O QUE ESTUDAR DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA CONCURSO PÚBLICO - I

Língua Portuguesa: Nível Médio, Técnico e Superior

FONOLOGIA: Conceitos básicos

O que é fonologia?

A fonologia é o ramo da Linguística que estuda o sistema sonoro de um idioma. A palavra fonologia é oriunda do grego: phonos = voz/som e logos = palavra/estudo. Estuda também a função que os sons da língua desempenham no sistema de comunicação linguística, sua organização e classificação. Seu principal objeto de estudo são os fonemas, menor unidade sonora das palavras.

Entre as atribuições da fonologia, está o estudo das seguintes funções:

Classificação dos fonemas:

Como sabemos, as palavras são a unidade básica da comunicação verbal e podem ser divididas em unidades menores, como as sílabas e os sons, na fala, ou as sílabas e letras, na escrita. Quando queremos representar, na escrita, os sons da fala, utilizamos as letras. Dessa forma, podemos dizer que a letra é a representação gráfica do fonema.

Veja os exemplos:

1. A palavra rede tem 4 letras e 4 fonemas:

• Letras: r, e, d, e

• Fonemas: [r], [e], [d], [e]

Observe que na palavra 'rede' o número de letras representa o número de sons.

2. A palavra hélice tem 6 letras e 5 fonemas:

• Letras: h, e, l, i, c, e

• Fonemas: [e], [l], [i], [c], [e]

Observe que a Letra 'h' não corresponde a nenhum fonema.

3. A palavra táxi tem 4 letras e 5 fonemas:

• Letras: t, a, x, i

• Fonemas: [t], [a], [k], [s], [i]

Observe que a letra 'x' tem som de 'ks'. Dessa forma, quando separamos os fonemas, temos [t][a][k][s][i].

Classificação dos fonemas

Os fonemas são classificados em vogais, semivogais e consoantes. Esses três tipos de fonemas são produzidos pela corrente de ar, que faz vibrar ou não as pregas vocais. Quando ocorre a vibração das pregas vocais, o fonema é chamado de sonoro; quando elas não vibram, o fonema é chamado de surdo. A corrente de ar também pode ser liberada apenas pela boca, o que configura o fonema oral, ou parcialmente pelo nariz, o que configura o fonema nasal.

Vogais

As vogais são fonemas produzidos por uma corrente de ar vinda dos pulmões que passa livremente pela boca. Elas são a base das sílabas da Língua Portuguesa. São elas:

A, E, I, O, U.

As vogais podem ser classificadas por sua intensidade, timbre e articulação. Observe cada uma delas:

• Quando classificadas pela intensidade, elas podem ser: tônicas, semitônicas e átonas.

• Quanto ao timbre, elas podem ser abertas ou fechadas.

• Quanto à articulação, elas podem ser classificadas pelo modo de pronúncia, oral ou nasal, ou pelo ponto, que são as posições da língua na boca durante a pronúncia da vogal: posterior, central ou anterior.

Semivogais

As semivogais são os fonemas 'i' e 'u' quando aparecem ao lado das outras vogais em uma mesma sílaba. Na Língua Portuguesa, a semivogal 'i' pode ser representada pelas letras 'i' e 'e'. Já a semivogal 'u' pode ser representada pelas letras 'u' e 'o'. Em algumas regiões brasileiras, a letra 'l' pode ter o som da semivogal 'u' (mal: /maw/).

Consoantes

A corrente de ar expirada pelos pulmões que encontra obstáculos ao passar pela cavidade bucal produz sons denominados de consoantes (“soam com”). As consoantes são incapazes de atuar como núcleos das sílabas da Língua Portuguesa. São elas:

B, C, D, F, G, J, K, L, M, N, P, Q, R, S, T, V, W, X, Z.

É importante ressaltar que a letra 'H' não é considerada consoante porque não possui som ou ruído e, por isso, torna-se a única letra diacrítica.

SÍLABAS

As sílabas são fonemas ou grupos de fonemas que são pronunciados por uma única emissão de voz e cuja base é sempre uma vogal. As sílabas classificam-se em tônicas e átonas.

Sílaba é um fonema ou grupo de fonemas que são pronunciados por uma única emissão de voz. A base das sílabas na Língua Portuguesa são as vogais (a - e - i - o - u). Sem vogais, não há sílaba.

Leia a palavra PIPOCA. Como podemos observar, para pronunciarmos essa palavra, emitimos três consecutivos grupos de fonemas, os quais estão sempre ligados às vogais: PI - PO - CA.

Nem sempre as sílabas que constituem as palavras da Língua Portuguesa são pronunciadas com a mesma entonação vocálica. Por isso, de acordo com a maior ou menor intensidade na pronúncia, classificamos as sílabas em átonas ou tônicas.

→ Sílabas átonas (SA)

As sílabas átonas são aquelas cuja pronúncia é realizada com baixa intensidade.

→ Sílabas tônicas (ST)

As sílabas tônicas são aquelas cuja pronúncia é realizada com maior intensidade.

Vejamos os exemplos das palavras:

Borboleta: bor – bo – le – ta (SA) (SA) (ST) (SA)

Compostura: com – pos – tu – ra (SA) (SA) (ST) (SA)

Primavera: pri – ma – ve – ra (SA) (SA) (ST) (SA) Fogueira: fo – guei – ra (SA) (ST) (SA)

Sabonete: sa – bo – ne – te (SA) (SA) (ST) (SA)

Como você pôde observar, o núcleo das sílabas é sempre uma das cinco vogais. Não existe sílaba sem vogal e não há mais do que uma vogal em cada sílaba. É possível haver uma vogal e uma semivogal ou duas semivogais juntas, mas não duas vogais. Assim, é fácil sabermos o número de sílabas de cada palavra: basta contarmos quantas vogais há nessa palavra.

ENCONTROS VOCÁLICOS

Os encontros vocálicos são agrupamentos de fonemas vocálicos da Língua Portuguesa e são classificados em hiato, ditongo e tritongo.

Os encontros vocálicos são agrupamentos de fonemas vocálicos

Os encontros vocálicos são agrupamentos de fonemas formados por vogais ou semivogais em uma mesma sílaba ou sílabas diferentes. Para compreendermos melhor o que são os encontros vocálicos, é necessário retomar os conceitos de vogais e semivogais.

Sabemos que as vogais são fonemas naturais formados pela corrente de ar que, vinda dos pulmões, passa livremente pela boca ou pelo nariz, fazendo vibrar as pregas vocais. Elas são a base, o núcleo das sílabas na Língua Portuguesa. Já as semivogais acontecem no encontro entre duas vogais em uma mesma sílaba, em que uma é a vogal principal, com o tom mais intenso, e a outra é a semivogal, que possui um papel secundário. Em um encontro vocálico, a letra /a/ sempre será a vogal principal, as letras /i/ e /u/ serão sempre semivogais, e as letras /e/ e /o/ podem assumir os papéis de vogal e/ou semivogal.

Existem três tipos de encontros vocálicos. Veja:

• HIATO

O hiato consiste na sequência de duas vogais (Vogal + Vogal) que se separam durante a divisão silábica, ficando cada vogal em uma sílaba distinta. Em virtude do contato de duas vogais no interior de uma palavra, é possível reconhecer o hiato como sendo o encontro vocálico por excelência.

Observe os exemplos:

Saída: sa – í – da;

Saúde: sa – ú – de;

Oceano: o – ce – a – no;

Cooperar: co – o – pe – rar.

• DITONGO

O ditongo consiste no encontro de Vogal + Semivogal, chamado de ditongo decrescente, ou de Semivogal + Vogal, que recebe o nome de ditongo crescente. Os ditongos também podem ser classificados em orais ou nasais. É muito importante recordarmos que os fonemas orais são aqueles que passam e saem pela cavidade bucal (boca), como: /a/, /b/, /t/; já os fonemas nasais são aqueles que uma parte passa pela boca e a outra parte passa pelas narinas (nariz), como: /m/, /n/, /ã/.

Observe os exemplos:

Madeira: ma – dei – ra (ditongo decrescente oral);

Paulista: pau – lis – ta (ditongo decrescente oral);

Pátria: pá – tria (ditongo crescente oral);

Sério: sé – rio (ditongo crescente oral);

Mãe: mãe (ditongo decrescente nasal)

Oração: o – ra - ção (ditongo decrescente nasal)

• TRITONGO

Os tritongos são uma sequência de Semivogal + Vogal + Semivogal. Assim como os ditongos, os tritongos também podem ser classificados em orais e nasais. Como apresentam apenas uma vogal, na divisão silábica, não se separam os fonemas vocálicos do tritongo.

Observe os exemplos:

Paraguai: Pa – ra – guai (tritongo oral);

Enxaguei: en – xa – guei (tritongo oral);

Cheguei: che – guei (tritongo oral);

Quão: quão (tritongo nasal).

Viu como é simples estudar sobre os encontros vocálicos?

ENCONTRO CONSONANTAL

Encontro consonantal ocorre quando duas ou mais consoantes aparecem juntas e em sequência na palavra, mantendo o som de cada uma delas.

Exemplos de encontros consonantais

Chamamos de encontro consonantal o agrupamento de consoantes, em sequência, na palavra, fazendo parte da mesma sílaba ou não. Os encontros consonantais possuem classificações: podem ser puros (também chamados de perfeitos) ou disjuntos (também chamados de imperfeitos).

Tipos de encontros consonantais

Os encontros consonantais puros são aqueles que ficam na mesma sílaba, sendo inseparáveis. É muito comum que encontros consonantais puros terminem em -l ou em -r. Veja os exemplos:

• blusa → blu – sa

• livro → li – vro

• prato → pra – to

Já os encontros consonantais disjuntos são aqueles que ficam em sílabas diferentes, sendo separados:

• barco → bar – co

• advogado → ad – vo – ga – do

• disco → dis – co

• estante → es – tan – te

É bastante comum uma mesma palavra ter encontros consonantais puros e disjuntos:

• mantra → man – tra

• praticante → pra – ti – can – te

Vale destacar o caso especial da letra x quando ela possui som de -cs ou -ks, indicando um encontro consonantal fonético:

• táxi

• ônix

• axioma

Observação: É importante lembrar que uma consoante não pode ficar sozinha na separação silábica, ou seja, se o encontro consonantal aparece no começo da palavra, ele nunca será separado. No caso do dígrafo -pn, temos separações diferentes para as palavras apneia e pneu por causa disso:

• apneia → ap – neia

• pneu → pneu

Encontro consonantal x dígrafo

Os dígrafos são o emprego de duas letras para representar graficamente um só fonema. Eles diferem do encontro consonantal por causa do som: o encontro consonantal sempre possui o som das duas (ou mais) consoantes que estão juntas, enquanto o dígrafo representa apenas um som. Além disso, um dígrafo pode ser composto por duas consoantes ou por uma consoante e uma vogal. Os dígrafos são:

ch – lh – nh – sc – sç – xc – xs – rr – ss – qu – gu

Veja os exemplos:

gralha: gr = encontro consonantal, pois temos o som de -g e de -r.

lh = dígrafo, pois as duas letras representam um som só.

Guilherme: Gui = dígrafo, pois as duas letras representam apenas um som.

lh = dígrafo, pois as duas letras representam apenas um som.

rm = encontro consonantal, pois temos o som de -r e de -m.

masmorra: sm = encontro consonantal, pois temos o som de -s e de -m.

rr = dígrafo, pois as duas letras representam apenas um som.

Atenção: os dígrafos “gu” e “qu” antecedem apenas as vogais “e” e “i”. Não é possível fazer dígrafos com “a”, “o” e “u”, pois em “gua” e “guo” as duas vogais terão som, e “guu” não é uma construção padrão da língua portuguesa.

Os encontros consonantais são muito confundidos com os dígrafos por terem uma sequência de duas ou mais consoantes.

Encontro consonantal x encontro vocálico

O encontro vocálico ocorre quando duas ou mais vogais aparecem juntas, em sequência, na palavra. Os encontros vocálicos são classificados em tritongos, ditongos ou hiatos, dependendo da separação silábica (mesma sílaba ou sílabas diferentes). Observe os diferentes encontros nas palavras a seguir:

• ruivo = encontro entre as vogais -u e -i.

• plateia = encontro entre as consoantes -p e -l e entre as vogais -e, -i e -a.

• canhão = dígrafo com as letras -n e -h e encontro entre as vogais -ã e -o.

• expressões = encontro entre as consoantes -x, -p e -r, dígrafo com as letras -s e -s e encontro entre as vogais -õ e -e.

DÍGRAFO

Dígrafo é o encontro de duas letras para representar um único som. Ele pode ser vocálico ou consonantal.

O dígrafo ocorre quando duas letras juntas representam um único som.

Dígrafo ocorre quando duas letras juntas representam um único som. Os dígrafos podem ser vocálicos (representando sons de vogais) ou consonantais (representando sons de consoante). No entanto, não devem ser confundidos com encontro consonantal e nem com encontro vocálico.

Resumo sobre dígrafo

• Dígrafo é o encontro de duas letras para representar um único som.

• Alguns dígrafos representam sons únicos, que não têm reprodução equivalente a outras letras.

• Dígrafos vocálicos são o encontro entre duas letras para reproduzir um som vocálico.

• Dígrafos consonantais são o encontro entre duas letras para reproduzir um som consonantal.

• Dígrafos são diferentes dos encontros consonantais e vocálicos porque representam um único som, enquanto o encontro consonantal e o encontro vocálico representam mais de um som.

O que é dígrafo?

Dígrafo é o encontro entre duas letras para representar um único som na fala, ou seja, as letras não representam seus sons individuais, e sim um único som resultante do encontro entre elas. Alguns dígrafos representam sons únicos, que nenhuma letra sozinha ou junto a outra letra conseguiria representar na língua portuguesa, como os dígrafos “nh” e “lh”.

Outros dígrafos, porém, representam sons equivalentes ao som de outras letras, como os dígrafos “sc”, “sç” e “ss”, que têm o mesmo som que a letra “s” em algumas palavras, o dígrafo “rr”, que tem o mesmo

som que a letra “r” tem em início de palavra, e o dígrafo “ch”, que tem o mesmo som que a letra “x”.

Tipos de dígrafo

Os dígrafos são classificados de acordo com o tipo de som que representam.

→ Dígrafo vocálico

O dígrafo vocálico representa som de vogal, especificamente sons nasais (aqueles que usam a articulação da boca em conjunto com o nariz para serem feitos). Ocorre no encontro entre uma consoante e uma vogal. Os dígrafos vocálicos são: Dígrafos vocálicos

am an

em en

im in

om on

um un

DIVISÃO SILÁBICA

A divisão silábica das palavras integra os distintos postulados concebidos pela gramática, razão pela qual é norteada por traços específicos.

A divisão silábica das palavras obedece a critérios específicos

A divisão silábica das palavras, além de representar um assunto que porventura se torna alvo de alguns questionamentos, concebe-se como fator de notável importância, dadas as habilidades que precisamos ter em situações específicas de interlocução, mais precisamente quando se trata da linguagem escrita.

Por ressaltarmos tal modalidade, torna-se conveniente compreendermos que não só a divisão das sílabas, como também os demais elementos inerentes aos postulados gramaticais, estão submetidos a regras predeterminadas de composição. Em virtude desse aspecto é que o referido artigo tem por finalidade discorrer acerca de como se dá essa divisão. Assim, vejamos:

* Os dígrafos “ch”, “lh”, “nh”, “gu” e “qu” pertencem a uma única sílaba. Observe: chu – va, mo – lho, guer – ra, quei – jo, ni – nho ...

* As letras que formam os dígrafos “rr”, “ss”, “sc”, “sç”, “xs” e “xc” devem ser separadas. Note:

car – ro, pás – sa – ro, nas – cer, nas – ço, ex – ce – to, ex – su – dar ...

* Ditongos e tritongos pertencem a uma única sílaba. Confira:

U – ru – guai, Pa – ra – guai, col – mei – a (No que se refere a este vocábulo, devemos lembrar que ele perdeu o acento em virtude da nova reforma ortográfica) he – roi – co (Idem ao comentário anterior) ...

* Os hiatos são separados em duas sílabas distintas. Atenha-se a alguns exemplos:

di – a, ca – de – a – do, mú – tu – o ...

* Os encontros consonantais que ocorrem em sílabas internas devem ser separados, com exceção daqueles em que a segunda consoante é representada pelas letras “l” ou “r”. Constate:

pra – to, blu – as, as – tú – cia, ad – mi – nis – trar, ob – tu – rar ...

Em se tratando de tais postulados, vale lembrar que alguns grupos consonantais que iniciam palavras não se separam. Entre eles, alguns casos representativos: pneu – má – ti – co, gnós – ti – co...

Encerro o tema FONOLOGIA com estas informações pertinentes. No próximo artigo abordarei o tema, não menos importante, ORTOGRAFIA. Abraços

Professor Pedro Antonio Troche Gonzalez.

pedrotrocheghonzalez@yahoo.com – Telefone: (11)99776-4044

Pedro Antonio Troche Gonzalez
Enviado por Pedro Antonio Troche Gonzalez em 25/05/2022
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