Ditadura do futebol no Brasil ofusca possibilidade de inserção em outros esportes

Todo mundo sabe a ligação que há entre o brasileiro e o futebol, as razões histórias e de auto-afirmação de uma coisa na qual o brasileiro é internacionalmente reconhecido. O fato é que o futebol é para o brasileiro mais do que um esporte, é sinônimo de paixão e de um compromisso social que vai além de torcer, muitas vezes chegam as vias de fato.

Obviamente que com uma ligação tão intensa, o futebol acaba ganhando um espaço que muitas vezes deveriam ser para outras coisas importantes como a política a própria sociedade e também a pratica de outros esportes, o problema é que temos uma ditadura do futebol no Brasil, ditadura essa que toma horários nobres na televisão, cria logomarcas caríssimas e transforma o futebolista num ser acima do bem e do mal. A notoriedade que se dá ao futebol impossibilita e muitas vezes criam um subproduto dentro do produto. O futebol nos últimos 25 anos tornou-se um negócio lucrativo para alguns e transformou o Brasil numa baia de fabricar jogadores para exportação.

Levando em consideração a força de imagem que o futebol tem e do chamariz para a inserção social que ele promove para apenas alguns poucos felizardos, ele se torna um instrumento de economia quase um monopólio como o que tínhamos quando o Brasil era colônia, agora um monopólio de clubes, jogadores e empresários desse esporte.

A ditadura do futebol no Brasil toma conta do espírito de seus milhares de adeptos, tanto é verdade essa afirmação que o futebol se transformou num monstro de sete cabeças que agora está difícil de cortar. O sonho é ser jogador, não importa se esse não irá completar os estudos, o importante é que quando virar jogador os seus problemas sociais acabarão e ele poderá “vingar” a sua família, e para aqueles que não se conseguirem se tornarem jogadores de futebol caberá a torcer frustradamente para os clubes e se imaginar na situação daquele atleta, provavelmente é daí que possam surgir as rivalidades de torcidas.

A ditadura do futebol no Brasil tira a atenção de sua população para os seus problemas básicos, tiram o seu comprometimento político e social e o condiciona a ser quase que um “zumbi torcedor”. Porém o que mais me preocupa é que o futebol vai, além disso, ele se tornou um lobby tão grande que praticamente não se fala de outros esportes no Brasil, apenas pequenas notinhas dispersas em jornais e nos programas televisivos um comentário breve.

O Brasileiro ama tanto o futebol que me admira o porquê dele ter comemorado a escolha do Rio de Janeiro como sede das olimpíadas de 2016. Certa vez um grande jornalista esportivo José Trajano que fazia parte da TV cultura havia mencionado “o tornozelo machucado de um jogador aqui no Brasil é mais importante do que noticiar que o Eronildes Araujo ganhou uma medalha numa prova de atletismo, pois no Brasil só o futebol tem vez ”, para informação Eronildes Araujo é um ex corredor de provas de atletismo que havia ganho uma medalha em prova realizada em São Paulo. Essa situação se estende e parece não acabar, quando surgem alguns atletas de notoriedade que não seja no futebol ele se torna uma espécie de “herói solitário”, além disso, existe um ufanismo por parte de nossa mídia, pois em nenhum momento se vê um apoio continuo desses atletas, sempre dependemos de lampejos ocasionais de um ou outro talento que emerge em meio à epidemia futebolística nacional.

Dentro desse contexto exclusivista que o futebol dita no Brasil, os talentos que poderiam emergir em outros esportes tão emocionantes quanto simplesmente desaparecem por falta de oportunidades, uma gama de jovens talentosos se perde no mundo das drogas e da violência por não disporem de estruturas adequadas para a prática de outros esportes. As escolas que poderiam incentivar os esportes estão com seus modelos sucateados e a falta de incentivo não dá ao futuro atleta as condições adequadas.

É necessário fazer uma reflexão profunda sobre esse tema, o futebol é um esporte muito bonito e merece o nosso respeito, no entanto, o que não podemos permitir é que esse gosto esportivo se torne uma obsessão como é hoje, ofuscando problemas importantes de nossa sociedade e impossibilitando outros esportes que também são legais de serem praticados.

Histórias mil
Enviado por Histórias mil em 25/09/2011
Código do texto: T3240217
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.