Na pascóa

O domingo da pascóa, de 2016, na região da Lapa, bairro da cidade de São Paulo, foi marcado por eventos significativos. A trajetória dos fatos ocorreram todos pela parte da manhã.

Os preparativos para a manhã dominical da instituição religiosa Seicho-No-Ie têm seu início por volta das 8h30. Há três divisões distintas entre a temática, que marcam esse encontro. São o grupo principal voltado para o público geral, e os dois grupos de jovens; o das crianças e o dos adolescentes.

Na abertura, que se inicia às 9h, o grupo de jovem forma um só corpo para entoamento da oração principal e hinos. Após isso, cada qual se divide à uma classe distinta, dando rumo às suas atividades.

Nesse domingo, houve a preparação do lanche, que ocorre no intervalo entre as duas aulas para os jovens. Já que é nelas que há maior dinamismo. Tais como pintura, bate-papo, etc.

Na segunda aula ficou programado de haver distribuição das revistas (que são o principal meio expresso da propagação da doutrina). Houve esclarecimentos quanto os locais que iriam ser distruibuidas e de que forma deveriam sê-las. A distribuição ocorreu por entre as casas e pontos comerciais dos quarteirões adjacentes da sede regional, e como ressalva foi pedido que não houvesse abordagem por entre os transeuntes. O que não deixa de ser uma boa notícia. Com exceção de ser dada (a revista) a algum conhecido.

Foram pedidas as autorizações para os pais dos jovens, de que iriam se deslocar para fora da regional, contribuindo na entrega. Feito isso, as duas coordenadoras se dividiram em dois grupos, um de meninas e o outro de meninos. Cada qual indo por um lado da rua, com uma determinada quantidade de revistas cada um.

Era um dia calmo, ameno como o é nos domingos de manhã. Mas também ensolarado.

Quando, por volta de uns 15 minutos da tarefa ter sido concluída, o grupo se reuniu num lado da rua, quase em frente a sede, duas das meninas se destacaram do grupo, atravessando para o outro lado da rua. Nisso dois passantes, com não tão boas intenções, abordaram verbalmente uma das garotas. Porém, próximo a saída da sede, um dos pais das garotas observava o regresso da sua filha. Que vinha de encontro a ele com um atraso de cinco minutos. Já que a cerimônia do salão principal termina às 11h, e nesse ocorrido já passara das 11h05. Por um motivo curioso, o pai desta começou a interpelar com gritos o homem que havia abordado-na. E este reagiu furiosamente, tendo que ser inicialmente contido pelo seu companheiro. Mas este conseguiu desvencilhar-se, e veio a toda brida, atravessando a faixa de pedestres para ir de encontro àquele que o interpelava aos berros.

Iniciou-se uma calorosa discussão a respeito da honra manchada da filha, e o descontrole do abordador (que pelo visto estava alcoolizado, ou até mesmo drogado, coisa que não é incomum de se encontrar em certos pontos ou deslocando-se sob as principais ruas da região). Por sorte não chegaram as vias de fato, por que houve a intercessão duma senhora que estava para atravessar a rua. Depois, outros também intervieram e conseguiram amenizar as coisas, enquantos que os dois contendedores já baixavam o tom do início.

Fato é que surpreende mais o fato enérgico do pai, que acabara de sair duma cerimônia religiosa, e que marca o renascimento do Cristo (ou seja, a conscientização para o Eu verdadeiro de cada um). Teve, como disse antes, sorte. Por que nos dias de hoje é muito comum ocorrerem tragédias a troco de nada, ou se preferirem, por pouca monta.

Mesmo após o pedido da filha, o pai continuou a contenda, e ela foi se recolher para dentro da regional, enquanto que os demais tentavam conter os dois.

Corre-se a tese, que por sinal é antiga, de que as pessoas acumulam as impurezas nas regiões em que há maior atividade, ou seja, no rosto, e isso promove uma série de distúrbios e também o enrijecimento dos ombros. Como processo de purificação que quase toda a humanidade passa, é que ocorrem o resfriado, dor de cabeça, etc. Por isso que as pessoas se enervam com tanta facilidade hoje em dia. Basta se lembrarem de como alguém gripado, por exemplo, reage de forma diferente a certas situações do que se estivesse saudável. É claro que, como afirmado antes, esse resfriado é ameno e quase imperceptível, mas é um dos meios naturais de purificação do organismo.

Também se pode levar em consideração o fato de que não é qualquer um que aborda os outros duma forma intempestiva, mesmo diante duma situação problemática. O fator educação nesse caso contou muito, e poderia, se tivesse sido observado na prática, evitado um conflito a menos. No caso da filha, que tem por volta de doze anos, não foi uma atitude incomum, já que deixaram (ela e a outra amiga) o grupo por conta própria, e atravessaram a rua fora da faixa (coisa comum entre os brasileiros, mesmo que a rua estivesse vazia). Esse movimento repentino delas, deve ter chamado a atenção dos transeuntes, e pelo fato duma delas ser esbelta, se deu ao direito de abordá-la de forma vulgar. A verdade, é que nesse período muitos dos adolescentes não gostam de ficarem presos a um grupo, e gostam de ter a sua independência, até mesmo para fazerem coisas simples. Provavelmente por não se identificarem com este, ou por achá-lo chato. Porém, há um fato interessante que ocorre por entre jovens. Muitos dos que trabalham ou estudam no período da noite, e precisam voltar para a casa num determinado percurso a pé, fazem a caminhada em grupo, justamente para evitarem abordagens desagradáveis do que se estivessem desacompanhados. Apesar de ser de dia, a ideia é a mesma. Ainda que enalteça exageradamente a obediência, coisa que não é o intuito, pelo contrário imagina-se que mesmo num grupo de recreação, cada qual tenha o seu espaço e não haja necessidade de ficarem grudados um no outro. Contudo, como expliquei antes foi o movimento repentino duma das jovens que chamou a atenção do abordador, fazendo com que uma situação bem esquisita e desagradável ocorresse. Um lance do destino, que é dispensável, caso seja melhor abordado nas próximas reuniões, a se ter autocontrole mesmo diante de situações embaraçosas.

É claro que a questão do nervosismo atual do ser humano venha a ocorrer diariamente milhares de conflitos semelhantes, enquanto não houver reequilíbrio.

Por fim, após essa descrição, não foi nada que possa ter ofuscado o esplendor pascal das famílias que se reuniram.

Felipe Valle
Enviado por Felipe Valle em 23/07/2016
Reeditado em 23/07/2016
Código do texto: T5706291
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