A adolescência e o mundo do EU!

O mundo atual é um mundo sem forma, um mundo no qual o conceito de valores deixou de ter utilidade, ou seja, os valores anteriormente existentes não são mais definidos e a verdade é ditada pela internet e as redes sociais. Tanto assim, que todos os adolescentes são possuidores de informação, basta acessarem essas redes, fontes tidas por eles como fieis, seguras, amigas e claro, verdadeiras.

Cada vez mais “conectados” os adolescentes de hoje se sentem no direito de fazerem o que bem querem, alegando a própria pessoa, ou seja, o EU.

EU cheguei atrasado na escola, porque dormi até mais tarde; EU preciso trocar de celular, porque o meu já está obsoleto; EU estou cansado; EU tenho medo, fome, sede e assim seguem numa sucessão de EU’s.

Tendo como amigo mais fiel seu celular, eles tentam disfarçar o antigo medo de ficar só, num mundo fluido, pois virtual e que traz constantes mudanças. Eles esperam tudo do mundo, principalmente por viverem num mundo virtual, mundo este que exige cada vez mais e espera que eles sejam capazes de sobreviver a tantas exigências.

A dificuldade de comunicação, aliada à vontade de relacionar fazem surgir relacionamentos curtos e pouco duradouros. Mesmo porque existe a facilidade em se desligar de um relacionamento ou outro e assim não há tentativas ou vontade de se trabalhar os momentos difíceis, no sentido de solucionar problemas e tornar a relação mais duradoura.

Aliás no mundo adolescente atual não existe nada de duradouro, de certo, de concreto, a não ser a certeza de que não se tem certeza de coisa alguma.

O mundo do EU é um mundo egoísta e repleto de incertezas. A única certeza é trazida pelo mundo virtual, (mundo esse formado de incertezas), no qual se você não gostar, basta “desconectar”; se estragou ou tornou obsoleto, “descarta” e compra uma versão mais atual. São conceitos, valores e formas de se viver da chamada modernidade líquida, encontrados em Bauman, Grandioso Filósofo que nos deixou em 09 de janeiro desse ano (2017). Essa modernidade líquida possui como vivência o aqui e o agora, por isso ela não projeta o futuro e não trabalha com planejamentos a longo prazo.

Os sentimentos mudaram em forma, tempo e nome. E os adolescentes embarcam nessa “canoa furada” na qual nem bem entenderam um pouco da vida, já querem ditar normas, dirigir a própria vida e dizer sei ou não sei, quero não quero. O namoro foi substituído pelo “ficar” e momentos de sexo são chamados de “fazer amor”. Como podem fazer amor se nem sabem o que é amar no sentido real da palavra? E não porque não queiram ou não se interessam, mas porque os valores mudaram e com isso a sociedade conheceu um novo sentido ou conceito de “amar”.

O “amor” atual não sabe dividir ou ficar sem, faz uso de um dicionário no qual o termo ceder não conseguiu espaço além de não possuir resistência às diferenças ou dificuldades encontradas no cotidiano. E por não ser capaz de sobreviver à primeira dificuldade surgida, rompe os frágeis laços que existiam. Por isso é fácil o “ficar” e não o “amar”, pois aquele exige menos do que este e transmite a ideia de um sentimento passageiro, passível de mudanças a qualquer momento e com a mesma facilidade com que um adolescente fica aqui ou ali.

Sônia Maria dos Santos Araújo - Ms. em Educação

O RESPEITAR FAZ BEM!