ANISIO TEIXEIRA, O PAI DA ESCOLA PÚBLICA

Francisco de Paula Melo Aguiar*

O educador Anísio Teixeira (1900 – 1971) idealizou e implantou escolas públicas em todos os níveis de ensino, democratizando desta forma a educação no século XX, além de ter sido o pioneiro no Brasil em defender o aproveitamento da experiência do aluno como base da própria aprendizagem. Ele nunca se preocupou em defender suas ideias inspiradas no pensamento filosófico educacional de John Dewey (1852-1952), que afirmava que a educação é uma constante reconstrução de experiências anteriores.

Anísio Teixeira, o inventor da escola pública e gratuita para todos em todos os níveis no Brasil, foi aluno do curso de pós-graduação de Dewey na América do Norte. Diante desse contato as ideias do mestre foram projetadas pelo aluno, inclusive indo muito além do papel de mero gestor das chamadas reformas educacionais aqui promovidas através do seu pensamento filosófico. Enquanto pensador, sempre teve atitude de inquietação diante dos fatos, pois, considerava a verdade como algo definitivo, desde que continuamente se procurasse buscar.

A revolução pragmática de transformação do mundo, necessitava do aparecimento de um homem novo, dotado de capacidade e habilidade triplamente preparada para atender os objetivos ditados pela vida atual: o social, pela democracia; o intelectual, pelo incremento das ciências; e o industrial, pelas novas tecnologias, para se poder resolver os novos e velhos problemas do próprio homem. O que leva A. Teixeira a afirmar que “é necessária uma educação em mudança permanente, em permanente reconstrução”.

A partir de então as escolas passaram a ter as responsabilidades de educar em vez de instruir o aluno, passando a formar homens livres em vez de homens dóceis, preparar o aluno para o futuro incerto em vez de apenas transmitir um passado claro ou certo, além de procurar ensinar a viver com mais inteligência, mais felicidade e mais tolerância, para tanto, seria preciso reformar o pensamento pedagógico da escola, iniciando-se pela visão da Psicologia Infantil.

A didática em ação passou a exigir do aluno a compreensão e expressão do realmente foi ensinado, pois, a decoreba ou memorização deixou de ter grande importância no ato de ensinar e aprender. A aprendizagem do saber acontece através da assimilação e da vontade de querer aprender para saber agir no momento certo com suas próprias palavras. Devemos aprender ideias, fatos, atitudes, o censo crítico, desde que a escola tenha condições pedagógicas para assim exercitar.

Desta forma a criança deverá praticar a bondade na escola desde que esse sentimento seja desenvolvido internamente. A Psicologia da Aprendizagem determina que a escola deve-se transformar num ambiente de vivencia e não apenas em um local de preparação para a vida. É certo de que não aprendemos tudo que na verdade praticamos ou nos é ensinado, pois, aprendemos apenas o que nos dá satisfação e interesse pessoal, o que vale afirmar de que é necessário que o próprio educando escolha suas próprias atividades.

A escola progressiva tem as matérias ou disciplinas: Matemática, Artes, Ciências, História, Geografia, etc, onde devem ser trabalhadas em sala de aula levando-se em consideração uma atividade projetada e escolhida pelos discentes, pois, somente desta maneira estará fornecendo formas de desenvolver sua personalidade no próprio meio em que vivem. O ato de ensinar é guiar ou orientar o aluno a desenvolver o esforço necessário para resolver determinada tarefa, executar problema ou projeto.

No tocante a disciplina do educando, ele afirmava que o homem educado é aquele que sabe ir e vir com segurança, pensar com clareza, querer com firmeza e agir com tenacidade. E adianta que na escola democrática, professores e alunos devem ter liberdade para trabalhar, desenvolvendo sempre a confiança recíproca, onde o docente deve incentivar o discente a pensar e julgar por si mesmo, uma que “estamos passando de uma civilização baseada em uma autoridade externa para uma baseada na autoridade interna de cada um de nós”, conforme consta no livro de Anísio Teixeira denominado de Introdução à Filosofia da Educação.

A formação e preparação do docente para a escola atual, ocupada por discentes que na sua maioria não se contentam em aprender apenas as técnicas e conhecimentos acadêmicos mais simples, mas também as últimas conquistas da ciência e da cultura. E A.Teixeira entendia que somente com “a grande aventura de democracia que ainda não foi tentada”, seria possível dar informações sobre as tendências indefinidas e soluções aos problemas sem solução, afirmando também, que os professores do mundo todo precisavam de novos elementos de cultura, de estudos e de recursos. Na época não existia o FUNDEB, a internet, a educação a distância e poucos cursos de formação de professores de nível universitário.

O tipo de escola de tempo integral idealizada e defendida por Anísio Teixeira foi inspirada nas escolas comunitárias com seis horas diárias de duração existentes nos Estados Unidos da América. Aqui no Brasil tal concepção conceitual foi ampliada para oito horas de duração, conforme é o caso dos CIEPS, instituições que tem ou teriam que dar conta de todas as necessidades das crianças, inclusive os cuidados maternos e de moradia. A realidade daqui é limitada pelos recursos financeiros e didáticos pedagógicos, o principal problema é justamente eleger prioridades para poder tomar decisões. Precisa-se saber se quer um número menor de alunos sendo atendidos e/ou um maior número de alunos sendo contemplados com este modelo de escola, desde que seja menos sofisticado. A ideologia de A.Teixeira era ter uma escola para todos e de todas as classes, principalmente das classes menos favorecidas.

Na década de 20, o mundo cresceu e industrializou-se e daí surgiu rapidamente a urbanização, havendo a necessidade dos intelectuais pensar em reformar a educação, numa tentativa de reformar ou remodelar o país a partir do setor educacional. Os idealistas desta reforma entendiam de que somente com uma escola pública e laica, aberta para todos poderiam combater as desigualdades sociais então existentes. Este movimento nacional reformador ficou conhecido por Escola Nova e suas ideias ganhou força máxima logo após a revolução de 1930 que levou Getúlio Vargas ao poder. O manifesto da Escola Nova no Brasil pregava a universalização da escola pública, laica e gratuita, foi divulgado para conhecimento de todos em 1932. O referido manifesto foi assinado por Fernando de Azevedo (1894-1964), responsável pela aplicação da sociologia a educação e pela reforma do ensino no Estado de São Paulo na década de 30. Lourenço Filho (1897-1970), a poetisa Cecilia Meireles (1901-1964), além do próprio Anísio Teixeira. Durante décadas os pioneiros atuaram, foram publicamente criticados pelos opositores e defensores da escola particular e confessional ou religiosa católica ou protestante. Não baixaram as cabeças, suas ideais influenciaram educadores da estirpe de Darcy Ribeiro (1922 – 1997) e Florestan Fernandes (1920 -1995). As univerisades do Rio de Janeiro então Distrito Federal e a de Brasília foram fundadas e orientadas por AnísioTeixeira.

A escola publica e gratuita para todos deveria ser de tempo integral para docentes e discentes. A. Teixeira citava o exemplo Escola Parque, fundada por ele em 1950 em Salvador, capital da Bahia. Tal ideia serviu de inspiração ideológica para a fundação dos Centros Integrados de Educação Pública – CIEPS, criados por Leonel Brizola, no Rio de Janeiro, bem como as demais ideias ou propostas de escolas de tempo integral até aqui conhecidas. Valendo lembrar de que tal tipo de escola cuida desde a higiene e saúde da criança até sua preparação para o exercício da cidadania, além de ser apontada como a escola de educação primária ideal em seu livro: Educação não é privilégio. (TEIXEIRA – 1989).

A proposta educacional na ideologia do educador Anísio Teixeira é justamente: dar educação para todos, tendo em vista que democratizar a educação e universalizar a escola básica e progressivamente todos os demais graus de ensino. Entre as liberdades políticas e individuais é necessária que exista escola pública, divulgando novos paradigmas de pensamento e conhecimentos precisos ao desenvolvimento das novas tecnologias e da própria vida republicana democrática.

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FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 03/11/2012
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