É nela também que se aprendem as regras do convívio social, cabendo aos pais ensinar estas regras, já a educação formal ou acadêmica é função da escola e seria uma continuação da educação familiar.

Por vários motivos (falta de tempo por ambos terem que trabalhar), os pais colocam seu filho cada vez mais cedo na escola e delegam seu papel de primeiro educador à escola.

No livro do Paulo Freire "Professora sim, Tia não", Paulo Freire tenta resgatar o verdadeiro papel da escola. Ser Professor (a) é muito mais do que ser babá ou substituto dos pais. Educar é muito mais que ensinar boas maneiras, ler e escrever. É criar consciência crítica e formar um cidadão em cada um de seus alunos.

Definido os papéis de cada um, podemos descrever uma situação que deveria ocorrer para que haja uma educação efetiva e a formação de um verdadeiro cidadão (no caso de uma criança em idade escolar de 6 a 14 anos).

Mesmo com pouco tempo, pequenas coisas podem ser feitas, porém muito importantes. É extremamente gratificante para a criança quando os pais se interessam pelo seu progresso na escola. Isto pode ser feito, perguntando o que a criança fez na escola, vendo seu boletim e, sempre que possível, comparecendo às reuniões de pais e mestres. A escola deve deixar claro para os pais a importância dessas e outras atitudes, desde as primeiras reuniões.

Aliás, é importante ter em mente que as reuniões de pais e mestres não são para falar mal ou bem do aluno, ou do filho, e sim reportar seus progressos e dificuldades, discutindo melhorias ou soluções de problemas.

A participação dos pais na escola é importante para a escola e para o filho. Pais e escola devem educar juntos (e não separados) para um bem maior. A criação de um verdadeiro cidadão, construtor de um futuro melhor para as próximas gerações, depende dessa aliança.

Escola e Família precisam resgatar a tradicional parceria e, em minha opinião, isso só pode ser feito se os erros do passado forem relegados a segundo plano e um processo de confiança mútua for reconstruído.