Ensaio para o esporte numa sociedade socialista

Analisar o esporte e esgotá-lo em si mesmo é não destrinchar aspectos políticos importantes inerentes ao mesmo. É percebê-lo, apenas, "no jogar, saltar, correr, lançar" e outras possibilidades de movimentos. O esporte é maior que ele mesmo e suas implicações no âmbito social são profundas e merecem um olhar curioso e crítico.

Para entender o esporte como instrumento político, se faz necessário compreender a estrutura do Estado burguês e por qual razão, este, se apropria do fenômeno esportivo. Neste modelo de organização estatal, podemos citar várias razões para que o esporte tenha papel de destaque no processo político, econômico e social: integração nacional, educação cívica, preservação da saúde para o trabalho, são alguns dos motivos para tal foco no esporte, porém, o esporte possui uma característica que se torna um ponto fulcral e valioso na manutenção do status quo. O fenômeno esportivo tem a capacidade de criar um mundo paralelo, possibilita atenuar tensões sociais, ou seja, tem a condição de divertir o povo, pois é uma "ferramenta" lúdica, desviando, desta maneira, o olhar da sociedade dos problemas pontuais existentes, do seu próprio estado de miséria e desigualdade.

Sob a ótica de Bracht (2009) "a função básica do Estado nas sociedades capitalistas portanto, é garantir a reprodução do capital". É nessa perspectiva, também, que o esporte se torna objeto útil ao Estado burguês, quando além de promover a reprodução da força de trabalho e estabilizar as tensões existentes em função das contradições sociais, detém a condição de acúmulo inimaginável de capital, movimentando cifras incontáveis na modalidade "esporte espetáculo".

Para tratar de um Estado socialista é necessário projetar tal sociedade. Uma sociedade que, até então, existe no campo das ideias e que se materializa através das lutas e por que não da própria contradição do mundo do capital? O esporte numa sociedade construída sob as bases do socialismo, em primeiro lugar, deve ser tratado como bem cultural e não como instrumento de alienação popular. Toda cultura de um povo deve ser difundida entre seus membros. Quando todos se apropriam de uma cultura em comum, constrói-se uma identidade e os laços se fortalecem. Com o fenômeno esportivo deve ser assim. É preciso dar condições para que o povo usufrua dele em suas inesgotáveis possibilidades. O esporte deve estar a serviço da melhoria da qualidade de vida do seu povo, deve ser um caminho para que as pessoas se reconheçam e não se estranhem como adversárias.

O esporte, numa visão socialista, deve ser simples e educativo. Deve agregar e não excluir, libertar e não reprimir, ter como princípio toda e qualquer diversidade. O "esporte socialista" não deve gerar lucro, mas sorrisos e as mais diversas emoções vivenciadas em momentos lúdicos.

Os "esportes" (capitalista e socialista), numa visão política e econômica, se confrontam todos os dias, nas ideias e, principalmente, na prática ainda embrionária de alguns professores que compreendem o fenômeno como agregador e educativo, como um instrumento de transformação, mas não na ideia de transformar uma vida (ascensão social/mudança de classe), e sim na possibilidade de transformação do coletivo, uma mudança profunda de sociedade.

Ps: Apenas um ensaio, não referenciada a citação do texto que está em construção.

Pedro Hermes
Enviado por Pedro Hermes em 14/09/2012
Reeditado em 14/09/2012
Código do texto: T3882483
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