DISCUSSÕES FACE À PSICOPEDAGOGIA, LUDICIDADE E APRENDIZAGEM: O FAZER PSICOPEDAGÓGICO COM O AUXÍLIO DO LÚDICO NA CONSTRUÇÃO DO SABER

 

RESUMO

Este estudo aborda a influência da ludicidade na aprendizagem, considerando aspectos psicopedagógicos. Destaca-se o uso de jogos, brinquedos e brincadeiras como ferramentas de desenvolvimento. O trabalho enfatiza a importância do lúdico na intervenção psicopedagógica, especialmente para crianças com dificuldades de aprendizagem. A pesquisa foi motivada por observações durante o Estágio Supervisionado, evidenciando o papel dos psicopedagogos e o potencial do lúdico. O objetivo foi revisar a literatura sobre o uso do lúdico na psicopedagogia, visando ao desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo. O estudo pretende contribuir significativamente para a área, promovendo uma prática psicopedagógica mais enriquecedora.

 

Palavras-chave: Psicopedagogia. Dificuldades. Ludicidade. Aprendizagem

 

ABSTRACT

This study addresses the influence of playfulness in learning, considering psychopedagogical aspects. The use of games, toys, and play activities as developmental tools is highlighted. The work emphasizes the importance of playfulness in psychopedagogical intervention, especially for children with learning difficulties. The research was motivated by observations during the Supervised Internship, highlighting the role of psychopedagogues and the potential of playfulness. The objective was to review literature on the use of playfulness in psychopedagogy, aiming at cognitive, motor, and emotional development. The study aims to make a significant contribution to the field, promoting a more enriching psychopedagogical practice.

 

Keywords: Psychopedagogy. Difficulties Playfulness. Learning

 

INTRODUÇÃO

 

     Este documento resulta de uma pesquisa bibliográfica e reflexões pessoais decorrentes da experiência adquirida durante o Estágio Supervisionado do curso de Psicopedagogia. O objetivo foi aprofundar a compreensão sobre a prática psicopedagógica diante dos desafios enfrentados. O estudo explora como elementos lúdicos são incorporados a essa prática, especialmente por meio de jogos educativos, reconhecidos como ferramentas significativas nas intervenções psicopedagógicas. Esses jogos desempenham um papel determinante no desenvolvimento da aprendizagem.

     Nessa busca, sobre a discussão levantada, denota-se muitas produções no âmbito da Pedagogia. E, na perspectiva da Psicopedagogia e sua prática cotidiana na prática, há poucas publicações de extremo valor. Neste pensar, acreditamos na contribuição desse trabalho para outros cenários, tanto da Psicopedagogia Institucional como também da Clínica.

     Esse trabalho foi elaborado com base bibliográfica e para isso, foi feita uma revisão de literaturas com as contribuições de alguns relevantes autores que por sua vez alicerçaram de modo produtivo desde a compreensão dos assuntos ligados ao estudo, como bem Kishimoto (2005), Vigotsky (2003), Piaget (1978) e outros.

Sobre as fontes aqui elencadas, estas sem dúvida proporcionaram maior entendimento e conseguinte, aproximação mais significativa ao objeto de estudo: Psicopedagogia nas dificuldades de aprendizagem e ludicidade. Com o objetivo de compreender a importância do lúdico nas aulas com o psicopedagogo, foram desenvolvidas pesquisas em sites variados, na intenção de identificar e entender as contribuições sobre as aludidas temáticas.

     Entendemos segundo o estudo inicial que face ao desenvolvimento do ser humano, este ocorre desde seu nascimento e segue até a morte e que por sua vez acontece num processo dinâmico, iniciado mediante saberes sobre  si  em relação ao outro. Logo, entende- se aqui que o ofício do psicopedagogo está diretamente relacionado ao lúdico, que sem dúvida, tem sido em muitos cenários, um excelente aliado no processo de desenvolvimento cognitivo, social, cultural.

     Sobre as dificuldades de aprendizagem, percebemos tanto em alguns estudantes quanto nos professores, a preocupação com os resultados, isso reportando- se ao campo de estágio: nossas visitas nas aulas práticas, identificamos em muitos momentos o interesse em melhorar as atividades, mas isso não assegura que o desinteresse de alguns alunos não era notório.

     Nestas observações, surgiu o interesse em dissertar aspectos relevantes sobre tais pontos, considerando como fator positivo registrar segundo estudiosos o fazer psicopedagógico com o auxílio do lúdico na construção do saber.

     Nesse entender, questionamos o papel do lúdico em sala e que é realmente motivador para os alunos. A forma como os conteúdos eram desenvolvidos através dos mais variados recursos demonstrou mais atrativa para os alunos. E vimos como o trabalho com esta ferramenta pode auxiliar na intervenção psicopedagógica, sobretudo na aprendizagem.

     Com isso, percebe-se que o lúdico tem o papel fundamental para a construção da aprendizagem, além de estimular o interesse na aprendizagem, visto que o brincar é inerente à criança. Para melhor explicar o presente registro, traçamos os seguintes objetivos: Fazer um levantamento de biografias acerca do lúdico como auxiliador no desenvolvimento cognitivo do aprendiz, estimular potenciais nas áreas motoras, afetivas e cognitivas.

     Sobre os jogos, brinquedos, e brincadeiras estes sempre estiveram presentes num lugar importante da vida de praticamente toda criança, exercendo com isso, um papel de grande relevância para seu desenvolvimento em praticamente todos os aspectos. Desde os tempos mais remotos aos atuais, todos tiveram seus modos de brincar e brinquedos específicos da época. Em qualquer país, seja rico ou não, próximo ou distante, no campo ou na cidade, sempre existiu  atividade lúdica direcionada ou não. Para Vigotsky (2010, p. 122)

 

 

O brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal da criança. No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no brinquedo, é como se ela fosse maior do que é na realidade. Como no foco de uma lente de aumento, o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob  forma condensada, sendo, ele mesmo uma grande fonte de desenvolvimento.

 

     Sobre isso, Kishimoto (2005) entende que no Brasil, os conceitos de jogos, brinquedos e brincadeiras ainda são empregados de forma indistinta: sem uma especificação mais clara. Nessa pesquisa, deu para compreender que de fato há uma diversidade de opinião em relação a funcionalidade neste aspecto, ou termos, sendo que cada conceito diverge conforme o cenário ou realidade em que são apresentados.

     Antes, o lúdico não era destinado exclusivamente à infância, mas as pessoas de um modo geral. Mesmo assim, alguns estudiosos assim como Platão e Aristóteles, já refletiam sobre o brinquedo e a brincadeira na educação, ligando a ideia de aprendizagem por prazer. (WAJSKOP, 2007, apud Teixeira, (2010).

     No período medieval, os brinquedos eram tidos como instrumentos de uso coletivo e indefinido, a principal função era aumentar os laços sociais, transmitindo com isso, modos e costumes que deviam ser aprendidos e repassados pelas crianças.

 

     Tais atividades aparecem como diversões, como vemos atualmente em rodas de jogos nas praças, que levam pessoas a participarem da comunidade, estabelecendo assim relações sociais, além de assegurar o papel de cada um naquele do grupo, como bem contempla (TEIXEIRA, 2010, P. 27).

     MANSON (2002), entende que tanto gregos quanto latinos idealizaram os pensamentos iniciais face ao brinquedo, qual seria sua importância no meio da vida da criança.

      As brincadeiras por serem repassadas historicamente de tempos e tempos, trazem consigo aspectos estruturais e culturais. Daí a necessidade de valorizar e de acompanhar para que suas bases não percam suas essências. Mesmo nas sociedades mais antigas ou na sociedade nesta, o brincar oferece a criança uma concepção simbólica do mundo em que muitos viveram e que elas vivem.

     Vigotsky (2003), entende que todo homem é um sujeito sócio-histórico, isto é, vem se estabelecendo ao longo da vida através das relações e contradições do meio. Para compreendermos ainda melhor o aspecto lúdico, é primordial analisar o universo infantil, sua cultura, bem como a brincadeira que realmente faz bem ao desenvolvimento da criança.

     Nesse quesito, busca-se no presente registro elencar pontos fundamentais acerca da influência da ludicidade na infância, de aspectos antigos sobre o brincar e brinquedos a partir das visões de autores como Vigotsky (2003), Piaget( 1978  ), Almeida( 2003), entre outros, como já citados e que virão no decorrer do texto, a fim de defender a necessidade de uma aprendizagem que contemple o lúdico através das mais variadas ferramentas: a exemplo dos jogos, das brincadeira e da imaginação como fatores de aprendizagem onde quer que estejam, em especial, na instituição escolar que por sua vez, deve estar adaptada para as diversas realidades. Criando com isso, novas expectativas para a atividade psicopedagógica.

     Sobre os objetivos trilhados nesse estudo, buscou- se nos específicos, identificar como a ludicidade é determinante para o desenvolvimento da aprendizagem, analisando o que os estudiosos afirmam acerca do lúdico como fator desencadeador de aprendizagem.

 

     Nisso, traçar algumas considerações e possibilidades de entendimentos sobre a influência dos jogos e brincadeiras numa perspectiva sócio interacionista psicopedagógica, voltada para a aprendizagem mais significativa.

     No tocante a pesquisa aqui desenvolvida sob o olhar da Psicopedagogia surge a busca de mais possibilidades interventivas, fundamentais para o desempenho das ações e conquistas por parte de todos e para alunos que mais necessitam de atenção.

     E como o estudo aqui apresentado, traz pontos ligados a revisão conceitual acerca do lúdico: desde os Jogos, brinquedos e brincadeiras, como fator de desenvolvimento infantil, precisa- se de mais bases que expliquem as ações cotidianas no cenário educativo.

     Em relação aos aspectos metodológicos aqui almejados, trata-se exclusivamente de uma Pesquisa de cunho bibliográfica, mas com base numa realidade que por sua vez, foi fruto de observação e que conforme Gil (2010): [...] a Pesquisa teórica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos e penso até mesmo de observações reais, embasadas adequadamente.

 

REVISÃO DA LITERATURA

 

 A CRIANÇA EM DIFERENTES MOMENTOS SEGUNDO PIAGET

 

     Antigamente e ainda hoje as crianças aprendiam por meio de  estímulos, da imitação nas atividades do dia a dia: convivência com o outro e com o meio... A interação das crianças sempre foi fundamental para que se desenvolvesse de modo mais saudável em todos os aspectos, pois nestes contatos, transmitiam suas experiências que por sua vez eram compartilhadas mutuamente,  independente das suas gerações, sendo que a aprendizagem de fato ocorria a partir do contato com a prática.

     Sobre isso, Almeida (2003) revela que nessa cultura a educação, caracterizada pelos jogos com representação, a aprendizagem era mais significativa, pois tinham exemplos e movimentos reais: desafios e buscas coletivas por respostas. Sendo assim, o ato de interagir brincando oferecia a inserção das ações sociais, possibilitando o aprendizado das regras entre outras possibilidades

     Piaget (1978) grande estudioso neste aspecto: biólogo suíço que apresentou ou postulou a epistemologia genética, a qual foi encarregada de estudar a gênese das estruturas lógicas fundamentais, ou melhor, como se processa a aquisição, o processamento e a construção das informações e do conhecimento na criança. Defendeu Piaget, ( 1978) , a criança passa por estágios fundamentais de desenvolvimento cognitivo que devem ser considerados como essenciais:

-  O Sensório-motor: vai desde o nascimento até 1 ano. A criança desenvolve a percepção de si mesmo e dos objetos ao seu redor.

- O Pré-operacional: que vai dos 2 anos aos 7, quando ocorre a aprendizagem da linguagem e a representação do mundo através dos símbolos.

- As Operações concretas: o estágio que vai dos 7 aos 11 anos, período em que criança começa a ter uma organização mental integrada e mais sistemática. Explica- se que os esquemas de ação se unem de forma integrada. Ocorre então, a lógica nos processos mentais e a habilidade de discriminar os objetos por semelhanças e diferenças. A criança começa a dominar o conceito de tempo e número.

- Operações formais: começa por volta dos 12 anos, quando a criança (pré-adolescente e adolescente) passa a dominar as operações de raciocínio abstrato, lógico e dedutivo. A criança liberta-se do objeto, operando-o abstratamente e raciocinando sobre hipóteses.

     É importante que se conheça detalhadamente esses estágios de desenvolvimento infantil para que pais e/ou professores desenvolvam atividades lúdicas entre outras de acordo com o nível de desenvolvimento intelectual, afetivo, físico-motor, social e moral da criança.

     Embasados pelo conceito de assimilação e acomodação segundo Piaget, pode-se inferir seguramente que a criança, ao realizar uma atividade lúdica nova, entra em conflito. E é nesse momento que deve- se ter informações suficientes para orientar devidamente.

     Visto que, ao conhecer e compreender o desconhecido, esta assimilará e transformará a sua realidade em relação ao conhecimento e significado daquele jogo e brincadeira apresentados para ela.

     O jogo em algumas realidades é conhecido como um instrumento apenas para entreter a criança. Contudo, segundo Vigotsky (2003), a partir da observação, pode-se perceber que o jogo está presente nas diversas culturas, representando uma peculiaridade que é natural do ser humano pensar sobre este nos mais variados cenários.Cabendo assim, refletir sempre sobre seus resultados.

     Como bem sabemos, até os animais brincam, dessa forma, o jogo pode ter um sentido biológico. O jogo com regras oferece ao educando a socialização, a expressão do prazer, a forma natural de trabalho, além de ser uma preparação para a vida cotidiana. (VIGOTSKY, 2003, p. 106).

 

Quando brinca, a criança assimila o mundo a sua maneira, em compromisso com a realidade, pois sua maneira de interação com o objeto não depende da natureza do objeto, mas da função que criança lhe atribui.  Piaget (1978, p. 123)

 

     Para Lev Vigotsky psicólogo russo (1998), seguidor de Jean Piaget, é importante considerar os aspectos históricos e culturais da criança, estes determinam os processos de desenvolvimento infantil. A aprendizagem e o desenvolvimento da criança nas diversas situações, se  dão de forma dialética entre ela e o meio no qual está inserida.

      A criança é capaz de transformar situações no ambiente em que suas possibilidades são estimuladas, modificando com isso, o ambiente. Segundo  VIGOTSKY (2003) , os processos psicológicos mais complexos são assegurados e desenvolvidos pelo próprio caminho do aprendizado. Nesta perspectiva. E em relação a isso:

     Explica também que é através do jogo que a criança vivencia suas experiências emocionais desde a fantasia, o lúdico e o saber. (VIGOTSKY, 2003, p. 155), “sendo que o jogo é a fantasia em ação”. A imaginação desenvolve funções que são positivas do faz de conta e o jogo, é o meio da fantasia, pois não exerce o sentido de realidade e desenvolve hábitos para a elaboração desse sentido, proporcionando a fantasia.

 

SOBRE O LÚDICO E A APRENDIZAGEM NA VISÃO VIGOTSKIANA

 

     No cenário educativo em especial, para se obtiver uma aprendizagem e interação mais eficaz, se faz necessário aperfeiçoar diariamente novas técnicas e didáticas, conforme as experiências lúdicas: aquelas que realmente preenchem as lacunas das crianças, necessárias para o seu desenvolvimento social, cultural e cognitivo.

     Para isso, é importante oferecer diferentes possibilidades e numa prática prazerosa e interativa. Dentre essas técnicas sobressai o lúdico, como um recurso didático dinâmico que garante resultados positivos na educação, apesar de exigir extremo planejamento e cuidado na execução da atividade ou na brincadeira elaborada.

 

As crianças formam estruturas mentais pelo uso de instrumentos e sinais. A brincadeira, a criação de situações imaginárias surge da tensão do indivíduo e a sociedade. O lúdico liberta a criança das amarras da sociedade (VIGOSTSKY, 1998, p. 84)

 

     O brincar através do jogo e outras situações, nas suas variadas formas, auxilia no processo da aprendizagem, tanto no desenvolvimento cognitivo, psicomotor como também no desenvolvimento da motricidade fina e ampla, bem como no desenvolver da imaginação, da interpretação, da criatividade, até obtenção e organização de pensamento, que por sua vez, acontece quando brincam e jogam, quando se obedece  regras, tais pontos são fatores determinantes para aprendizagem tanto no cenário educativo como também nas relações sociais .

     Para Vigotsky (2003), o desenvolver da criança ocorre através da interação com o outro e com os recursos disponíveis na hora da socialização. E o lúdico é um recurso de grande relevância. Por isso, a criança necessita de brinquedos e brincadeiras para se desenvolver, precisa do jogo como forma de integração com o mundo: vislumbrar suas regras/ limites, como forma de trocas de experiências envolvendo suas culturas, meio onde vivem, para que a aprendizagem ocorra de forma integrativa e global numa construção homogênea de saberes para toda uma vida.

     A criança, ao brincar com jogos de forma lúdica, se envolve automaticamente, tanto que põe em ação na própria brincadeira o seu sentimento, suas emoções. Podemos dizer que o lúdico desempenha um papel integrador entre os mais variados aspectos: motores, cognitivos, afetivos e sociais, sobretudo, o desenvolvimento de infinitas capacidades, desde inserção no universo da aprendizagem, aos demais: espírito social, cultural e individual, coletivo, contribuindo de modo ímpar para uma vida bem feliz, saudável, física e mental.

 

No tocante à reflexão da intersubjetividade, é necessário dar destaque ao “entre’’, que Winnicott  denomina espaço potencial. Quando há dois sujeitos e uma interação, ocorre algo que vai além da subjetividade encenada em si mesma. Winnicott dá importância ao que está presente na expressão do fenômeno, mais do que o discurso, considera o valor da experiência (FERNANDES, 2013, p. 60-61).

 

     Indiscutivelmente, a aprendizagem através do lúdico é bem mais interessante e enriquecedora, pois nesta relação, a criança é oportunizada a uma vivência além de divertida, sem cobranças tão sistematizadas/ acadêmicas que o universo regular impõe.

     A atividade lúdica sem dúvida, desenvolve as mais variadas habilidades cognitivas através dos mais variados recursos, a criança aprende muito, principalmente a controlar os seus impulsos, a esperar o tempo e o tempo do outro, aumenta sua autoestima e independência, diminuindo também suas frustrações,  visto que através do brincar a criança reproduz situações vividas no seu cotidiano como já foi bem elencado aqui segundo opiniões de quem entende estes processos

 

Os fios da tela do bastidor a partir do qual vamos poder interpretar a etiologia do problema de aprendizagem são: o organismo, o corpo, a inteligência e o desejo; na trama deste bastidor vamos encontrar desenhados a significação do aprender, o modo de circulação do conhecimento e do saber dentro do grupo familiar...o que tentamos encontrar é a relação particular do sujeito com o conhecimento e significado do aprender (FERNÁNDEZ, 1991, p. 39).

 

     A valorização e utilização de jogos e brincadeiras nos diversos meios, seja institucional ou não, são capazes de proporcionar às crianças o aperfeiçoamento de diversos saberes de praticamente todas as áreas de forma lúdica. Podemos comparar a uma fase introdutória e fundamental para os desafios posteriores.

 

O jogo facilita esta complexa conjunção entre a criatividade e o amor à regra, conjunção esta que buscamos vida a fora e que tanto facilita e melhora nossas relações tanto pessoais quanto profissionais. Oliveira, (2007. P.60)

 

     Sobre os profissionais: desde professor, psicopedagogo, entre outros, nota- se que estes são automaticamente motivados pela própria natureza, com a aprendizagem de seus alunos através do lúdico. Contudo, é preciso um domínio mais significativo acerca do assunto, para que o lúdico não se torne um meio só de entretenimento, mas que favoreça todos os mecanismos essenciais para um saber construído por prazer, sobretudo no auxílio a criança para que esta brinque com os mais variados elementos: jogos educativos entre outros tipos de brinquedos e brincadeiras infantis, mas que o prazer da ação lúdica seja uma forma de adentrar em outros universos produtivos para sua vida.

 

BREVE OLHAR SOBRE ATIVIDADES DE ORDENAÇÃO MOTORA AMPLA E FINA

 

Ordenação motora ampla e Ordenação motora fina

 

     Para Almeida (2014), a coordenação motora ampla reporta-se ao desempenho dos grandes músculos do corpo. E sobre as atividades que envolvem estas práticas, estas estão relacionadas ao ritmo, ao bom desenvolvimento geral da criança, como suas percepções e desenvolvimento psicomotor.

     Estas práticas são responsáveis pelo apuramento dos movimentos desde os membros superiores: (braços, mãos, cabeça) como também dos inferiores (pernas, pés), a partir disso, vem a coordenação motora ampla, a exemplo das brincadeiras, os exercícios físicos, as danças, entre outros.

     Aproximadamente, ou melhor, até o 2º ano de vida, geralmente, não se oferece lápis e papel, porque o objetivo nesta atividade é o desenvolvimento da coordenação motora ampla para conseguinte envolver outros exercícios mais desafiantes. O que pode atribuir a apropriação dos Jogos e brincadeiras que auxiliam no desenvolvimento da coordenação motora ampla e fina.

     Almeida (2014), sobre a coordenação motora fina entende que o que vai  “garantir um bom traçado de letra, a escrita da criança dependerá muito do desenvolvimento desta coordenação motora”.

     Na coordenação motora fina, denota- se que esta está relacionada aos desafios mais delicados com a utilização das mãos e dos dedos, ou melhor, a criança com essa função estimulada e desenvolvida, apresentará uma boa força e equilíbrio muscular, ela poderá pegar objetos no chão, objetos mais  delicados sem perder o controle, evitando amassar ou coisa similar, poderá desenvolver- se em práticas de pinturas sem tanta rigidez.

 

Consciência corporal

 

 

     Para entender e facilitar a compreensão sobre este assunto, buscamos inicialmente a contribuição de Houaiss (2001, p. 103), que aponta a consciência corporal como: “estágio da vida mental percebido pelo individuo”, “conhecimento”, “discernimento”, “estado de quem pode responder por suas ações ou atos” “auto conhecimento consciencioso”. Do corpo ou corpóreo significa em si: “próprio do corpo físico”, “material - corporalidade”.

      Em Melo (1997a), consciência corporal aflora como nível mais complexo e mais refinado na sistematização da noção do próprio corpo. Para o autor, a consciência corporal é o modo mais delicado de se fazer a interação humana.

     Segundo eles, é preciso que a consciência corporal seja compreendida  como um movimento de interação entre todos os aspectos ocultos no trabalho a ser desenvolvido com o próprio corpo.

 

Nosso corpo somos nós. É a nossa única realidade perceptível. Não opõe à nossa inteligência, sentimento, alma. Ele inclui e dá-lhe abrigo. Por isso, tomar consciência do próprio corpo é ter acesso ao ser inteiro... pois, corpo, espírito, psíquico e físico e até a força e fraqueza, representam não a dualidade do ser mais sua unidade. (apud MELO 1997a, p. 19)

 

     Lê Boulch (1983), entende que esses aspectos constituem em ordenação óculo-manual, ordenação dinâmica geral, lateralidade, interiorização, segmentos corporais, percepção-temporal, percepção-espacial.

     Almeida (2014) reforça ao salientar que perceber o próprio corpo dependerá de fatores sociais e emocionais (imagem corporal) quanto da habilidade do indivíduo ao reconhecer as partes que compõem o seu próprio corpo, sua dimensão, oumelhor, o seu esquema corporal. Tais pontos, são essenciais para o desempenho de qualquer atividade lúdica, visto que o individuo reconhecendo seu próprio corpo nas mais variadas formas, desenvolverá melhor suas práticas, principalmente quando reporta- se a brincadeira ou ao jogo.

 

PRÁTICAS LÚDICAS DE ESTIMULAÇÃO DO PENSAMENTO

 

     Sobre as dificuldades do não aprender a lidar com o pensamento muitas vezes estimulado por práticas lúdicas, este compromete- se de modo a atrapalhar as demais habilidades. O próprio Jean Piaget defendeu em muitos estudos que é através do ato de pensar que se constrói a aprendizagem e que esta se manifestará através vários de sintomas que podem ser transmitidos das mais diversas formas, mediante desafios propostos. E quando numa ação sem sucesso os aspectos como: baixo rendimento escolar, a agressividade, a agitação, a falta de concentração, entre outros serão pontos notórios em muitas ações didáticas.

 

     O interesse em aprender vem naturalmente e será para a criança, um processo que durará por toda sua vida. Ao observar uma criança chamar pela mãe, citar uma palavra, utilizar um gesto, chorar, percebe- se claramente a sua intenção em interagir com seu meio.

     E na medida em que ela vai crescendo, novos desafios são lançados e muitos, por ela resolvidos. A  exemplo do próprio ato de manusear objetos, organizar da sua forma, criando e recriando situações relevantes para sua inserção nos aspectos essenciais a sua vivência.

     Já Bossa (1994) vai além, explicando que o fazer psicopedagógico não só faz a investigação daquilo que o que não vai bem com o aluno, este necessariamente necessita pesquisar e compreender o porquê de o sujeito não  atingir os objetivos propostos para realmente aprender, o que ele pode aprender e como e se possível quando.      Muitas vezes, o diagnóstico é a janela para a tão almejada conquista: o conhecimento.

Todo professor deseja que seus alunos se desenvolvam bem e que acertem sempre, porém, deve-se posicionar- se mediante os novos olhares: aqueles que compreendem o erro como um passo para a aprendizagem, entende- se com isso, que o erro é um indicador da situação do sujeito, de como ele organiza o seu pensar e como ele compreende aquilo que foi ensinado.

     Daí a necessidade de analisar com mais cautela os erros dos alunos, podendo assim elaborar e reformular as práticas docentes sempre que possível, sobretudo para que estas atendam as necessidades dos alunos: aquelas que eles apresentam. Daí a necessidade do diagnóstico.

 

O diagnóstico psicopedagógico é em si uma investigação, é uma pesquisa do que não vai bem com o sujeito em relação a uma conduta esperada. Será, portanto, o esclarecimento de uma queixa do próprio sujeito, da família, e, na maioria das vezes da escola. No caso, trata-se do não aprender, do aprender com dificuldade ou lentamente alguma coisa (WEISS, 1991, p. 94).

 

     As atividades de estímulos cognitivos são consideravelmente as que desenvolvem o raciocínio lógico, atenção, concentração, são tidas como excelentes práticas para os sujeitos desenvolverem suas competências de métodos que são fundamentais para outras conquistas.

     Existem diversas atividades lúdicas que estimulam a aprendizagem da criança. E os brinquedos muitas vezes produzidos por eles exercem funções surpreendentes, a exemplo do telefone sem fio, este é um interessante exemplo nesta prática.

 

Aprendizagem é um processo que envolve vínculos individuais e coletivos que resultam das interações do sujeito com o meio, da ação do cuidador e das articulações entre o saber e o não saber. É um processo permeado, no caso do ser humano, por um clima e um tom socioafetivo, que produz instrumentos para mudar a si e ao mundo e vice- versa. É um movimento que envolve o mundo íntimo, a subjetividade, o desejo e , também, o contexto no qual se dá. É o processo de conhecer, o processo de vida que se dá por articulações possíveis e que amplia os domínios cognitivos para conexões cada vez mais complexas. SERAFINI ET. AL (2011,p. 51)

 

     E a brincadeira consiste trabalhar a organização das crianças uma do lado da outra, sentadas em uma fila. Nesta atividade, uma primeira criança pronuncia uma frase ou mesmo uma mensagem no ouvido da criança do seu lado. E cada criança, vai recebendo individualmente a informação, após receber a mensagem ou mesmo frase, fala o mais baixo que puder no ouvido da outra criança, até que chegue a última da fila, que por sua vez, falará em voz alta o que entendeu.

     E o que ocorre é que a informação chegará completamente distorcida. As atividades de seriação ágil também estimulará o aspecto cognitivo. O psicopedagogo na escola atual possui fortes ferramentas para trabalhar o estímulo, a cognição do sujeito com dificuldade de aprendizagem. Cabe a este buscar as mais variadas contribuições daqueles autores que de modo significativo, deixaram marcas positivas nestes aspectos.

    Com isso, é possível encontrar recursos que ajudam na aprendizagem, a exemplo dos próprios jogos educativos existentes na escola, juntamente com a ação psicopedagógica que é fundamental, além do apoio de outros profissionais direta ou indiretamente para desenvolver a aprendizagem necessária.

 

A Relevância da ludicidade no fazer psicopedagógico

 

     Podemos atribuir ao lúdico uma forma produtiva, criativa e dinâmica, capaz de favorecer caminhos para diversos saberes, essenciais ao ser humano, vendo nisso que os jogos e as brincadeiras têm como principal característica interagir e instigar o desejo de aprender, seja a partir de regras, a outros entendimentos.

     A brincadeira atua na vida das pessoas de modo criativo no espaço potencial de todas os pensamentos, desde as probabilidades, aos resultados na prática, mesmo sendo a brincadeira não característico da criança, mas sobretudo do adolescente, do jovem, até de adultos e idosos. Cada um com suas intenções, realidades e potencialidades.

 

     Para Weiss (2004) sobre o lúdico numa diagnose, este traz possibilidades de um melhor conhecimento da situação e nível de desenvolvimento do aluno.  A intervenção psicopedagógica também busca explorar os recursos pedagógicos e os jogos cumprem essa finalidade, visto que o ato de brincar é uma atividade universal, que por sua vez, rompe as fronteiras entre o problema e a solução, uma vez que compreende- se o próprio diagnóstico em muitos cenários, como caráter terapêutico.

     É importante assegurar a importância  do lúdico para o desenvolvimento da aprendizagem, assim como atividades como música, pintura e todo instrumento que venha a estimular e contribuir com a criatividade na hora de articular as informações, ações assim, além de serem lúdicas, são indiscutivelmente essenciais para promover a aprendizagem do sujeito.

     Logo, em contato com recursos lúdicos, a criança poderá estimular todas as suas habilidades e potencialidades internas e externas, desenvolvendo com isso, seu lado social, motor e cognitivo.

     De acordo com Vigostsky (2003), as crianças não pensam conforme os modelos propostos pelos adultos: sendo moldadas para chegar a um determinado objetivo, sendo elas capazes de construir o conhecimento de modo ativo e interativo, desenvolvendo por si formas de conhecer elementos, lidar com mudanças, vivendo constantemente experiências, criando, recriando e com isso testando suas produções sobre o mundo e as coisas nele existentes.

     A criança se divertindo através de brincadeiras com jogos, entre outras coisas, tem a capacidade de construir sua identidade, respeitando assim a individualidade, como dotando- se de aprendizagens que vão muitas vezes além do que esperamos dela: Com o contato direto com as coisas do mundo, a criança vai aprendendo a manusear os instrumentos de brincar, os recursos vivenciados a partir de imagens, significados, a cultura dela e da sua realidade social, cultural, religiosa.

     Nesse pensar, considera-se o lúdico um uma atividade de fundamental relevância para o desempenho da criança face aos saberem inerentes a sua vida, desde o fator psicológico ao psicopedagógico, assim como também uma base determinante no desenvolvimento infantil e sujeito humano (desenvolvimento cognitivo, físico, mental e emocional), essenciais para a construção de sua personalidade.

     É possível defender segundo VIGOSTY 2003 que o lúdico como fator de comunicação e relação com outros sujeitos, além de socializar, aproxima as crianças de outras da sua faixa etária, do universo adulto e consigo mesmo. 

     Para uma criança que ainda não desenvolveu com uma certa segurança sua linguagem verbal, esta passa a imitar os gestos que está observando no meio, esta potencialidade é utilizada como modelo lúdico, sendo esta atividade praticada por prazer e necessidade, representando o ato corporal.

Sobre uma infância bem vivida junto com o envolvimento direto com o lúdico, certamente trará benefícios a existência do indivíduo. As mais variadas oportunidades estimuladas através das brincadeiras, sem dúvida contribuem para tornar a criança ainda mais confiante, com mais autonomia e consciente de muitas ações praticadas por ela.

 

     E em face do lúdico na Psicopedagogia, este sem dúvida oportunizam aos alunos diversas possibilidades, em especial um melhor desempenho em praticamente todos os aspectos. Mas isso não implica dizer que o lúdico no fazer psicopedagógico resolverá todos os problemas de aprendizagem existentes. É preciso reconhecer que eles são capazes de auxiliar em favor de promover mudanças significativas face a aprendizagem.

     A ludicidade, os jogos são excelentes recursos para o acompanhamento psicopedagógico, usando como instrumentos de vinculação cognitiva com a aprendizagem. Para isso, é preciso que o psicopedagogo faça intervenções de forma que o aluno vá construindo a sua forma própria de aprender.

     Logo, torna-se fundamental defender em relação aos jogos e brincadeiras, que estes são fortes aliados, excelentes movimentos que possibilitam às crianças o desenvolvimento das suas habilidades intelectuais de um modo além de prazeroso, bem mais produtivo.

 

Psicopedagogia tem por objeto de estudo a aprendizagem do ser humano que na sua essência é social, emocional e cognitivo- o ser cognoscente, um sujeito que para aprender pensa, sente e age em uma atmosfera, que ao mesmo tempo é objetiva e subjetiva, individual e coletiva, de sensações e de conhecimentos, de ser e vir a ser, de não saber e de saber. Essa ciência estuda o sujeito na sua singularidade, a partir do seu contexto social e de todas as redes relacionais a que ele consegue pertencer [...].PORTILHO (2003, P.125)

 

 

     Sobre os objetivos, o psicopedagogo que se utiliza desde brinquedos aos jogos como ferramentas para intervenção ou avalição, busca estimular, encaminhar, mediar, resgatar aspectos cognitivo, afetivo-emocional dos assuntos planejados, orientados em sala de aula. Tais atividades, buscam motivar todo o processo num desejo de uma aprendizagem prazerosa.

     No tocante a intervenção ou avaliação psicopedagógica, sabemos que ao utilizar jogos, é preciso também que fique ficar claro o propósito do uso dos recursos. A atividade lúdica pode ser considerada como uma intervenção de caráter preventivo ou de aprendizagem. Nesse ponto, é preciso identificar qual dificuldade e conseguinte, criar condições favoráveis para superação.

     Neste entender, para o profissional em psicopedagogia, a utilização dos jogos é fundamental, desde a realização de ações para o levantamento da hipótese diagnóstica face algumas limitações, a possibilidades do aluno, bem como a amenização de algumas dificuldades de aprendizagem a exemplo de transtorno, ou outros. Logo, As ações lúdicas deverão vistas como ferramentas essenciais durante as intervenções psicopedagógicas, terapêutica ou não terapêutica.

 

METODOLOGIA

 

     Com relação ao método da pesquisa, este vem de cunho teórico, onde Gil (2002) explica que a mesma poderá ser desenvolvida baseada em estudos realizados e publicados em livros, sites e artigos científicos. Em que a pesquisa pode ser de campo, que consiste na coleta de dados via observação, entrevistas, questionários com os informantes.

     O estudo aqui compreendeu o resultado de uma atividade teórica, voltada para uma prática cotidiana envolvendo um processo real, sobretudo numa análise reflexiva sobre uma prática utilizando recursos disponíveis para facilitar um processo, no caso, a construção do conhecimento.

     Na pesquisa, necessariamente não foi preciso aplicação de questionário semi- estruturado contendo questões objetivas ou subjetivas, relatórios. Busquei respostas nos estudos envolvendo autores diversos, os quais deixaram evidente que o fazer psicopedagógico, utilizando- se de recursos lúdicos, torna- se mais acessível e significativo para a vida do aprendiz.

     A pesquisa encontra- se apresentada de modo teórico como já foi salientado, assegurando que um dos propósitos era compreender alguns pressupostos e definições da Psicopedagogia, seguida de suas possibilidades de atuação lúdica do profissional psicopedagogo na escola face a aprendizagem.

 

Resultados e discussão

 

     Vigotsky (2003) defende que só há aprendizagem através de um processo de interação, ou seja, todos os sujeitos humanos aprendem com o outro, o meio e recursos disponíveis. Para o autor, é imprescindível a presença do outro para que aja uma aprendizagem mais dinâmica. Ainda destaca a capacidade mental como meio de ir além do imaginário.

 

Não quero descobrir a natureza da mente fazendo uma colcha de retalhos de inúmeras citações. O que eu quero é, uma vez tendo aprendido a totalidade do método de Marx, saber de que modo a ciência tem que ser elaborada para abordar o estudo da mente.  Vigotsky (2007.p.27)

 

     Em vista dos resultados das teorias aqui pautadas, é de fato importante defender o lúdico, seja no ato de brincar, ou do tipo da brincadeira: jogos, brinquedos. a criança apropria- se de novos saberes, valores, regras e adquire para sua vida experiências, que por sua vez irão fornecer subsídios para o seu amadurecimento emocional e físico para um desenvolvimento social, cognitivo e cultural bem mais saudável.

      Sobre os aspectos cognitivos, emocionais, sociais e motores, estes se fazem presentes de forma instantânea, contribuindo assim de modo bem mais significativo e eficaz para uma aprendizagem global. Levando assim a entender que é de grande relevância que os profissionais seja professor, entre outros, em especial os psicopedagogos, entendam o aluno como uma pessoa única e em constante mudança, evoluindo a cada passo em que é desafiado.

 

     Ainda face a isso, o psicopedagogo tem em mãos, ferramentas fundamentais, além de técnicas para garantir a boa qualidade nas práticas de ensino e conseguinte, aprendizagem, viabilizando- se através de recursos e estratégias de ensino próprias buscando constantemente maneiras de facilitar o processo educativo, com base em referenciais de quem realmente efetivou maneirar de apropriar- se de saberes das melhores formas e recursos.

     Na experiência com o lúdico em sala de aula, é notório que o professor vivencia momentos estimulantes à imaginação dos seus alunos, suas habilidades tornam-se mais evidentes, observa- se mais iniciativa por parte dos alunos, enfrentando desafios, obedecendo regras, tornando- se mais confiante em si, assim também como uma melhor facilidade na interação com os outros colegas.

     Diante disso, conforme as concepções dos autores aqui registrados, defendemos o lúdico como um recurso fundamental para a escola, em especial para uma intervenção psicopedagógica, diante das dificuldades de aprendizagem. Sendo com isso, todos os envolvidos transportados para o cenário do conhecer, adquirindo conhecimentos através das várias formas que o lúdico no fazer psicopedagogo pode promover. Além de aprimorar a ação, para que se possa possibilitar a compreensão do que é trabalhado, de forma a minimizar as dificuldades da aprendizagem, oferece experiências ímpares para a vida dos sujeitos

     O fazer psicopedagógico é também ajudar a criança a identificar estratégias ou a melhor forma para a aprendizagem aconteça, pois como bem se sabe, cada sujeito aprende de forma única. E o psicopedagogo é quem auxilia, investe em estratégias, contribuindo diretamente com as possíveis e mais adequadas técnicas para apoiar cada um ali inserido.

     Ainda em face de estratégia na prática lúdica como elemento fundamental, é importante firmar que esta é capaz de auxiliar na complexa atividade de ensinar e aprender, tornando-se assim ponto fundamental no planejamento das ações, pois defendeu- se aqui a aprendizagem com significado, na construção da vivencia, da interação com o objeto a ser aprendido e com o outro. Logo, é importante entender a metodologia do professor ou psicopedagogo como fator essencial para o impulso a aprendizagem de maneira que esta se torne significativa.

   Diante disso, a utilização dos mais variados recursos, desde jogos, brinquedos e brincadeiras pelo psicopedagogo oportuniza as crianças o aprimoramento de diversas habilidades, considerando o aspecto lúdico e não mecânico. Para isso, é preciso apoiar o aprendente de modo sutil, para que viva a brincadeira com os mais variados tipos de brinquedos, para assim poder intervir com eficácia nas dificuldades que possam surgir no transcorrer das ações de aprendizagem.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

     No desenvolver do presente trabalho discutiu-se concepções acerca do fazer lúdico na psicopedagogia, assim como jogos como fator de desenvolvimento infantil, apresentando a ludicidade como um grande instrumento no bom desenvolvimento da criança, pois fica evidenciado aqui que através das brincadeiras a criança descobre meios de conhecer melhor a si mesmo, o outro e seus caminhos a serem trilhados na construção do saber.

   Fica evidente que com ferramentas lúdicas, o ser aprendiz passa por constantes mudanças, desde comportamental, aos saberes mais surpreendentes, resultando com isso, numa evolução significativa de processos biológicos, intelectuais, sociais e culturais.

   Fica aqui evidente que a ludicidade envolve uma série de aprimoramentos nos diversos aspectos do desenvolvimento: cognitivo, motor, social e afetivo. O lúdico permite a criança o imaginário, o conhecimento, a experimentação, a criatividade, a autoconfiança, a liberdade/ autonomia, um melhor desenvolvimento da linguagem, do pensamento,  da atenção, sobretudo aquelas habilidades que envolvem outras potencialidades antes não observadas.

     É através do lúdico que situações como prazer pelo que faz, mudanças positivas de comportamentos e assimilação de regras sociais ocorrem notoriamente. Sem esquecer que desenvolve as emoções assim como: angústias, ansiedades, e reconhecimentos das dificuldades e com isso, algumas limitações

     Desse modo, é fundamental compreender que a atividade lúdica além de fornecer uma construção significativa nas funções das habilidades cognitivas e da personalidade, esta também através dos jogos leva a criança a aprender conteúdos relevantes, a aguardar sua vez: respeitando regras, a ter sua autoestima estimulada, sem contar na independência nas mais variadas ações cotidianas.

     Neste estudo, como em muitos outros que envolve o lúdico e processos de aprendizagem, podemos afirmar que muitos são os desafios: muitas concepções favoráveis, muitas divergentes. Mas de uma coisa somos certos: toda pesquisa traz consigo elementos relevantes, que servirão para a melhoria de processos, seja qual for.  E numa perspectiva da Psicopedagogia em sua prática lúdica há significativas publicações, cabendo ao profissional da área, ficar atento aos novos desafios.

     Diante disso, podemos entender que o psicopedagogo pode cooperar com o fazer pedagógico, realizando intervenções ou mesmo avaliações através do lúdico, em vista que assim, aprendizagem torna- se bem mais significativa, pois para a criança em desenvolvimento é mais interessante o fazer por prazer, principalmente no tocante a prevenção de futuros problemas de aprendizagem.

     É preciso meios para que as habilidades individuais sejam trabalhadas, apontando-se direções para formas específicas de planejamentos das atividades a serem ensinadas, realizadas, mediadas com as crianças, podendo estas resultarem em contribuições para a constituição do processo da organização cognitiva coletiva. Acreditamos também que o resultado deste estudo, ofereça alguma contribuição em áreas afins, em especial no campo da Psicopedagogia Institucional e Clínica.

 

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Andrade Daniele
Enviado por Andrade Daniele em 26/08/2023
Reeditado em 28/08/2023
Código do texto: T7870995
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