O Poder da Palavra

O poder da palavra

“Lutar com as palavras

é a luta mais vã.

Entanto lutamos

mal rompe a manhã.”

(Carlos Drummond de Andrade)

O papel em branco me desafia, sem criatividade, penso... Penso... Penso, mas as palavras não querem sair. Elas estão aqui dentro, inquietas, borbulhando, gritando, querendo significar alguma coisa. O quê? Indago-me sem saber como começar, o que dizer. Falar sobre o quê?

A inspiração é a única coisa que o escritor precisa ter para iniciar uma história e falar quando falta assunto. Será que todos eles, os escritores, passaram por isso. O Drummond, sim, bem me lembro do seu poema;

Poesia

Gastei uma hora pensando um verso

que a pena não quer escrever.

No entanto ele está cá dentro

inquieto, vivo.

Ele está cá dentro

e não quer sair.

No entanto eu não sou Drummond e nem Fernando Pessoa, pois este também manteve com a palavra confrontos memoráveis, mas preciso escrever sobre alguma coisa. Mas que tema escolher? Amor? Amizade? Respeito? Solidariedade? No momento só consigo pensar que as palavras têm grande poder de persuasão. Para isso, no entanto, é preciso que elas estejam escritas em um pedaço de papel qualquer ou em redes sociais para que possam ser lidas e sentidas. Se isso não acontecer de nada adiantará, pois as palavras só terão poder se forem bem utilizadas, só terão importância se forem bem escritas e organizadas sintaticamente.

As palavras têm tanto poder que se forem usadas corretamente poderão mudar as pessoas; e se elas mudarem, o mundo muda junto com elas. Por elas muitas pessoas morreram, outras continuam lutando, e o mais importante é que não precisam usar arma para combater as coisas ruins que acontecem à sua volta, basta usá-las como forma de reflexão, entretenimento, opinião, persuasão, informação, diversão, encantamento. Seja a forma que for, como serão utilizadas, elas servirão ao seu comando e raciocínio e tocarão de certa forma o coração daqueles que estiverem lendo e eles, os leitores, passarão adiante as ideias nos textos contidos, seja em forma de poesia, crônica, artigo, notícia, música, ou até mesmo numa pintura, lá estarão as palavras ocultas, subentendidas, significando exatamente o que o pintor queria expressar, uma dor, saudade, solidão, não importa. Cabe a você leitor, expectador, ouvinte, abstrair o que de melhor elas trouxerem. Seja que tema for, em todos eles sempre existirá uma mensagem direta ou subentendida, porém nem todas as pessoas são capazes de ler as entrelinhas e perceber de fato a mensagem subjacente, pois a pouca leitura que possuem, ou a falta de atenção ao texto o fazem ignorar o mais importante.

Foi pela palavra dos seus intelectuais que a França promoveu a maior revolução da história da humanidade. Só Cristo havia conduzido o povo pelo vigor convincente de suas orações.

No Brasil contemporâneo, receosos do poder demolidor da palavra junto ao povo, os Generais do período discricionário calaram a voz dos seus líderes que sabiam, como poucos, usar o poder demolidor das palavras como instrumento de transformação. Então, o que estamos esperando para ir a diante e transformar o mundo em um lugar melhor para se viver? E você, meu caro leitor? O que está fazendo aí parado? Vamos, leia, mas aproveite a leitura e produza outros textos e divulgue por aí a fora fazendo acontecer às mudanças mais importantes da humanidade, tornar a população mais crítica e consciente dos seus direitos e deveres para com ela mesma. Transforme o seu filho em um leitor crítico, capaz de tomar decisões que possam honrar o seu Estado e seu país, pois transformar o mundo, só será possível através da palavra.

Maria Nilza Oliveira de Carvalho é professora e escritora. Titular da Academia de Ciências do Piauí