O CAOS DA EDUCAÇÂO

HOJE CONVERSEI COM A PSICOLOGA

Depois de 21 anos de arrocho salarial, bombas de efeito ( i)moral, salas de aulas lotadas e alunos violentos, estúpidos e mal educados resolvi jogar a toalha, mas é só para respirar um pouco. Ao longo de 21 anos vi a vida passar, a família se esfacelar e a depressão sucatear o frágil esconderijo de minh’alma. Passei a sentir a cada dia e a cada aula a opressão do governo e seus secretários de educação. Acompanhei o que Fernando Henrique e Covas chamaram de “revolução na educação”, ou seja, uma reforma feita nas coxas trazida a plenário por Darcy Ribeiro. Nessa trajetória passei por tantas teorias importadas: Perrenoud, Hernandez, Vigotsk, Maslow, Lukesi, Delors e outros.

Desde que foram apresentados na UNESCO os quatro pilares da educação para o século XXI, que os alunos:

1) Desaaprender a Conhecer: eles não estudam mais. A busca do saber tornou-se um sacrifíco.

2) Desaprenderam a Fazer: depois da nova LDB e da progressão (des)continuada, o aluno não sabe calcular, somar, dividir e multiplicar. Não sabe escrever seu próprio nome, escrevem nomes próprios e fatos históricos relevantes com letra minúscula, confunde o sujeito com o verbo, não sabe definir coisa alguma e não consegue criar um texto com coerência e sentido. Suas ideias são desconexas por conta da “desleixia”, a doença a doença provocada pelo desleixo e descaso dos governos neoliberaispelas que adotaram uma política privatista e de sucateamento da coisa pública que produz lesões no cérebro e a perda da memória histórica e da a consciência crítica.

3) Desaprenderam a viver com os outros, PRINCIPALMENTE com o professor: a intolerância chegou ao nível do descontrole, não se pode mais chamar a atenção de qualquer aluno. A tática do toma lá dá cá, tomou-levou e o revide é tão aflorado que qualquer chamada de atenção ofende o aluno. Blindado pela redoma protetora do ECA as regras coercitivas tornaram-se banais, idem a violência. Tudo é motivo de piadas, e o professor e a professora que sempre foram vistos como modelos a seguir, hoje é rechaçado, ironizado, e alvo do vitupério, do ódio e do escárnio de jovens e adolescentes desestruturados e desajustados, descuidados, desatentos, escarnecedores e perversos. Pela ausência da educação familiar se tornaram vis, centralizadores e difíceis de lidar.

4) Desaprenderam a ser: a serem pessoas decentes, honestas, solidárias, leais, éticas, sonhadoras, deixaram de ser amáveis, poucos expressam sentimentos de emoção e condolência em relação ao sofrimento dos outros, eles brincam e riem da realidade desumana, enfim, a escola virou um lugar de brincadeiras idiotas e sem sentido algum.

As brincadeiras que eram inocentes e sem maldades agora são socos e pontapés. Se o aluno é convidado a se retirar da aula por uma atitude de indisciplina, ele retorna sorrindo da sala da coordenação, e ainda diz à toda classe: “Fui tomar um cafezinho com a diretora”. O professor fica exposto a risos e piadinhas, perde toda a autoridade, a aula acabou!

Muitos professores estão desiludidos com a profissão, estão desistindo do sonho de ensinar. Por culpa das políticas adotadas a partir da década de 1990, e com as reformas de 1993 os professores foram se perdendo entre as teorias que muitos supervisores nem sabiam explicar, mas elas estavam lá, ditando o que a escola e os professores deveriam fazer, dando as receitas que reforçavam o vírus do neoliberalismo. Os efeitos colaterais são um prejuízo irreparável para toda a sociedade. O tema da redação do ENEM deste ano foi para mostrar que o brasileiro está perdendo espaço para uma mão de obra importada, e isso se deve à falta de empenho e de compromisso dos alunos. Não foi o professor que deixou seu compromisso, ele sempre esteve á esperando o seu aluno, sonhando com um cidadão bem educado, não exatamente o aluno ideal, mas o aluno esperado era aquele que possuía a mínima condição de tocar os estudos. Mas a progressão (des)continuada trouxe o aluno analfabeto para a 5ª série (hoje 6º ano, e esse aluno carregará essa dificuldade pelo resto da vida. Ser humano estragado não se recupera facilmente, não é como um produto que se joga ao lixo, não se recicla seres humanos, e o governo ainda usa a linguagem de “reciclar professores” através de cursos baratos pela internet.

De Gabriel Chalita com sua “Pedagogia do Amor” a proposta de uma pedagogia libertadora de Paulo Freire, o que mudou e o que melhorou?

O aluno hoje é um semi-deus, centro de um universo em retalhos fruto de um mundo virtual onde a realidade é ignorada. Não importa quem está à frente, o aluno simplesmente coloca o fone de ouvidos e fica se intoxicando com o lixo musical como o punk que incentivam os gestos obscenos e insinuantes, e a escola, templo do saber passou a ser profanado, e de lócus da produção de culturas, a escola passou a ser lugar da reprodução da violência, buling etc.

Quem estudou numa escola onde o respeito era a palavra de ordem, hoje, ao entrar em uma escola percebe como a educação mudou, como a escola mudou para pior no sentido das relações aluno professor, aluno-direção e aluno-aluno. O corredor da secretaria onde há documentos é frequentado por alunos, a sala dos professores é invadida nos intervalos por alunos que simplesmente se sentem donos de todos os espaços. Não há mais delimitação de espaços porque a ideia é que o aluno é “dono” da escola. Ora, delimitar espaços faz parte da disciplina e da aprendizagem. Sem disciplina não se aprende!

Não se aprende sem regras!

ONILUAP ONABRA
Enviado por ONILUAP ONABRA em 21/11/2012
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