Avaliação escolar

Avaliar é determinar a valia ou o valor de, é o que diz o dicionário. Avaliar é algo complexo, exige julgamento de alguém acerca de determinado assunto, por exemplo. Na escola a avaliação determina se um aluno é considerado capaz ou incapaz, por todos, principalmente pelos professores que valorizam tanto a prática dos testes e provas que acham que devem servir de referência para a aprovação de um aluno dentro de uma instituição de ensino. Mas será que testes e provas são realmente indicadores de que os alunos estão aprendendo sobre os conteúdos lecionados pelos professores?

As avaliações que são propostas pelas escolas criam um temor exagerado nos alunos que em vez de serem estimulados a estudar, ganhando assim conhecimento, temem os testes e as provas decorando e reproduzido um conhecimento que poderá ser assimilado ou não. Como desenvolver no indivíduo o hábito pelo estudo sem que se sinta obrigado por pais e mestres?

Os professores determinam o que deve ser estudado e aprendido por seus alunos. Estes não participam de um projeto interessante que é a seleção de conteúdos para o aprendizado de uma determinada disciplina. Momentos como este podem aproximar professores e alunos em vez de distanciá-los cada vez mais no cotidiano escolar.

O que leva um professor a pensar que um simples pedaço de papel pode, de fato, avaliar um aluno em determinada matéria?

Que conceito tem esse professor em relação ao seu aluno para medir o seu conhecimento apenas através de notas numéricas ou conceitos ou, por outra medida qualquer?

Essas e outras perguntas nos levam a pensar com mais prudência a respeito do que estamos fazendo com nossos alunos em relação a avaliar, medir, sempre em função de uma determinada matéria e não, como um todo.

Será mesmo que estamos sendo justos aplicando esse tipo de avaliação, apenas tentando medir um conhecimento específico? Qual seria a verdadeira definição para isso?

Hoffmann (1993) afirma que geralmente os professores se utilizam da avaliação para verificar o rendimento dos alunos, classificando-os como bons, ruins, aprovados e reprovados. Na avaliação com função simplesmente classificatória, todos os instrumentos são utilizados para aprovar ou reprovar.

A finalidade da avaliação é um aspecto crucial, já que determina, em grande parte, o tipo de informações consideradas pertinentes para analisar os critérios tomados como pontos de referência, os instrumentos utilizados no cotidiano da atividade avaliativa.

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcançar com seus alunos. Nesse sentido, a avaliação muitas vezes tem sido utilizada mais como instrumento de poder nas mãos do professor, do que como feedback para os seus alunos e para o seu

próprio trabalho.

Na realidade, é comum ouvir dos professores, os famosos "chavões" sempre indicando o desempenho ruim de alguns alunos, esquecendo-se de que esse desempenho pode estar ligado a outros fatores que não só o contexto escolar.

Muitos professores fazem uso da avaliação, cobrando conteúdos aprendidos de formas mecânicas, sem muito significado para o aluno. Chegam até mesmo a utilizar a ameaça, vangloriam-se de reprovar a classe toda e/ou realizar ‘vingança’ contra os alunos inquietos, desinteressados, desrespeitosos, levando estes e seus familiares ao desespero.

O professor deve ver seu aluno como um ser social e político, construtor do seu próprio conhecimento. Deve percebê-lo como alguém capaz de estabelecer uma relação cognitiva e afetiva com o seu meio, mantendo uma ação interativa capaz de uma transformação libertadora e propiciando uma vivência harmoniosa com a realidade pessoal e social que o envolve. O professor deverá, ainda, ser o “mediador” entre o aluno e o conhecimento, proporcionando-lhes os conhecimentos sistematizados.

Atualmente as escolas enfrentam com grande frequência um inimigo poderoso: a família. Se por vezes as famílias são o esteio, outras se revelam o oposto, infelizmente. A estrutura familiar é de suma importância em qualquer circunstância, porém nem sempre é o que vemos ou presenciamos, muitas vezes.

O desequilíbrio familiar é um inimigo em potencial. Pode parecer cruel essa afirmação, no entanto é o que vemos dos os dias nas escolas. Pais desequilibrados, sem qualquer domínio sobre seus filhos que, numa ação quase que defensiva inverteram os papéis para obterem uma liberdade que não têm ainda maturidade para usar.

A avaliação tem um significado muito profundo, à medida que oportuniza a todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexão sobre a própria prática. Através dela, direciona o trabalho, privilegiando o aluno como um todo, como um ser social com suas necessidades próprias e também possuidor de experiências que devem ser valorizadas na escola. Devem ser oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela humanidade.

Nesse sentido, faz-se necessário redimensionar a prática de avaliação no contexto escolar. Então, não só o aluno, mas o professor e todos os envolvidos na prática pedagógica podem, através dela, refletir sobre sua própria evolução na construção do conhecimento.

O educador deve ter, portanto, um conhecimento mais aprofundado da realidade na qual vai atuar, para que o seu trabalho seja dinâmico, criativo, inovador. Assim, colabora para um sistema de avaliação mais justo que não exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem, mas o inclua como um ser crítico, ativo e participante dos momentos de transformação da sociedade.

Malu Castro

Malu Castro
Enviado por Malu Castro em 05/04/2012
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