ORAÇÕES COORDENADAS E OS PERÍODOS

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Francisco de Assis Pinto Bezerra - Educador

Este ensaio toma como objeto de discussão o Período Composto por Coordenação. O Período tem associação direta com a Oração, cuja concepção é de que se trata de uma construção a qual contém sujeito e ação. Por isto, cada verbo equivale a uma oração, podendo ser uma afirmativa qualquer, a exemplo de:

- O preço da carne bovina está elevado.

- João quer seis pães carecas.

- O ministro da educação fez maiores investimentos no ensino infantil.

Como em cada afirmativa há apenas um verbo, indicado pelo termo em itálico, então estamos diante de apenas uma oração e, por conseguinte, temos apenas um período. E trata-se de um período simples, porque as afirmativas são constituídas apenas por um verbo. Quando a oração é composta por dois ou mais verbos, então estamos diante de um período composto, como bem mostram os seguintes exemplos:

- Paulo aprendeu matemática e, portanto, pode prestar o Exame Nacional do Ensino Médio.

- Penso. Logo, existo!

- Jarbas passou no vestibular. Ele ficou muito gratificante.

Mais que identificar a mera presença do verbo para sabermos se estamos diante de um período simples ou composto, devemos conferir a principal característica das orações coordenadas: Trata-se de duas ou mais situações independentes, ou seja, uma oração não exerce função, ou dependência, em relação a outra oração, em conformidade com a seguinte explicação:

- Paulo aprendeu matemática e, portanto, pode prestar o Exame Nacional do Ensino Médio.

Notem estudantes que: Paulo aprendeu matemática. È uma situação em que um sujeito empreendeu e concluiu uma ação, e pronto. Agora, a possibilidade de este ator fazer ou não o ENEM é outra questão. Então, conclui-se que ambas as orações são independentes e, por isso, são chamadas de período por coordenação.

E assim sucede-se com a seguinte afirmativa: Penso. Logo, existo! O fato de uma pessoa pensar por si só indica que este ser existe. De modo semelhante, se uma pessoa pensa é porque ela automaticamente existe. De outra maneira: o fato de eu pensar não depende da minha existência, pois eu penso justamente porque existo. Portanto, não uma situação de dependência (basta você apenas acentuar o seu raciocínio para não entrar em confusão).

Detalhe: Caso haja independência entre as orações, então entramos em um contexto de períodos composto por Subordinação.

Mas...se estamos a frente de duas ou mais orações/períodos então ambas podem ou não serem ligadas por uma Conjunção, que nada mais é do que um Conectivo, que pode ser entendido como sendo um “elo”, a exemplo do ‘e’ e ‘mas’, que une duas orações. Neste aspecto, temos duas situações:

a) Orações Assindéticas, quando não são ligadas por conjunções, como segue:

- Pedro comprou pão, fez o café, tomando-o, antes de ir trabalhar. Note que ambas as situações, além de serem independentes, não estão ligadas por nem nenhuma conjunção.

- Realizamos a reunião. A decisão principal foi à troca do sindico do predio.

Detalhe: note que de uma oração para outra podemos usar a vírgula ou ponto para encerrar a ideia ou o período. Isto fica a cargo do construtor textual.

b) Orações Sindéticas, quando as orações são interligadas por conjunções.

- Vendi a casa e, com o dinheiro, comprei um carro.

- Fui sorteado na loteria, mas perdi o prazo de pegar o prêmio.

- Fiz a prova de matemática e tirei uma excelente nota.

Atente aprendiz que a primeira questão representa uma situação de oposição (venda/compra), como também na segunda (ganho/perda). Já na terceira situação o conectivo ‘e’ expressa uma noção de adição (fez a prova e com excelência).

Detalhe: compreendermos o contexto em que se encontram as orações é de relevância, pois é justamente este contexto que define o tipo de conjunção, como pormenorizado a seguir. Portanto, como se observa, o que nos interessa é a oração sindética, àquela constituída por conjunções, isto é, as orações coordenadas sindéticas, considerando o contexto e o tipo de conjunção.

As orações coordenadas sindéticas podem ser permeadas por vários tipos de conjunções, cuja compreensão da conectividade entre os dois períodos permite mensurar e definir as respectivas classificações, em conformidade com os seguintes exemplos:

Conjunções Adversativas: Estão presentes em períodos que possuem idéias opostas, ou ainda, quando a primeira situação está oposta a outra e vice versa, como na seguinte indicação:

- Estudei muito matemática, porém tirei nota baixa.

- A reunião se apresentava favorável aos moradores, no entanto a Assembleia não aprovou a redução da taxa do condomínio.

- Muito se discutiu sobre o desequilíbrio ambiente no Peru, em 2014, mas a cúpula envolvida não chegou a um consenso para reduzir a emissão de gases poluentes.

Os exemplos acima são claros quanto às idéias adversas ou de oposição entre os períodos, o que exige a interligação de ambos por conjunção adversativa. Entre as mais recorrentes, podemos citar as seguintes: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto, etc.

Conjunções Aditivas: Apresentam como característica, como o nome sugere, a adição de ideias, ou seja, são dois contextos que se adicionam, sendo que os conectivos mais importantes são: e, mais, como também, etc., segundo as seguintes exemplificações:

- Acordei cedo, fiz o café e comprei o pão.

- Comprei carne para o almoço de hoje, mas também comprei peixe.

- Nos últimos anos o Brasil reduziu a quantidade de pessoas que conviviam abaixo da linha da pobreza, bem como vem trabalhando para reduzir o índice de analfabetismo.

Atente para as duas seguintes passagens:

- Os preços das mercadorias subiram, e o poder de compra do meu salário reduziu.

- A escola pública precisa de uma metodologia de ensino que conceda autonomia ao aluno para se tornar o centro e construtor de conhecimentos, e não de uma didática que prima pelo repasse de conteúdos acabados.

Estas duas exemplificações mostram que não devemos apenas observar o tipo de conectivo/conjunção a qual os períodos estão ligados, sob o risco de erramos na classificação do período composto. Ou seja: se formos pelo conectivo, podemos dizer que tais períodos estão inseridos por conjunção aditiva, quando na verdade estamos diante de duas situações adversativas: preços elevados e redução salarial/aluno ativo e aluno passivo. Daí a importância de se analisar o contexto em que se encontra a conjunção, e não apenas identificá-la pela sua classificação.

Conjunções Alternativas: São marcadas pela opção em que se tem que decidir, ou seja, trata-se de uma situação de escolha, caracterizada pelos seguintes conectivos: ou, ora, seja, quer, etc., como nas seguintes passagens:

- Ou tu estudas, ou assiste televisão.

- Ora tu estudas, ora pratica esportiva, ora pratica lazer.

- Na Amazônia a estações do tempo não são bem definidas, pois ora faz calor, ora faz frio, ora a temperatura fica amena.

Conjunções Explicativas: Trata-se de conectivos que explicam dada situação ou ação, permeados pelos conectivos pois, porque, visto que, etc., como nos exemplos a seguir:

- Este mês o pagamento dos funcionários atrasou, porque a justiça bloqueou a conta da empresa.

- Não conseguir ser aprovado no exame vestibular, pois não tive tempo de me preparar.

- Àquele rapaz foi detido, visto que estava furtando no centro comercial.

Conjunções Conclusivas: é o conectivo que dar ideia de conclusão de uma situação ou ação, sendo as mais corriqueiras são logo, portanto, por isso, pois, de modo que, de modo tal, etc., segundo alguns indicativos:

- Ele se preparou o ano todo, portanto tem grandes chances de passar no exame da FGV.

- Penso, logo existo.

- A seleção brasileira não estava preparada psicologicamente, de modo tal que não teve chance de chegar a final,

Mais que importante identificar e classificar o tipo de período composto por coordenação, através do tipo de conjunção, a aquisição deste conhecimento é base para a boa construção textual. Também é fundamental na compreensão e análise do contexto do qual está inserido dada mensagem.