LÍNGUA, CULTURA E TECNOLOGIA

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BEZERRA, Francisco de Assis Pinto

Economista, Consultor Acadêmico e Educador.

SANTOS, Silva Barbosa dos

Licenciada em Pedagogia.

É docente na rede pública de ensino no Município de Marituba.

RESUMO: O presente artigo avaliou o uso da tecnologia do computador no ensino de Línguas Estrangeiras, abordando os fatores digitais significativos de aprendizagem. Adotou-se como metodologia um Estudo de Revisão bibliográfica, com referencial em Lopes e Fracolli (2008), que permitiram o procedimento de busca para a obtenção dos autores para fundamentar a pesquisa. Das evidências, o estudo revela que: esta ferramenta digital, notadamente o Ambiente Virtual, coloca o aluno em condições de autonomia, na medida em que o torna receptor/emissor de informações e de produtor/leitor textual, onde o educador, atuando como parceiro deve provocar a interação e socialização da construção de Hipertextos, cuja aquisição de signos linguisticos represente aprendizagem e autodesenvolvimento do aluno. Conclui-se que a tecnologia propicia o conhecimento de Línguas Estrangeiras a partir dos seguintes fatores de aprendizagem: textos, imagens, fotos, vídeos, músicas, livros, revistas, jornais, artigos, trabalhos científicos e múltiplos Hipertextos digitais. Constatou-se ainda que: O Ambiente Virtual permite o aluno percorrer uma diversidade de caminhos, conexões e interações, compartilhando ideais, opiniões e informações sobre Línguas Estrangeiras, como resultado da exploração do computador, da Web e dos Hipertextos, o que exige um professor tecnólogo.

Palavras-Chave: Tecnologia. Educação. Informática. Línguas Estrangeiras. Aprendizagem.

ABSTRACT: This paper evaluated the use of computer technology in the teaching of foreign languages, addressing the significant factors digital learning. It was adopted as one methodology literature review study with reference to Lopes and Fracolli (2008), which allowed the search procedure for obtaining the authors to support the research. The evidence, the study reveals that: this digital tool, especially the Virtual Environment, puts the student in terms of autonomy, in that it makes the receiver / transmitter of information and producer / textual player where the educator, working as a partner should cause the interaction and socialization of construction hypertext, whose acquisition of linguistic signs represent learning and self-development of the student. It is concluded that the technology provides the knowledge of foreign languages from the following learning factors: text, images, photos, videos, music, books, magazines, newspapers, articles, scientific papers and multiple digital Hypertext. It was further observed that: The virtual environment allows the student go through a variety of ways, connections and interactions, sharing ideas, opinions and information about foreign languages as a result of the computer operation, Web and Hypertext, which requires a teacher technologist.

Key Words: Technology. Education. Informatics. Foreign Languages. Learning.

1 INTRODUÇÃO

Um dos marcos do uso de computador na Educação brasileira foi nos anos dos de 1970, cujas primeiras experiências com este equipamento foi UNICAMP e na UFRJ. A partir da década seguinte alguns estabelecimentos escolares passaram a absorver esta tecnologia no processo ensino aprendizagem, muito embora a Informática ainda não tenha total na Educação e muito menos tenha impregnado uma concepção de ensino entre os educadores (ANDRADE, 1993).

O advento e desenvolvimento da internet, acentuado a partir dos anos de 1999, permitiu contatos e informações globalizados com um “clique”, oportunizando a comunicação em tempo real e de modo automático (LEFFA, 2006). Destarte, a tecnologia do computador se tornou recurso para aprendizagem de novas culturas, em especial as línguas de povos distintos e longínquos, impondo, inclusive, uma rediscussão da educação tradicional.

O artigo aborda e discute o uso e possibilidade da tecnologia do computador no ensino de Línguas Estrangeiras. Envereda-se pelos aspectos responsáveis pela aprendizagem, da redefinição das práticas pedagógicas e da renovação do papel do professor, colocando no centro das discussões o papel do educador, o qual deve ser agente de transformação no próprio ambiente de ensino, levando em conta o contexto cultural do aluno.

Um novo modo de viver e pensar surge através da tecnologia, de modo a romper com as barreiras geográficas e sociais, em prol do aprendizado de Línguas Estrangeiras. No entanto, ambos os aprendizados geram polêmicas como tudo o que é novo; a tecnologia é vista por muitos como uma forma de alienação dos jovens, e a língua estrangeira como uma perda de cultura. Porém o ser humano precisa compreender que é necessário está sempre se adaptando as novas mudanças e exigências dos novos tempos.

Os avanços tecnológicos invadiram o cotidiano da sociedade de tal forma que a informática se tornou uma ferramenta indispensável a todos os setores da vida social. Na área da educação este ingresso tecnológico não é diferente, possibilitando os indivíduos se relacionarem e adquirirem conhecimentos e novas experiências. Em decorrência disto torna-se necessário mexer nos antigos modelos pedagógicos que, com a inserção dessas novas tecnologias, se tornaram desatualizados, indicando que os fatores de ensino aprendizagem devem ser revistos e readaptados.

Além dos fatores e metodologias de ensino ultrapassadas, outro problema que se depara na educação neste atual momento contemporâneo é que, se por um lado, o educador não está preparado e apto para lidar com as novas tecnologias, por outro, os alunos aumentam a sua faixa etária, explorando as ferramentas do computador. Afinal, a internet exerce verdadeiro fascínio sobre os jovens e, por isso, cabe aos professores encontrarem uma forma de interligar este interesse com o processo de ensino de Línguas Estrangeiras.

Considerando que a pouca qualificação tecnológica docente é um dos obstáculos ao ensino de idiomas estranhos, então: Quais são os fatores pertinentes que contribuem para o ensino eficiente de Línguas Estrangeiras?

O objetivo do artigo é avaliar o uso da tecnologia do computador no ensino de Línguas Estrangeiras em sala de aula. Como resultado desta pesquisa, busca-se mostrar os fatores digitais significativos que contribuem para este aprendizado

Além desta introdução, o artigo está estruturado de modo a descrever a metodologia, indicando o procedimento adotado para desenvolver o estudo; mostra como os autores pensam e discutem sobre a exploração da tecnologia no ensino de Línguas Estrangeiras e categorias afins; além das considerações finais e Referencias.

2 METODOLOGIA

A presente pesquisa caracteriza-se como um Estudo de Revisão bibliográfica, onde se busca a prescrição cientifica de um conjunto de autores sobre língua, cultura e tecnologia, com abordagem no ensino de Línguas Estrangeiras a partir das novas tecnologias computacionais.

Nas palavras de Lopes e Fracolli (2008) a Revisão de literatura significa:

A busca e descrição de informações sobre um tema ou um tópico que resuma a situação dos conhecimentos sobre um problema de pesquisa. O principal objetivo da revisão de literatura é fornecer uma síntese dos resultados de pesquisa para auxiliar os profissionais a tomar decisões. Neste tipo de estudo são abordados os tópicos relevantes sobre o tema, de forma a proporcionar ao leitor uma compreensão do que existe publicado sobre o assunto. Neste sentido, a revisão de literatura assume função integradora e facilita o acumulo de conhecimentos (LOPES; FRACOLLI, 2008, p. 24).

As publicações de interesse do estudo foram apenas livros, onde foram excluídos os artigos científicos, trabalhos monográficos, documentos oficiais da educação e publicações disponíveis na rede mundial de computadores.

O recorte temporal das publicações consultadas e analisadas foi a partir do ano de 1995 até o ano de 2013. O material coletado foi obtido nas seguintes fontes:

a) Biblioteca da Universidade Federal do Pará – UFPA.

b) Biblioteca da Universidade Estadual do Pará – UEPA.

c) Google/Internet: Biblioteca Virtual Nacional.

A estratégia de busca e de inclusão das bibliografias nestas fontes foi através dos seguintes critérios:

a) Autores que abordassem apenas as Línguas Estrangeiras, porém sem especificá-las.

b) Autores nacionais ou internacionais, desde que tivesse sido traduzido para a língua portuguesa.

c) Autores que abordassem as seguintes categorias de termos:

- Tecnologia na educação,

- Tecnologia no processo ensino aprendizagem,

- Tecnologia da informática,

- Tecnologia no ensino de línguas estrangeiras.

Procedeu-se da leitura e análise do material coletado de modo a permitir avaliar as possibilidades de aprendizagem de Línguas Estrangeiras a partir do uso da tecnologia da informática, mostrando uma síntese dos tópicos relevantes pesquisados.

3 A TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO

Este bloco do artigo busca fundamentar sobre o ensino de Línguas Estrangeiras a partir das tecnologias. Mostra como os autores discutem o uso da informática e suas ferramentas para difundir os conteúdos e signos ensinados.

A introdução da informática nas escolas brasileiras deu início na década de 70, primeiramente no setor administrativo das escolas, com o objetivo de organizar este setor. No decorrer deste percurso o uso tecnologia tem sido utilizado tanto em uma perspectiva de organização, como em uma perspectiva de ensino.

Nas palavras de Lucena (2003, p 238),

No Brasil a utilização de recursos tecnológicos na educação teve início com transmissões via rádio e posteriormente via TV, visando promover a qualificação profissional de trabalhadores que moravam distantes de instituições escolares, iniciando assim projetos de educação a distância numa perspectiva de autoaprendizagem (LUCENA, 2003, p. 238).

A aplicação das novas tecnologias na educação requer também novas formas de aprender e ensinar. Nesta nova era torna-se necessário a capacitação dos profissionais da educação para que estes estejam sempre caminhando juntos com estas tecnologias e não sejam deixados para trás. Tal capacitação possibilitaria este profissional a não só aprender a manusear com os recursos tecnológicos, mas também a desenvolver o trabalho junto com os alunos.

São múltiplas as possibilidades de construção do conhecimento, mas esta perspectiva exige profissionais que se disponham a desenvolver uma pedagogia de acordo com o tempo em que se vive, criando estratégias de ensino e que se tornem significativas para o educando.

Valente (1999) corrobora o novo leque de conhecimento para o educando, explicando que:

A implantação da informática, como auxiliar do processo de construção do conhecimento, implica em mudanças na escola que vão além da formação do professor. É necessário que todos os segmentos da escola (alunos, professores, administradores, comunidade e pais de alunos) estejam preparados para as mudanças educacionais para um novo profissional. Nesse sentido, a informática é um dos elementos que deverão fazer parte da mudança, porém essa mudança é muito mais profunda do que simplesmente montar laboratórios de computadores na escola e formar professores para a utilização dos mesmos (VALENTE, 1999, p. 4).

Apesar do uso das tecnologias ser visto por muitos especialistas como causador de danos intelectuais, o seu uso na educação é visto por muitos profissionais de forma positiva como um facilitador da aprendizagem.

Muitos são os estudiosos que discutem sobre o uso das tecnologias na educação, pois estas possibilitam a interação entre os indivíduos, cujos aspectos mais visíveis são a discussão de ideais, compartilhamento de opiniões e de informações difusas. Este contexto tem maior explicação na seguinte passagem da obra de Lucena (2003) ressalta:

A inserção das tecnologias na educação, com ênfase no computador ligado à internet, torna-se fundamental, uma vez que os alunos já exploram no cotidiano as inúmeras possibilidades disponibilizadas pelas novas tecnologias e tudo o que elas representam em termos de potencias para a produção e veiculação do conhecimento, bem como de outras facilidades relacionadas à vida/trabalho (LUCENA, 2003, p. 238).

A introdução da informática hoje é peça elementar no cenário educacional. As mudanças na dinâmica social, cultural e tecnológica são resultados de sua utilização como instrumento de aprendizagem e sua ação no meio social.

A tecnologia no meio educacional veio para ajudar no ensino-aprendizagem, cabe ao professor saber usufruir desta ferramenta inovadora para as suas aulas. A tendência é que o professor deixe de ser alguém que apenas fala e começa a ouvir aquilo em que o aluno pensa sobre o conteúdo ensinado. Por isso, os futuros professores, e até mesmo os atuais, precisam se utilizar de duas ferramentas essências: A tecnologia e a teoria, pois ambos não conseguem mais se dissociar um do outro.

3.1 A TECNOLOGIA NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM

A presença da tecnologia no ensino deve ter foco em informações que auxiliem na construção do conhecimento, que desenvolvam novas habilidades em cada aluno. “Os estudantes devem ter aparatos para que esse desenvolvimento se conclua notadamente o computador, no ambiente escolar” (PRADO, 2001, p. 56).

O uso de tecnologias em sala de aula é cada vez mais frequente, pois vem sendo considerada como uma significativa ferramenta de ensino de diversas disciplinas, inclusive de Línguas Estrangeiras. Aliar a língua estrangeira com a tecnologia pode facilitar o aprendizado do aluno, que com o uso de tecnologias, como a internet pode dispor de diversos meios de aprendizagem, como vídeos, filmes, músicas, textos entre outros, sempre orientado pelo educador.

A tecnologia se torna fascinante quando dentro dela encontra-se a capacidade de ensinar e criar novos ambientes de ensino aprendizagem. Neste particular, Brito e Purificação (2006):

O cenário tecnológico e informacional requer novos hábitos, uma nova gestão do conhecimento, na forma de conceber, armazenar e transmitir o saber, dando origem a novas formas de simbolização e representação do conhecimento. Para tanto necessita-se de autonomia e criatividade, refletir, analisar e fazer interferências sobre a sociedade (BRITO; PURIFICAÇÃO, 2006, p. 20).

Educar exige estar constantemente em busca de novos conhecimentos e qualificação, para sempre está inserido nas mudanças que ocorrem na sociedade e com a sociedade. Todas as disciplinas exigem um enorme esforço do educador, que sempre procura uma forma de ensinar que contagie o educando. A sociedade em que o mesmo está inserido deve ser observada para que haja uma adequação do ensino com o aluno, levando em conta que nunca se deve ultrapassar os limites de sua cultura do aluno.

Os ensinos das Línguas Estrangeiras tornam-se um desafio dependendo da sociedade em que os educandos vivem, pois a cultura se torna fator importante na forma como se deve ensinar. Cada ser humano pensa e age diferentemente e estes fatores devem ser considerados quando se trata de educação.

Desenvolver técnicas de ensino que possam envolver as tecnologias e o ensino de Línguas Estrangeiras representa meios os quais o educador deve seguir, abrangendo também aspectos culturais dos alunos, de modo a facilita a aprendizagem.

3.2 A TECNOLOGIA DA INFORMÁTICA

Um dos registros da existência do computador data desde a década dos anos de 1950, quando os Estados Unidos tiveram a necessidade de difundir a sua cultura de massa para o resto do mundo (LÉVY, 1993). Inclusive este autor, como um bom filósofo que é, foi um dos primeiros pensadores que discutiu o desenvolvimento da inteligência, como resultado da Cibernetica, oriunda do conhecimento advindo do computador.

Na sua obra “As Tecnologias da Inteligência” Lévy (1993) disserta sobre o novo formato textual online, o qual chama de Hipertexto, como também discute sobre o conceito de Ecologia Cognitiva e o Coletivo Inteligente. Para este estudo, entretanto, nos interessa o conceito, procedimento e a exploração de Hipertexto, pois é através deste recurso que o ensino de Línguas Estrangeiras pode ser concretizado.

O autor parte do principio de que na comunicação a informação se processa mediante de contexto de sentido. A partir da interação destes três elementos (comunicação, informação e sentido), o contexto é construído e o sentido emerge a partir do próprio contexto. O método da construção textual, ou Hipertexto, vai além da mente humana, visto que não segue um sentido linear de cognição, quando uma informação lhe é atribuída, como ocorrem nos textos convencionais.

Este estudioso explica sobre o Hipertexto na seguinte passagem:

Quando ouço uma palavra, esta ativa automaticamente na minha mente uma rede de outras palavras, de conceitos, de sentidos, de modelos, mas também de imagens, sons, (…). Mas apenas os nós selecionados pelo contexto serão ativados com força suficiente em nossa consciência (LÉVY, 1993, p.23).

O conjunto de nós selecionado pelo cognitivo o autor chama de “uma grande rede semântica”, que nada mais é do que o Hipertexto. Trata-se dos textos digitais online, notadamente os livros, revistas, jornais, artigos, trabalhos científicos, entre outras tantas publicações disponibilizados nos computadores.

Acompanhando raciocínio deste autor, a representação do pensamento ocorre segundo a estrutura de organização utilizada pelo emissor que expressa sua idéia. Neste mesmo sentido, as formas de expressão do pensamento alteram-se conforme as tecnologias empregadas, ou seja, a sistematização de organização do pensamento humano, em combinação a não-linearidade, é foi desenvolvido o conceito de Hipertexto, entendido como uma cadeia de informações interligadas por associações de pensamento (LÉVY, 2004).

O nó do qual o autor se refere tem maior entendimento no seguinte comentário: “[...] ao clicar sobre uma palavra, imagem ou frase um hipertexto, encontra-se outras novas múltiplas situações, eventos ou uma infinidade de textos e contextos relacionados” (LÉVY, 2004).

Com base nas ponderações deste pensador, pode-se analisar que o nó representa a palavra do qual se tem acesso outras infinidades de assuntos relacionados com o termo original. Daí não é muito lembrar que, para se desenrolar este novelo digital, o navegante tem que conhecer e ter habilidades nas diversas multimídias online e ferramentas computacionais. Neste caso, o educador tem buscar qualificação profissional para o bom andamento do ensino de Línguas Estrangeiras.

Fiderio (1988) define hipertexto a partir de dois eixos. O primeiro diz respeito ao nível básico, que é um gerenciador de banco de dados que permite a conexão entre janelas de informação por meio de associações, como é o caso dos textos. O outro eixo se refere ao nível avançado de hipertexto, abrangendo o ambiente virtual e software para desenvolvimento de atividades colaborativas, interações, criação, representação de idéias e construção de conhecimentos.

Para o acesso aos recursos computacionais e das informações, bem como para a construção de textos, conta-se com suporte, tendo como principal interface a tela de alta resolução e definição, o mouse, representações icônicas ou hiperlink, contendo o Menu, cuja ferramenta serve para organizar e administrar a produção e disposição textual.

Segundo Fiderio (1988) não basta apenas o computador para as informações compartilhadas, produção e acesso aos conhecimentos, a rede mundial de computador, a Internet, é a chave para tudo isso. É como se fosse um dos elementos base do computador, ou seja, a Web, nome técnico, permite a troca de informações e sem fronteiras entre nações, línguas, raça, gênero, religião, etc. Inclusive, o aperfeiçoamento e o avanço da Web foram significantes para consolidar o ensino a distancia, em particular o ensino de Línguas Estrangeiras.

A tecnologia do computador, assim, se tornou uma ferramenta base para difundir o ensino de Línguas Estrangeiras não apenas em sala de aula, mas no próprio domicilio, onde o aluno administrar o seu tempo de estudo, o que dispensa o ambiente fico de ensino, assim como a própria presença do professor.

Ainda de acordo com Fiderio (1988) a navegação na Web pode ser comparada com o andar a esmo na cidade, aonde vai se deixando marcas por onde passa. O autor faz ligações singulares na caminhada e pegadas deixadas, cuja lógica é se apropriar do espaço e objetos encontra. Esta comparação nada mais é do que representa o sistema de Hipertexto, o qual permite à construção da escrita da leitura e da interação, construção de marcas próprias, a reconfiguração de espaços, entre outras possibilidades.

O sistema de Hipertexto, portanto, pode e deve ser difundido dentre o educador e alunos, no sentido de adequar os textos de Línguas Estrangeiras, levando em conta o formato digital.

O sistema Hipertexto pode também representar a “oralidade digital”, em visto da escrita ou texto ficar contido na tela do computador. Neste aspecto, Lévy (2004) diz que um modelo digital não é lido ou interpretado como um texto clássico, mas é simulado, ou seja, o mesmo é explorado de forma interativa. Por isso, o autor argumenta que o conhecimento por simulação não se assemelha ao teórico e nem ao pratico, pois ele cria um ambiente que simula a atividade intelectual antes da exposição racional, aguçando fatores cognitivos, com maior pertinência à reflexão mental, criatividade e a inteligência.

A análise destas colocações permite considerar que o ensino difundido pela tecnologia do computador representa um ambiente propicio para desenvolver o aluno e a aquisição de conhecimentos. Por isso, o computador, a Web e o Hipertexto representam plataformas adequadas para viabilizar o ensino de Línguas Estrangeiras.

3.3 A TECNOLOGIA NO ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS - Ambiente Virtual

O computador, como recurso para o ensino de idiomas estrangeiros, surgiu a partir do projeto PLATO (Programmed Logic for Automatic Teaching Operations) nos anos de 1960 nos Estados Unidos (LEFFA, 2006). Este programa tinha a finalidade de ensinar a gramática, com uma abordagem estruturalista, a qual valorizava a repetição de palavras para a formação de hábitos lingüísticos. O programa de reconstrução de texto só foi possível em 1980, quando surgiu na Inglaterra o Storyboard e Adam & Eve.

Estas tecnologias passaram por mudanças e aprimoramentos no decorrer dos tempos até atingir o formato o qual se conhece. Deste modo, foi possível transformar cada nó em espaço de referência, atingindo múltiplas interações, as quais podem ser exploradas e trabalhadas em prol do ensino de Línguas Estrangeiras. Em um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), pois, cada pessoa tem a oportunidade de percorrer distintos caminhos, conexões e interações existentes entre informações, textos e imagens, podendo construir e ligar novos contextos e conexões, a partir das mídias e de recursos computacionais.

O mais interessante em um AVA é que os participantes são incentivados a ler e interpretar o pensamento do outro, bem como pode expressar o seu próprio pensamento através da escrita do Hipertexto. Pode ainda trocar idéias e experiências, realizar simulações, testar hipóteses, resolver problemas e criar novas situações, engajando-se na construção coletiva de uma ecologia da informação, compartilhando valores culturais e vivencia. Desta forma, o participante do AVA torna-se receptor e emissor de informações, assim como se torna produtor e leitor textual, ao mesmo tempo (NARDI, 1999).

A leitura do pensamento deste autor nos leva a considerar que o AVA coloca o aluno em condições de autonomia de modo a desenvolver as tarefas afins de Línguas Estrangeiras, visto que a interface do Hipertexto de idiomas estrangeiros. Pode pedir auxilio e ideias de outras pessoas as quais compartilha informações e textos estrangeiros.

Tal que Leffa (2006) destaca que a internet permitiu ao aluno usar a língua-alvo para se integrar em comunidades autênticas de usuários e trocar experiências com pessoas do mundo todo que estudassem a língua utilizada. Dessa maneira, a informática passa a ser usada no ensino de Línguas Estrangeiras como fonte dinâmica, que possibilita a integração de todas as tecnologias até então já existentes, entre elas a escrita, o áudio, o vídeo, o rádio, a televisão e os diversificados telefones celulares em um único recurso a disposição do educador e do aluno: o computador.

Além dos recursos supracitados que constituem o AVA, as Línguas Estrangeiras têm a sua disposição várias ferramentas, como o MSN, Orkut, you Tube, blogs, fotologs, ospodcasts (arquivos digitais sonoros) ou, como a maioria chama, de paginas de relacionamentos. Trata-se de recursos que permitem o uso efetivo da língua em situações diversificadas de comunicação coletiva. O ensino de Línguas Estrangeiras não fica de fora deste contexto, pois nestes condicionantes acredita-se que qualquer tipo de língua tem poder de se afirmar, uma vez que todos a absorvem os signos linguísticos ao mesmo tempo.

Não se pode esquecer o datashow, conectado a um computador, que permite aulas interativas e dinâmicas entre alunos e professor, com vista a maximizar o entendimento do conteúdo estudado. É um recurso que pode ser usado por várias abordagens, dependendo da criatividade docente, embora seja uma tecnologia de elevado custo.

Interessantes são as ponderações de Souza (2011), cujo ponto de vista é de que o mundo globalizado contemporâneo traz consigo um aspecto de justaposição de culturas de distintos povos, ou seja, os idiomas se tornam algo comum para àqueles que acessam a internet, na medida em que os internautas ficam familiarizados com culturas diversas. É notório, inclusive, termos oriundos de computador sendo popularizado, como Online, Email, You Tube, Wifi, Hotmail, entre outros itens de Línguas Estrangeiras.

Aqui cabe fazer uma análise da força da socialização dos signos lingüísticos estrangeiros, pois a repetição em massa passa a ser assimilado pelas pessoas e se prolifera dentre todas as classes, gêneros e faixas etárias. É como se fosse um “aprendizado oral do boca a boca” (Grifo e frase da Autora), pois todos falam e cantam ao mesmo tempo o referido signo e, o resultado, só pode ser a assimilação.

Com o ensino e difusão de Línguas Estrangeiras não é diferente da lógica descrita acima, porque os recursos da informática, em especial a internet, possibilitam novas interações e compartilhamento de informações, principalmente sobre a cultura de outros povos distantes. Neste caso, a busca pelo entendimento da língua do par, a qual se relaciona um individuo torna-se um desafio e é, justamente neste ponto, que se firma o ensina de Línguas Estrangeiras.

Paiva (2008) apenas reforça a socialização do aprendizado de Línguas Estrangeiras, ao considerar que a assimilação significativa de idiomas estrangeiros passa pelas práticas sociais da língua a qual se deseja aprender, isto é, o computador apenas como recurso de aprendizagem, por si só, não garante a absorção e conhecimento da Língua. O educador, contudo, deve oportunizar situações que represente interação individual e em grupo, com finalidade de o aluno construir significados em diferentes contextos de produção.

O ensino de Línguas Estrangeiras, tendo como ferramenta a tecnologia computacional, exige qualificação tecnológica do professor. Esta necessidade pode ser percebida nas relações de trabalho na educação, pois o docente deve estar preparado para desenvolver funções inovadoras no ambiente escolar, cuja pedagogia vem sendo alvo de isenção tecnológica.

Brydon (2011) denomina de “letramentos digitais” para se referir à necessidade de um trabalho pedagógico conectado, ou seja, segundo este autor, os professores têm que se ajustarem aos novos tempos digitais. Argumenta ainda que os educadores devem levantar reflexões a respeito da utilização das novas tecnologias no ambiente de ensino, com vista de afastar a concepção da utilização mecânica ou do modismo do uso do computador.

Não basta o computador e a disponibilidade dos recursos do AVA, o ensino de Línguas Estrangeiras depende também da formação docente, cuja qualificação agregue atributos para manipular com o computador. Amaral (2003) diz que a experiência profissional em saber abordar a internet pode fazer a diferença, visto que é um recurso fundamental oferecido pelas novas tecnologias. O docente deve ter o censo crítico não apenas para quebrar a fronteira entre a escola e o mundo exterior, mas deve saber contatar com outras culturas, cuja interação não permita a perda de identidade e cultura local.

A tecnologia digital como recurso para o ensino de Línguas Estrangeiras redefine o papel docente no processo ensino aprendizagem, pois Amaral (2003) considera que este agente deixa de ser o ator central, passando a ser parceiro dos alunos, permitindo-os serem escritores de suas próprias ideias. Neste cenário, o professor pode apresentar propostas para mensuração dos significados estrangeiros, cujas técnicas despertem o interesse do aluno a descobrir novos significados para termos lingüísticos, de vida e de mundo.

Portanto, Língua, cultura e tecnologia se fundem tornando-se um nó, cujo desafio é saber se apropriar das ferramentas computacionais para desenrolar o referido novelo de signos e significados estrangeiros. Mais que as habilidades para navegar no AVA, o aprendizado depende de fatores do tipo interação, socialização, compartilhamento, produtor textual, leitor textual, critico e reconstrução lingüística e textual. Enfim, para tudo isto ser sinônimo de aprendizagem o educador deve ser um agente preparado a ponto de oportunizar o aluno a se autodesenvolver em busca das suas necessidades online.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo avaliou o uso da tecnologia do computador no ensino de Línguas Estrangeiras em sala de aula, com vista a mostrar os fatores significativos que contribuem para este aprendizado. A leitura e análise das bibliografias supracitadas permitiram fazer a seguinte avaliação sobre a Língua, Cultura e Tecnologia.

- O uso das novas Tecnologias na educação requer mudanças nas formas de aprendizagem e na concepção de ensino, cabendo ao professor a capacitação profissional para saber lidar com esta ferramenta no trabalho pedagógico, colocando o aluno no centro do processo.

- A implantação da Tecnologia informática no processo ensino aprendizagem representa uma ferramenta que auxilia o educador na construção de conhecimento de Línguas Estrangeiras. O educador tem que possuir habilidades em saber desmanchar o nó dos diversificados Hipertextos disponibilizados na internet, oportunizando aos alunos a interação, a discussão de ideais, o compartilhamento de opiniões e de informações sobre Línguas Estrangeiras.

- Acima de tudo, deve atuar como parceiro na busca das múltiplas situações de textos, imagens, fotos, vídeos, músicas, livros, revistas, jornais, artigos, trabalhos científicos, entre outros Hipertextos digitais, que despertem o interesso do aluno pela ciência de idiomas estranhos.

- A Tecnologia da informática se tornou uma ferramenta base para o ensino de Línguas Estrangeiras, pois é um recurso que rompe fronteiras, cujos contatos com outras culturas permitem conhecimentos lingüísticos de outros povos, inclusive o aluno pode administrar o seu próprio tempo de estudo, o que dispensa o ambiente fico de ensino, assim como a própria presença do professor.

- Por outro lado, o uso desta tecnologia exige a adoção de novos hábitos, tanto por parte do professor, quanto do aluno, em função da inovação na produção de conhecimento, cujas características são: enviar, receber, arquivar, transferir, excluir, salvar, enfim são novas formas de simbolização e representação do conhecimento digital.

- A Tecnologia no ensino se realiza pelo Ambiente Virtual de Aprendizagem, o qual permite que o aluno percorra distintos caminhos, conexões e interações entre conhecimentos, informações, textos e imagens, podendo construir e ligar novos contextos e conexões, a partir das mídias e de recursos computacionais.

- Esta ferramenta digital coloca o participante do AVA em condições de autonomia, pois se torna receptor/emissor de informações e se torna produtor e leitor textual. Neste ambiente o educador deve considerar o uso do computador não apenas como facilitador de aprendizagem, mas, contudo, deve provocar a interação e socialização da construção de Hipertextos, cujos signos de Línguas Estrangeiras representem aquisição de conhecimento, autonomia e autodesenvolvimento do aluno.

- Com base nestes resultados, conclui-se que a tecnologia propicia o conhecimento de Línguas Estrangeiras a partir dos seguintes fatores de aprendizagem: textos, imagens, fotos, vídeos, músicas, livros, revistas, jornais, artigos, trabalhos científicos e múltiplos Hipertextos digitais. O Ambiente Virtual permite o aluno percorrer uma diversidade de caminhos, conexões e interações, compartilhando ideais, opiniões e informações sobre Línguas Estrangeiras, como resultado da exploração do computador, da Web e dos Hipertextos, o que exige um professor tecnólogo.

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ASSIS BEZERRA e Silvia Barbosa dos Santos
Enviado por ASSIS BEZERRA em 30/01/2015
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