DISTÚRBIOS NA APRENDIZAGEM DA LEITURA E ESCRITA.

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ

LETRAS HABILITAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA

ARTIGO CIENTÍFICO

DISTÚRBIOS NA APRENDIZAGEM DA LEITURA E ESCRITA

Maria Vanábia Alves¹

Resumo: O presente trabalho tratará dos principais distúrbios contidos no processo de leitura e escrita e busca realizar um levantamento sobre as principais causas e problemas relacionados à aprendizagem das mesmas. A análise das dificuldades de leitura e escrita auxilia a compreender os processos envolvidos nessas habilidades. A pesquisa teve como subsídio teórico, Poppovic (1968), Silva (1994) e Colomer (2002). De início fala-se dos pré-requisitos indispensáveis para a aprendizagem da leitura e escrita, em seguida traz uma breve abordagem do processo das mesmas e por fim apresenta alguns dos principais distúrbios relacionados à leitura e escrita, trazendo também suas possíveis causas.

Palavras-chave: Leitura. Escrita. Causas e Distúrbios.

1. INTRODUÇÃO

Este artigo aborda como tema os principais problemas envolvidos nos processos de leitura e escrita, também conhecida como dificuldade de aprendizagem, é uma das patologias fonoaudiológicas que mais gera dúvida em relação ao diagnóstico e a forma de tratamento, principalmente por haver uma diversidade de caracterizações por parte dos autores nessa patologia. E nasceu primeiramente da curiosidade, como também da necessidade de ter conhecimento sobre um problema que possui grandes chances de vim a ser encontrando em crianças, adolescentes e nossos futuros alunos.

Os primeiros anos da criança na escola são fundamentais em relação ao processo de ensino de leitura e o processo de construção da escrita que passam por níveis distintos que vai desde ao pré-silábico ao silábico como foi caracterizado por Emília Ferreira. E ao atingir o último estágio a criança já consegue ter um “domínio” desse sistema. “A fala, a leitura e a escrita não podem ser consideradas como funções autônomas e isoladas, mas sim como manifestações de um mesmo sistema, que é o sistema funcional da linguagem” (Poppovic, 1968, p.29). Porque elas resultam do desenvolvimento de várias funções e servem como base ao sistema funcional da linguagem.

A reflexão teórica sobre a prática no campo de ensino é uma atividade particularmente complicada na área da língua, mas nem por isso pode se deixar de considerar imprescindível. Sendo assim ler e escrever que são respectivamente, decodificar, entender, compreender uma ideia que está escrita em um papel e objetos variados e a última é transmitir para o papel ou objetos que permite serem gravados códigos ou símbolos que passem uma mensagem, devem receber reais estudos e atenção nos problemas que dificultam esse processo por parte de todos os profissionais da área educacional, pais e principalmente professores.

2. PRÉ-REQUISITOS PARA A AQUISIÇÃO DA LEITURA E ESCRITA

Quando se fala das dificuldades de leitura e escrita são muito importantes que sejam questionadas as condições da criança que vai inicia esse processo, verificando se ela já adquiriu suficiente desenvolvimento físico, intelectual e emocional, bem como todas as habilidades necessárias para aprender, e é responsabilidade do alfabetizador desenvolver situações que envolvam objetos e o próprio corpo do aluno, atividades motoras que visam preparar a criança antes de começar as atividades gráficas. Os pré-requisitos mais importantes na aquisição da leitura e escrita serão destacados no decorrer do tópico. Segundo Poppovic (1968, p.29) “prontidão para a alfabetização significa ter um nível suficiente, sob determinados aspectos, para iniciar o processo da função simbólica, que é leitura, e sua transposição gráfica, que é a escrita”.

Na pré-escola, todos os aspectos da percepção devem ser trabalhados: o visual, o auditivo, o táctil, o olfativo e o gustativo. O Esquema Corporal é uma habilidade que implica no conhecimento que a criança deve tem do seu próprio corpo, caso contrário, terá dificuldade de se locomover no espaço ou escrever obedecendo aos limites da linha ou da folha, falta de orientação espacial e postura. A lateralidade é definida como a preferência pelo um lado do corpo, no que dizem respeito à mão, as crianças que não têm esse pré-requisito definido pode apresentar escrita ilegível. A criança que inicia o processo de alfabetização deve possuir as noções de posição e orientação espacial, sem isso ela pode confundir letras como b e d, q e p e pular uma ou mais linhas durante a leitura. È necessário também que seus olhos funcionem bem é através deles que ela vai perceber as semelhanças e diferenças, de formas e a memória visual.

Nesse mesmo sentido temos a audição, seu funcionamento é imprescindível na aprendizagem da leitura e escrita e cabe a pré-escola a ensinar a discriminar sons, principalmente quando as letras têm sons parecidos (f, v, p, b, etc.). A habilidade de ritmo dá a criança à noção de duração e sucessão, no que diz respeito à percepção de sons no tempo e sua falta podem causar uma leitura lenta e pontuação inadequada. A memória cinestésica é a capacidade de a criança reter os movimentos motores necessários á realização gráfica. Á medida que a criança entra em contato com o universo simbólico (leitura e escrita), vão ficando retidos em sua memória os diferentes movimentos necessários para o traçado gráfico das letras. Que nada mais é do que a ajuda do professor no inicio da aprendizagem da escrita de indicar por onde a criança deve começar o traçado das letras e os movimentos que deve fazer. E por último a alfabetização só deve ser iniciada depois que a criança for capaz de pronunciar corretamente todos os sons da língua.

3. PROCESSO DA LEITURA E DA ESCRITA

O método que uma escola adota para propõe o ensino da leitura e escrita reflete-se necessariamente sobre a sua concepção do que é ler e o que é escrever. A criança desde muito cedo é atraída pela atividade da escrita, seu interesse por lápis e papel já começa por volta dos dois ou três anos de idade. Assim, os primeiros rabiscos e desenhos são vistos como gestos, seria mais ou menos, elas fazem vários círculos e dizem que desenharam um carro.

A escrita é uma das formas superiores de linguagem, que requer que a pessoa seja capaz de conservar a ideia que tem em mente, ordenando-a numa determinada sequência e relação. É planejar e esquematizar a colocação correta de palavras e ideias no papel. “O seu domínio da escrita resulta de um longo processo de desenvolvimento de funções comportamentais complexas, no qual participa e atua e que leva para a sala de aula” (Silva, 1994, p.12). Para se chegar à aprendizagem da escrita é necessário percorrer um longo caminho. No ato de escrever há uma relação entre a audição (palavra falada), o significado (vivência da criança) e a palavra escrita. Ao copiar uma palavra a criança deverá fazer uma discriminação visual de cada detalhe da palavra, observar o traçado gráfico de cada letra, ter em sua vivência o significado da palavra copiada e reproduzir graficamente a palavra no papel. Como existe sempre relação entre a palavra e o som, a criança precisa primeiro aprender a ler para depois escrever.

No processo de leitura ocorre o que chamamos de decodificação, ou seja, o envolvimento da discriminação visual dos símbolos impressos e a associação entre a palavra expressa e o som que envolve o relacionamento dos símbolos gráficos com os sons que eles representam, a criança tem de diferenciar visualmente cada letra impressa e perceber que cada símbolo gráfico tem um correspondente sonoro e a compreensão e análise crítica do que foi lido, o indivíduo percebe os símbolos gráficos, compreende seu significado, julga e assimila os fatos de acordo com a sua vivência (currículo oculto que ele traz do meio cultural e social em que vive). Ao adquirir a linguagem auditiva, a criança vai diferenciar, por exemplo, o símbolo CASA de outros símbolos que ouve e vai associar essa unidade auditiva ao objeto. A seguir, ela retém esse símbolo para uso futuro e, dessa forma, torna-se capaz de recorda-ló ao falar com outras pessoas.

4. DISTÚRBIOS NA APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA

Nós últimos anos, o termo distúrbio de aprendizagem tem despertado grandes discussões relacionadas á definição, as reais causas e os procedimentos terapêuticos. Essas discussões levantaram questões importantes, dentre as quais, qual profissional está habilitado para intervir nos diagnósticos e tratamentos, atuando ativamente na diminuição dos atrasos e dificuldade que poderão surgir no aprendizado da leitura e escrita.

Um distúrbio que tem se tornando cada vez mais frequente é a Dislexia, distúrbio de linguagem, especialmente dos sons da fala, que prejudica a leitura e a escrita e geralmente aparece quando a criança está sendo alfabetizada. É causada por alterações nas áreas do cérebro responsáveis pelos sons da linguagem e dos sistema que transforma o som em escrita. A criança disléxica tem dificuldade de escrever letras e números corretamente, ordenar as sílabas de palavras compridas e incapacidade parcial na compreensão da leitura. Na maioria das vezes, elas são taxadas de preguiçosas e desatentas, o que acaba agravando ainda mais o caso. Os disléxicos devem receber tratamento especializado e necessitam do auxílio do professor que tem um papel de suma importância em vários distúrbios.

Nesse sentido, a criança pode apresentar dificuldade auditiva e visual de reter informações, podendo ser incapaz de recordar os sons das letras, de juntar os sons para formar palavras ou ainda de memorizar sequências, não conseguindo lembrar as ordens das letras ou sons dentro das palavras. Esse distúrbio de memória resulta de disfunções do sistema nervoso central e frequentemente se manifesta no aspecto visual ou só no auditivo. Sendo bastante indicando como distúrbio de leitura.

Dando continuidade, temos a Disgrafia que é a dificuldade é passar para a escrita o estímulo visual da palavra impressa. Caracteriza-se pelo lento traçado das letras, que em geral são ilegíveis. A criança disgráfica apresenta desordem no texto, margens malfeitas ou inexistentes, espaço irregular entre as palavras e distorção das formas das letras. Existem vários níveis de disgrafia, desde a incapacidade de segurar um lápis até de copiar figuras e palavras mais complexas.

Outro distúrbio também relacionado com a escrita é a Disortografia que pode ser caracterizada pela incapacidade de transcrever corretamente a linguagem oral, havendo trocas ortográficas e confusão de letras. Essa dificuldade não implica a diminuição da qualidade do traçado das letras. As trocas nas palavras são normais nos anos iniciais, mas caso continue após isso, o professor deve avaliar as dificuldades na escrita dos seus alunos, principalmente por aqueles que trocam letras ou sílabas de palavras já conhecidas e trabalhadas em sala de aula. Os principais erros que uma criança com disortografia pode apresentar são: confusão de letras em relação ao som (surdas, sonoras, nasais e orais); confusão de palavras com grafia semelhantes e uso de palavras com o mesmo som para várias letras como azar/asar.

Infelizmente, são muitos os distúrbios relacionados à área da leitura e escrita e esse número vem crescendo a cada dia. Aqui foi abordando somente alguns dos principais distúrbios.

5. CAUSAS DOS DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA

Os distúrbios de aprendizagem na área da leitura e da escrita podem ser atribuídos ás mais variadas causas, como causas orgânicas, psicológicas, pedagógicas e sócio-culturais. As orgânicas são deficiências que podem ser apresentadas pelas crianças como paralisia infantil, paralisia cerebral, além das intelectuais como retardamento metal ou diminuição intelectual. As psicológicas são desajustes emocionais provocados pela dificuldade que a criança tem de aprender, o que gera ansiedade, insegurança e autoconceito negativo.

Os métodos inadequados de ensino, falta de estimulação pela pré-escola dos pré-requisitos necessários á leitura e á escrita, falta de percepção, por parte da escola, do nível da maturidade da criança, iniciando uma alfabetização precoce; falta de domínio do método pelo professor e atendimento precário das crianças devido a superlotação das classes, todos fazem parte da causa psicológica. As causas sócio-culturais correspondem à falta de estimulação, criança que não faz a pré-escola e também não é estimulada no lar; desnutrição, encontrada em maior escala nas crianças de famílias carentes; privação cultural do meio e marginalização das crianças com dificuldades de aprendizagem pelo sistema de ensino comum.

Dentro dessa perspectiva temos o ambiente doméstico que exerce um importante papel para determinar se qualquer criança aprende bem ou mal. As crianças que recebem um incentivo carinhoso durante toda a vida tendem a ter atitudes positivas, tanto sobre a aprendizagem quanto sobre si mesmas. Essas crianças buscam e encontram modos de contornar as dificuldades, mesmo quando são bastante graves.

6. METODOLOGIA

Para a realização deste artigo, optou-se por uma pesquisa de cunho biográfico, utilizado obras como Ensinar a Ler, Ensinar a Compreender; Alfabetização: escrita espontânea (Silva) e Alfabetização: disfunções psiconeurológicas (Poppovic). Além de estudos, leituras e pesquisas em outras fontes como sites e revista TV escola, que possibilitaram mais informações sobre o assunto. Através dessas obras e demais fontes pode ser construído esse trabalho.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante muito tempo, pensava-se que um aluno com muitas dificuldades de leitura e escrita não visse ou escutasse de forma apropriada, logo elas passavam a ser atribuídas ás deficiências de processamento visual. Porém ao longo dos anos diversos estudos mostraram que essas dificuldades dependendo da gravidade, podem ser distúrbios de múltiplas causas.

Com a realização desse estudo, pode-se perceber que o insucesso escolar constitui-se em tarefa complexa e desafiadora para a qual não se tem ainda resposta acabada, o que aponta para a necessidade de buscar soluções que possam minimizar essa situação. A identificação de dificuldades na aprendizagem apresentadas nos alunos vem crescendo e consequentemente tem surgido novas concepções sobre o processo de ensino/aprendizagem.

Foi esse o resultado desse trabalho possibilitou informações sobre um assunto que deve ser conhecido principalmente por nós professores, pois devido ao convívio em sala de aula somos as pessoas que têm maior chance de perceber tais distúrbios, os quais descobertos a tempo podem ser corrigidos. Ficará a torcida, para que muitos venham a lermos.

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

POPPOVIC, Ana Maria. Alfabetização: disfunções psiconeurológicas. Ed.269 pp. Editor Vetor, 1968.

SILVA, Ademar da. Alfabetização: escrita espontânea. 2° ed. São Paulo:Contexto, 1994.( Repensando a língua portuguesa).

Vanábia Alves
Enviado por Vanábia Alves em 03/08/2012
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