AS CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL E A EXPOSIÇÃO EXCESSIVA À MÍDIA

Por: Amélia Mari Passos

Pedagoga Social

RESUMO

Este artigo tem como objetivo discutir o papel da educação Infantil na prática pedagógica no que se refere a exposição excessiva das crianças na mídia, fora do ambiente escolar. Como referencial teórico optou-se por Henri Paul H. Wallon (1879-1962) que foi filósofo , médico, psicólogo e político francês. Buscamos apoio na teoria Wallon relacionada com a complexidade desta interação do individuo com o meio. A criança desta geração não só está hipnotizada pelos meios de comunicação como totalmente desassistida do acompanhamento emocional no que se refere aos conceitos básicos da formação cognitiva como um todo. Houve um tempo em que a criança era protegida dos assuntos dos adultos, mas o que vivenciamos atualmente é uma ruptura com o conceito de proteção, criança/adulto. Hoje, algumas crianças assistem, veem, cantam o que não pertencem ao mundo infantil com a permissão de pais, cuidadores ou professores. Nesse trabalho, buscamos esclarecer de uma forma interligada, o efeito da música e cenas inadequadas da tv, no aspecto cognitivo e afetivo social da criança. Serão apresentadas reflexões sobre o papel das professoras e dos pais ou responsáveis nesse contexto. Na atualidade, a música é de forte influência entre grupos e uma forma de comunicação diretamente ligada com a linguagem e com o comportamento. Como conclusão, objetivamos trazer sugestões para Escola de Educação infantil, fomentando a gestão democrática participativa para um cuidado protetor, ofertando assim para a criança, um crescimento saudável, vivenciando a alegria da inocência.

Palavras-chave: Criança - mídia – proteção- exposição.

“Uma das armadilhas da infância é que não é preciso se entender para sentir”

SUMÁRIO

1. - INTRODUÇÃO ......................................................................................................01

2. – DESENVOLVIMENTO: EMBASAMENTO TEÓRICO ................................03

2.1 - A CRIANÇA E A MÍDIA ....................................................................................06

2.2 - A CRIANÇA E A TV ............................................................................................08

2.3 - AÇÕES PEDAGÓGICAS ......................................................................................09

3. - CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 12

4. - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................13

INTRODUÇÃO

O presente trabalho parte do pressuposto de que há ligação direta no comportamento das crianças e seu desenvolvimento emocional e interacional quando expostas excessivamente à mídia, sem o devido acompanhamento, com senso crítico de proteção por parte de seus cuidadores.

Não podemos deixar de reconhecer que há uma necessidade da Escola de Educação Infantil participar através de ações pedagógicas que integrem e despertem a família e comunidade escolar quanto à importância deste assunto. De forma ativa e integrada no alvo de resgatar os direitos que cada criança tem como um ser social, cidadão e participante de um espaço que lhe cabe - o espaço infância - inocência e crescimento sadio, buscamos com este artigo chamar a atenção para uma reflexão e conscientização da parte dos pais, exercitando sua autoridade para assim proteger seus filhos e a infância do brincar e do dançar. Abordaremos a imposição maciça de um determinado padrão cultural através da mídia, não destinado às crianças, mas que inevitavelmente assume cada vez mais um papel que cabe a escola como formadora de opinião na musicalidade .

Procuramos um despertar do grupo social que interage com a criança e desafiá-los a tornarem-se guardiões da inocência. Alertamos para que pais, juntamente com professores, coloquem em pauta o fato de que a mídia mantém um papel de gestora de informações e como consequência, a influência no comportamento infantil.

E como está se dando este comportamento?

Percebe-se a cada dia a banalidade que se tornou os assuntos “sexo, sensualidade e violência” na mídia, como também o comportamento das crianças que, influenciadas por esses meios, reproduzem canções e ações veiculadas a novelas e programas de auditórios e filmes. Faz-se necessário um trabalho na escola voltado a conscientização e sensibilização pela busca de critério de escolha quanto ao que vamos permitir que as crianças assistam ou ouçam no seu dia a dia.

Entende-se que é necessária a presença da musicalidade na escola. Porém, esse ensino deve ser levado a sério pela escola, a tal ponto que este se torne um elemento

Indispensável ao processo de desenvolvimento emocional, cognitivo e psicomotor da criança.

DESENVOLVIMENTO: EMBASAMENTO TEÓRICO

O presente trabalho é fundamentado na obra de Henri Wallon, filósofo francês (1879-1962), que em sua teoria pedagógica defende que o desenvolvimento intelectual envolve muito mais do que um simples cérebro, considerando que o objeto de ação mental vem do meio no qual a criança está inserido, ou seja, de fora. Considera que o homem é determinado fisiológica e socialmente, sujeito às disposições internas e às situações exteriores, colocando-se também em uma postura interacionista.

Isabel Galvão, uma das principais estudiosas da obra do filósofo destaca :

Conflitos se instalam nesse processo e são de origem exógena quando resultantes dos desencontros entre as ações da criança e o ambiente exterior, estruturado pelos adultos e pela cultura e endógenos e quando gerados pelos efeitos da maturação nervosa (GALVÃO, 1995).

Esses conflitos são propulsores do desenvolvimento da criança. Segundo a já citada estudiosa, os cinco estágios do ser humano sucedem-se em fases com predominância afetiva e cognitiva. São elas:

Impulsivo-emocional, que ocorre no primeiro ano de vida. A predominância da afetividade orienta as primeiras reações do bebê às pessoas, às quais intermediam sua relação com o mundo físico;

Sensório-motor e projetivo, que vai até os três anos. A aquisição da marcha e da preensão, dão à criança maior autonomia na manipulação de objetos e na exploração dos espaços. Também, nesse estágio, ocorre o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem. O termo projetivo refere-se ao fato da ação do pensamento precisar dos gestos para se exteriorizar. O ato mental "projeta-se" em atos motores.

Personalismo. Ocorre dos três aos seis anos. Nesse estágio desenvolve-se a construção da consciência de si mediante as interações sociais, reorientando o interesse das crianças pelas pessoas;

Categorial. Os progressos intelectuais dirigem o interesse da criança para as coisas, para o conhecimento e conquista do mundo exterior;

Predominância funcional. Ocorre nova definição dos contornos da personalidade, desestruturados devido às modificações corporais resultantes da ação hormonal. Questões pessoais, morais e existenciais são trazidas à tona (GALVÃO,1995).

Na sucessão de estágios há uma alternância entre as formas de atividades e de interesses da criança, denominada de "alternância funcional", onde cada fase predominante (de dominância, afetividade, cognição), incorpora as conquistas realizadas pela outra fase, construindo-se reciprocamente, num permanente processo de integração e diferenciação. Wallon ressalta o papel da emoção no desenvolvimento humano, pois, todo o contato que a criança estabelece com as pessoas que cuidam dela desde o seu nascimento, são feito de emoções e não apenas cognições. Conforme Dantas (1992), o filósofo francês baseou suas ideias em quatro elementos básicos que estão todo o tempo em comunicação: afetividade, emoções, movimento e formação do eu. Dantas, assim as resume:

AFETIVIDADE- possui papel fundamental no desenvolvimento da pessoa, pois é por meio delas que o ser humano demonstra seus desejos e vontades. As transformações fisiológicas de uma criança.

EMOÇÕES- é altamente orgânica, ajuda o ser humano a se conhecer. A raiva, o medo, a tristeza, a alegria e os sentimentos mais profundos possuem uma função de grande relevância no relacionamento da criança com o meio.

MOVIMENTO- as emoções da organização dos espaços para se movimentarem. Deste modo, a motricidade tem um caráter pedagógico tanto pela qualidade do gesto e do movimento, quanto pela maneira com que ele é representado. A escola ao insistir em manter a criança imobilizada acaba por limitar o fluir de fatores necessários e importantes para o desenvolvimento completo da pessoa.

FORMAÇÃO DO EU- a construção do eu depende essencialmente do outro. Com maior ênfase a partir de quando a criança começa a vivenciar a "crise de oposição", na qual a negação do outro funciona como uma espécie de instrumento de descoberta de si própria. Isso acontece mais ou menos em torno dos 3 anos, quando é a hora de saber que "eu" sou. Imitação, manipulação e sedução em relação ao outro são características comuns nesta fase (DANTAS, 1992).

De acordo com Silva (2007), referindo-se às ideias de Wallon ressalta que o ato motor, proficiência no uso do espaço concreto, gesto, simulacro, imitação, proficiência no uso dos signos e sua correta utilização no espaço mental, representação mental ou pensamento são elementos que se seguem e se intercalam, não propriamente em uma sequência linear, para a passagem entre um mundo e outro. Para ele, entre um e outro há oposição e nascimento. Essa sequência, porém, não é fortuita, é gerida pela organização biológica e psicológica. Responde a uma maturação orgânica e busca, em cada momento, a formação da pessoa.

As crianças de nossa sociedade são estimuladas a assistir, ouvir, aprender e cantar músicas que se tornam sucessos nacionais. Músicas que sem que aja uma avaliação do que a letra diz, do que trata a comunicação e expressão da música. As crianças aprendem pelo simples fato de estarem juntas de seus cuidadores, deixando o brincar inocente e se envolvendo cada dia mais nas atividades culturais e musicais dos adultos. Tornam-se, dessa forma, alvo de exibição pelos próprios pais e ou responsáveis, para que sejam apreciados no talento de cantar ou dançar. Percebe-se que assim as crianças reproduzem os refrões de músicas que em nada cooperam para a formação de sua estima e ainda atrapalham o seu desenvolvimento e maturação, já que as mesmas refletem conteúdo não próprio para sua idade.

As reflexões teóricas aqui apresentadas, não pretendem colocar em julgamento a qualidade da música presente em nossa mídia atualmente, muito embora o capitalismo desenfreado crie ídolos para consumo imediato, sem nem ao menos levar em conta as palavras que serão pronunciadas, repetidas e cantadas, mostrando-se assim, totalmente alheia a existência de crianças em nosso meio social.

Não se trata aqui de um discurso moralista, mas sim de uma conscientização e sensibilização da sociedade para que esta possa contribuir de forma efetiva na educação das crianças, buscando desenvolver a autenticidade, autonomia e não apenas exercite uma mera imitação que não trás nem um bem a seu crescimento, entendimento e desenvolvimento cognitivo emocional.

Houve um tempo em que a criança era protegida dos assuntos dos adultos. O que vivenciamos atualmente é uma ruptura com o conceito proteção criança/adulto, pois algumas crianças assistem, veem, cantam o que não pertencem ao mundo infantil, com a permissão de pais professores e cuidadores.

Sabemos que desde o nosso nascimento, agimos no meio no qual estamos inseridos, na relação com os pais e no relacionamento com pessoas ao nosso redor. É dessa forma que construímos o nosso conhecimento do mundo e de mundo.

Neste artigo, questionamos o desenvolvimento e conhecimento que temos ofertado aos pequenos da escola de educação infantil, no que se refere a mediação entre música, mídia e criança, dentro e fora da escola.

A CRIANÇA E A MÚSICA

De acordo com Isabel Galvão (1996), em seus estudos, Wallon destaca que cada fase da vida tem um colorido próprio, uma unidade solidária, que é dada pelo predomínio de um tipo de atividade. Dessa maneira, o desenvolvimento humano se caracteriza por um processo dinâmico que segue um conjunto de determinações provenientes do próprio sujeito e do seu meio.

Analisando o comportamento, temos visto crianças que não pronunciam ainda as palavras com clareza, mas dançando e cantado refrões que depreciam o sexo feminino sem o menor constrangimento por parte dos adultos que as ouvem.

É possível constatar que a música não é consumida pelo simples prazer da melodia, mas que transformou-se em uma elemento de exposição do corpo, uma ensaio ao narcisismo e exibicionismo, praticadas por nossas crianças em festas de aniversários, em visitas, cantando e dançando sem que isso possa contribuir para seu desenvolvimento cognitivo e afetivo de forma saudável. O que temos assistido não tem haver com a infância, com o brincar com a inocência, que deve ser preservada, ofertando a elas uma maturação saudável.

Muitos pais se distraem diante da mídia e não percebem a assimilação por parte da criança e do que não é próprio para sua idade. Escutar tais letras de músicas, tais melodias, aprender danças que não tem haver com a infância só trará prejuízos no desenvolvimento da mesma. O brincar, ouvir coisas boas, ver imagens sadias ligadas a bondade, fraternidade, companheirismo são premissas imprescindíveis para que seja preservada a sua infantilidade e para que se tenha uma interação social saudável.

Mesmo em programas musicais para adultos, algumas crianças aparecem como convidadas e notamos que a postura dos apresentadores e demais participantes ignoram totalmente a inocência e o quanto é prejudicial essa exposição desenfreada. As reproduções de danças sensualizadas e roupas não apropriadas para a idade fazem com que outras crianças que assistem à TV em casa passem a reproduzir o mesmo comportamento, buscando assim, uma aceitação e uma apreciação.

A aula de música, em algumas escolas, é o momento de ouvir as músicas preferidas pelos alunos. Os mesmos trazem um Cd de casa e este é ouvido pela turma. Não se tem nenhum critério de escolha relacionado ao tipo ou qualidade da música a ser ouvida pelos pequenos. As professoras argumentam que o Cd mesmo contendo músicas pesadas precisam ser tocadas para que a criança não se sinta rejeitada por sua cultura familiar.

Perguntamos, então: Não seria a escola o lugar de apropriar-se das ferramentas “música” e dança” como uma forma de educação cultural?

Isso deveria ser levado em conta, pois assim estaríamos ensinando aos pequenos o respeito ao espaço que lhe cabe na interação social, dando liberdade de expressão verbal e corporal de forma saudável e bem ajustada ao mundo infantil, em que a busca por apreciação contribuirá para seu desenvolvimento.

Entende-se que a criança, está envolvida em um caldo cultural, onde a família é parte da influência, mas constatamos também que sua interação vai além do grupo familiar.

Nossa reflexão entende que uma criança exposta a músicas onde os adultos extravasam suas emoções, se tornam confusas quanto ao seu lugar no meio social, pois passa a valorizar um conteúdo que não é adequado a sua faixa etária.

De acordo com Galvão (1996), a teoria de Wallon é identificada como Psicologia da Pessoa Completa (consciência, eu, emoções, representações, etc.), em suas condições concretas de existência.

Nosso foco de reflexão não é uma criança de um grupo especifico, e sim toda a criança que participa de uma escola de educação infantil. Nos colocamos neste ambiente como pesquisadora para que possamos lidar de forma mais positiva com as relações que podem ser estabelecidas de forma positiva e/ou negativa com a criança, música, cuidado e desenvolvimento.

A escola de educação infantil é o ambiente em que temos como missão o desenvolvimento integral da criança. É neste espaço que poderemos trabalhar o campo da conscientização e sensibilização sobre s influência da música na vida infantil com a criança pais, professores e cuidadores.

Entende-se a música como meio de repasse de cultura, alegria afetividade e principalmente conhecimento. Através da música a escola de Educação Infantil pode apoderar-se dessa ferramenta com mais seriedade, tendo como objetivo atingir as três áreas da educação formal: a afetiva, a cognitiva e a psicomotora. O universo musical na escola pode ser mais atraente e levar a criança ao seu pertencimento ao mundo infantil.

A CRIANÇA E A TV

Sabemos que crianças com idade entre 3 a 6 anos estão fortemente ligadas ao “consumo midiático”, absorvendo tudo que é exposto na mídia. Conforme Galvão, esse momento denomina-se “Estágio do personalismo” e é marcado pela construção da própria subjetividade por meio das atividades de oposições (expulsão do outro) e, ao mesmo tempo, de sedução (assimilação do outro), como também de imitação.

A autora destaca que

Neste estágio, a tarefa central é a formação da personalidade. A construção da consciência de si, que se dá por meio das interações sociais, reorienta o interesse da criança para as pessoas, definindo o retorno da predominância das relações afetivas (GALVÃO, 1998, p.45).

Vivemos em um tempo de liberdade de expressão onde os programas na TV, embora tenham o aviso antes das programações, aconselhando a idade, não levam em consideração que não há uma cultura estabelecida nas famílias para aplicar esta regra. Os pais que chegam tarde do trabalho deixam que seus filhos assistam a novelas e programas musicais para que possam estar juntos. Não vamos trabalhar com a questão do horário e sim em oferta de programas inapropriados durante a noite. Muitos pais não percebem o ato contrário à razão e compartilham com a criança, como se ela nada assimilasse, certas cenas contempladas de sexo, agressões físicas e palavras absurdamente inadequadas ao ouvido infantil.

Não podemos querer transformar a mídia, neste momento capitalista, mercadológico, onde o que vende é o que importa, mas podemos questionar o papel da Escola de Educação Infantil, como responsável pela proteção e orientação aos pequenos ouvintes.

A mídia televisiva propõe, na sua maioria, programas com o comportamento voltado para os adultos, com cenas eróticas, crimes, violências e as crianças são, literalmente, expostas a todo o tipo de influências com os cinco sentidos. Tornam-se assim, participantes de todo este cenário, sem que muitos cuidadores não as defendam com proteção e as guardem de assistirem tais cenas

Uma forma de ajudar pais, professores e cuidadores com relação à exposição da criança ao mundo da mídia seria o conhecimento e a prática dos “quatro pilares da educação” descritos por Jacques Delors. O autor propõe que o domínio do saber aconteça com as seguintes ferramentas: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser.

Perguntamo-nos, no entanto, o que a mídia tem feito para as crianças conhecer, fazer, conviver e ser ?

No ambiente escolar a música estaria sendo apresentada de forma a proporcionar vivência significativa de alegria, aprendizagem ou estaria também trabalhando no reforço a propostas da mídia mercadológica ?

O filósofo Mario Sergio Cortelle tem afirmado em suas declarações nos seminários pelo Brasil, que a mídia tem sido corpo docente para as crianças. O pesquisador ressalta alguns cuidados que deveríamos ter, como: desligar a TV em cenas inadequadas, pois assim os pais estarão declarando cuidado e amor à criança; perceber que a TV informa os adultos, mas transforma a criança, assistir à programas de TV com olhar crítico e por fim, destaca ainda que a família deve praticar “estar juntas” sem rede elétrica alguma ligada, para interagir entre eles de forma a trazer à criança vivências ligadas ao afeto, carinho e alegria.

Buscamos contribuir com este trabalho na tarefa confiada a pais, professores e cuidadores para salvaguardar, de forma afetuosa, a inocência, tão necessária para “a construção da consciência de si.”

AÇÕES PEDAGÓGICAS

A Educação Infantil, tal como aparece no artigo 7 da Resolução CNE/CEB n°05/09, deve se preocupar em estar:

I – Oferecendo condições e recursos para que as crianças usufruam seus direitos civis, humanos e sociais.

II- assumindo a responsabilidade de compartilhar e complementar a educação e cuidado das crianças com as famílias (OLIVEIRA, 2001, p.122).

Pensado nesta linha onde a escola infantil poderia contribuir para transformar ou ao menos amenizar estes fatos, descrevemos abaixo algumas sugestões não em forma de pesquisa cientifica, mas de forma social interacional:

● Preocupação anual da direção e comunidade com o tema abordado neste trabalho, visando uma melhoria na educação musical.

● Estabelecer uma reunião semestral com os pais, tendo em pauta temáticas como: Criança – mídia - comportamento - familiar.

● Reservar um tempo para testemunhos de convivência familiar: Onde foi praticando a proteção? Como foi proposto a atividades para que a criança não fique exposta a mídia e não isoladas dos adultos?

● Apresentação de vídeos para os pais, enaltecendo a inocência, e a necessidade do brincar e a presença dos pais no brincar da criança, salientando a importância da proteção.

● Oportunizar palestras aos pais com profissionais da área da educação e psicologia, sensibilizando para a importância das regas e proibições para o bom desenvolvimento da família e destacando que todo o grupo precisa de regras de convivência.

● Mostrar a importância das crianças serem vestidas adequadamente a sua idade, desaconselhando o uso de sapato com salto e maquiagem nas meninas, justificando a solicitação.

● Promover encontros em forma de calendário das palestras e os assuntos que serão tratados ao longo do ano. Todos os assuntos serão para edificação da família, com resumo a ser oferecido em forma de texto e com uso de ilustrações.

● Aconselhar e a justificar aos pais e cuidadores a necessidade de proteger as crianças de cenas de novelas inadequadas, a importância de serem guardadas de ouvir músicas com dialeto inadequados à idade, salientar a importância da companhia dos pais com brincadeira carinho e afeto, mostrando às crianças uma interação que as deixe crescer de forma saudável e protegida .

● Oportunizar danças e músicas trabalhadas com foco a aumentar o interesse das crianças por musicas e danças infantis.

● Propor a participação dos pais nas apresentações e nas pesquisas, destacando a importância da inocência a serem resgatada para proteger a emoção das crianças.

● Proporcionar eventos com musicais infantis, com a participação dos pais e cuidadores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a banalização do sexo em cenas da TV a percepção da criança é alterada. “A criança começa lidar com a textualização do corpo sem o devido entendimento de como isso deve ser tratado”, explica a psicóloga Aline Maciel.

Devemos nos perguntar como sociedade o que temos permitido nossas crianças aprenderem, como estamos protegendo de situações inapropriadas.

Temos assistido especialistas na área afirmarem que a erotização da música influi na precocidade sexual da criança, que canções com letras apelativas induzem o comportamento inadequado para algumas faixas etárias e que cenas inadequadas atrapalham a interação principalmente meninas e meninos e com isso, percebemos a necessidade de agirmos na educação de nossas crianças.

A educação musical pode e deve ser usada como ferramenta de atuação, participando da formação integral das crianças de hoje, conscientes e reflexivas quanto ao fenômeno musical.

Com esse trabalho, buscamos conscientizar e sensibilizar a Escola de Educação Infantil. Fazendo com que esta compreenda a linguagem musical como um elemento que possibilita e favorece o desenvolvimento cognitivo, perceptivo, que melhora a concentração e propicia a interação entre as crianças. Portanto, desenvolver ações pedagógicas envolventes são necessárias, para que assim, seja recodificado na criança, melodias apropriadas à infância.

Espera-se mudanças de posturas nas famílias e na escola em relação à musicalidade a partir da conscientização de novas metodologias que insiram cada vez mais a família em momentos de afeto, no cuidado, na proteção, sempre num olhar que busque proporcionar o crescimento, a valorização do ser humano e reconhecimento do espaço “eu/criança.”

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRITO, Teca Alencar. Quantas músicas tem a música. São Paulo: Editora Peirópolis, 2010.

KAMII, Constante. Teoria De Piaget Educação. Pré-Escolar. Porto Alegre: Artmed, 2003.

TERRA, Osmar. Entenda melhor suas emoções. Porto Alegre: Mercado Aberto,1999.

PIAGET, Jean. Juízo moral na Criança. São Paulo: Editorial Summus, 1994.

DANTAS, Heloysa. A infância da razão. Uma introdução à psicologia da inteligência de Henri Wallon. São Paulo: Manole, 1990,

GALVÃO, Izabel. Uma reflexão sobre o pensamento pedagógico de Henri Wallon. In: Cadernos Ideias, construtivismo em revista. São Paulo: F.D.E, 1993.

GALVÃO, I. Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento. Petrópolis: Vozes, 1996.

Galvão, I. Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. Petrópolis: Vozes, 1998.

CORTELL. Mário Sérgio. A televisão. Acessado em HTPS://www.youtube.com/watch?v=q0JBam8AntYMario. Acessado no dia 20 de maio de 2013.

OLIVEIRA. Zilma de Moraes. Educação Infantil fundamentos e métodos. 7°ed. São Paulo: Cortez, 2011.