A FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR

"A natureza instalou em nossas mentes um desejo insaciável de ver a verdade". Cícero.

Os colegas professores e demais especialistas da educação e áreas afins, intelectuais do saber que levam aos seus alunos e ao mundo, sabem que a Filosofia vive da alimentação de sentimentos em toda sua profundidade que sabemos que são gerados ou criados por nosso estar vivendo no mundo: da insatisfação, do espanto e do assombro. São evidentes estes sentimentos, latentes, fortes e vivos nos primeiros anos de vida de uma criança de qualquer etnia na face da terra, sem deixar de lado, que os dispositivos sociais argumentam e contra argumentam no sentido de fazer vista grossa a tal sofrimento, haja vista que acima de tudo e de todos insistem em naturalizar a vida humana da criança na sociedade como ele é e não como deveria ser no ambiente familiar e social vivenciado. Os dispositivos sociais entendem que a criança ao chegar ao mundo deve ficar calada e aceitar tudo como natural, pode feder, porém não incomoda, viver em sem teto, sem água, sem comida, sem escola de qualidade, sem médico, sem remédio, sem calçamento, sem salário, sem hospital, sem transportes, sem segurança, sem lazer, sem trabalho, sem livros, sem escola pública de qualidade, sem tudo que venha atender direta e indiretamente as necessidades básicas de uma pessoa em viva. Toda e qualquer pessoa letrada ou não, não precisa ser professor para saber que tal atitude evidencia-se quando ouvimos direta ou indiretamente em sala de aula ou em programas de rádio e televisão e/ou em jornais e revistas do mundo todo, afirmando que “ é sempre assim mesmo!”, ou então “isso não vai mudar de maneira alguma, sempre foi e vai continuar sendo assim”, inclusive parodia uma música do passado nacional de que “pau que nasce todo morre torto”, e assim por diante. Então os “sem nada” nasceram assim e vão morrer assim mesmo, como se fosse uma doença hereditária, do tipo: câncer ou tuberculose. O que vale dizer os “sem nada”, nunca vai ter nada na vida a começar da Educação Infantil, pois, seus sentimentos serão relegados e nunca atendidos pelos governos: federal, estadual e municipal. É certo de que cada dia que se passa ficamos mais incomodados no sentido de “enfadados”, de “importunados”, ou de “desgostados” e até mesmo de causadores de incômodos (todo tipo de crimes que acontecem são sempre atribuídos a pessoas que tiveram uma infância infeliz: pais pobres, desempregados, prostituídos, lares desfeitos, usuários de drogas, presidiários, etc., o que vale afirmar que serão as crianças mal cuidadas da atualidade os futuros perturbadores em todos os sentidos da mesma sociedade que não soube cuidar de suas crianças desde o seu primeiro dia de vida até formá-lo para viver na vida adulta depois dos dezoito anos. Na realidade a sociedade letrada ou iletrada, rica ou pobre, branca ou negra, feia ou bonita, religiosa ou ateia, vive se incomodando muito menos com os mais diversos tipos de arbitrariedades e injustiças sociais contra as crianças e adolescentes, a começar pelo oferecimento de um Educação Infantil do tipo “depósito de criança”, onde tem de tudo muito, menos cuidados especiais, a começar das instalações físicas da creche-escola, da merenda oferecida, do tipo de higienização diária, quase todos os dias é noticiada uma agressão contra uma dessas crianças nos lares e nas escolas do tipo “creches” em todo mundo. Existem pedófilos de plantão nos lares e na sociedade, parece com o ditado popular de que estão colocando “raposas para tomar conta de crianças”, por analogia a “raposas tomando conta do galinheiro”.

E tudo é aceito, afirma que “sempre foi assim e não vai mudar nuca”, tal afirmação fica bem clara a tentativa de justificar que o abandono e falta de cuidados especiais com crianças na idade da Educação Infantil é um fenômeno natural e que é aceito pelo universo humano, pois, isso é produto da complexa trama histórica e social da humanidade. A criança não nasce rica ou pobre, feia ou bonito, negra ou branca, ela nasce criança, para ser feliz no lar e na sociedade. Existem pais pobres, porém, nunca crianças pobres, por isso o Estado deve cuidar das crianças quando a família não tem condições de dar-lhe educação e comida de qualidade durante o inicio de sua vida.

É aí onde aparece a Filosofia na Educação Infantil para ser ensinada as crianças e aos seus professores, pois, essa conversa de tudo é natural no universo humano, porque pobre é pobre e rico é rico, por isso deve ser oferecida uma escola de terceira categoria a criança filha de pais pobres, desde a creche, não é verdade, a Filosofia enquanto ciência do amor a sabedoria, deve resistir e não aceitar tal descompromisso com o homem e a mulher do amanhã que é a criança de hoje. A criança deve ser estimulada em todos os sentidos para a vida no sentido de algo positivo e de bom, tirando-lhe das drogas e do abandono social da família e do estado.

Em síntese, a Filosofia jamais vai aceitar que no chamado âmbito da vida humana que os fenômenos são puramente naturais, pois, na realidade a criança é um ser humano, tem sua história pessoal e assim sendo todos nós estamos na História, daí sabemos e temos ciência própria de que chamado o mundo humano é na realidade um mundo do não determinado em todos os sentidos, do contingente, de modo que sempre pode ser de outra forma e ou maneira em todos os sentidos, o que vale dizer que o pensamento filosófico pode e deve pensar sempre nessa contingência, procurando seus fundamentos e suas conseqüências, para poder mostrar suas condições para potencializar e não “achar” outras contingências, modos de agir e alternativas outras para suprir, adaptar ou melhorar as existentes, e a escola de educação infantil é o inicio de tudo na vida de uma pessoa e se ela é falha nada se pode esperar em um futuro bem próximo.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 10/03/2013
Código do texto: T4181229
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