O Preconceito contra o negro dentro da literatura infanto-juvenil

O PRECONCEITO CONTRA O NEGRO DENTRO DA LITERATURA INFANTO-JUVENIL

Verônica Oliveira Santos

Cristiane da Piedade

RESUMO

Este artigo tem a pretensão de analisar a partir de uma reflexão crítica o preconceito contra o negro dentro da literatura tradicional e infanto-juvenil, se valendo de estudos teóricos e textos que explicitam a abordagem do tema, e até onde esse preconceito prejudica nossa população afro-descendentes. A metodologia empregada foi a pesquisa em obras literárias coerentes com a temática, bem como a abordagem virtual em sites eletrônicos as que contemplaram o referido assunto. O objetivo geral desse trabalho é mostrar o preconceito contra o negro dentro da literatura infanto-juvenil. Portanto, é de fundamental importância a discussão sobre os valores dos negros para que a sociedade de um modo geral se conscientize, e vejam que o preconceito seja ele qual for é vergonhoso, e empobrece a nossa cultura.

PALAVRAS CHAVES: Literatura. Negro. Preconceito.

RESUMEM

El artículo tiene el propósito de analizar a partir de una reflexión crítica el perjuicio contra el negro dentro de la literatura tradicional y infanto-juvenil, bagado en estudos teóricos y textos que explican el abordaje del tema, y hasta dónde ese perjuicio daña a nuestros niños afrodescendientes. La medodología empleada fue la investigación en livros, los cuales abarcaran el tema mencionado, bien como el abordaje virtual en sitios de internet que comtemplen el referido asunto. El objetivo general de ese trabajo es presentar el perjuicio contra el negro dentro de la literatura infanto-juvenil. Por lo tanto, es de fundamental importancia que los valores de los negros sean reconocidos, y que la sociedad de un modo general se consciencie, y vea que el perjuicio es vergonzoso, y empobrece nuestra cultura.

PALABRAS LLAVES: Literatura. Negro. Perjuicio

1 INTRODUÇÃO

Este artigo versa sobre o preconceito e objetiva mostrar a visão de diferença surgiu por volta do século XVIII, sob o preceito igualitário da Revolução Francesa, que se voltava para as diferenças ou desigualdades observadas entre o meio e o homem americano. Porém foi no século XIX que surgiram as grandes escolas racistas que influenciariam o pensamento da sociedade brasileira até então.

Todas elas voltadas para a existência de uma raça superior, Gobineau filosofo francês um dos mais importantes teóricos do racismo no século XIX, 1988, p.77, 78, defendeu abertamente a superioridade da raça ariana como a mais nobre de todas. Introduziu a noção de degeneração da raça como resultado das raças – a mestiçagem – para ele, as conseqüências deram desastrosas nos países em que a raça branca já impura se misturava ao sangue dos negros e índios, pois a seu ver, o resultado da mistura é sempre um dano, resultando em uma população totalmente mulata viciado no sangue e no espírito e assustadoramente feia. Gobineau, diz:

Já não existe nenhuma família brasileira que não tenha sangue negro e índio nas veias: o resultado são compleições raquíticas que, se nem sempre repugnantes, são sempre desagradáveis aos olhos. (Gobineau, 1869, p.90).

Já o darwinismo social que considerava os seres humanos dotados de diversas aptidões inatas, algumas superiores, outras inferiores, sendo normal, portanto, sob essa ótica, que os mais aptos tenham riqueza, sucesso, acesso ao poder social, econômico e político; da mesma forma, é normal que os menos aptos fracassem, não fiquem ricos, nem tenham acesso a qualquer forma de poder.

Essas teorias foram suficientes para influenciar o pensamento da elite brasileira que entre 1870 e 1930 que criaram em seu pensamento a superioridade da raça ariana, mesmo diante de uma nação multirracial. Seu grande defensor o médico legista e professor de Medicina Legal na Faculdade de Medicina da Bahia, Nina Rodrigues influente, tanto nesta como também na Faculdade de Direito da Bahia, se tornou o principal doutrinador racista brasileiro de sua época fundou a etnologia afro-brasileira foi implacável em sua classificação ao negro:

O negro, principalmente, é inferior ao branco pela massa encefálica, que pesa menos, e do aparelho mastigatório que possui caracteres animalescos, até as faculdades de abstração, que nele é tão pobre e tão fraca. [...] o negro está condenado por sua própria morfologia e fisiologia a jamais poder se igualar ao branco (RODRIGUES. In: GONÇALVES, 2007, p. 14).

O conhecimento de tais teorias é importante para entendermos também o que leva pessoas tão inteligentes a manter firmes as ideologias desumanas e capazes de destruir a personalidade dos negros brasileiros.

Em seu artigo Suelly Dulce declara: a literatura infanto-juvenil, em termos gerais, ajuda as crianças, além de outras coisas, a construírem sua identidade. “Num processo de transferência, os pequenos se colocam no lugar dos heróis e vivenciam as sensações dos personagens. Sentimento de inferioridade e auto – rejeição são as conseqüências mais comuns na auto – estima da criança que não se reconhece nas historias contadas pelos livros. Todos querem e precisam sentir-se aceitos pelo seu grupo e pela sociedade”. (CASTILHO, 2004, p. 108).

E ela foi discursando por uns quinze minutos. Vi que sua narrativa não batia em nada com a que nos fizera a Vó Rosária. Aqueles eram bons, simples humanos, religiosos. Eram bobos, covardes, imbecis, estes me apresentados então. Não reagiam aos castigos, não se defendiam, ao menos. Quando dei por mim, a classe inteira me olhava com pena ou sarcasmo. Eu era a única pessoa da classe representando uma raça digna de compaixão, desprezo!Quis sumir evaporar, não pude... (GUIMARÃES, 1990, p. 65)

Do ponto de vista educativo, esse processo pode estar comprometendo tanto a formação da criança negra quanto da branca. Para a criança branca, essas obras literárias podem reforçar a ideologia da superioridade e supremacia de sua “raça”, por outro lado, pode subestimar; estigmatizar e em muitos casos fragmentar a auto-estima da criança negra. (CASTILHO, 2004, p.109).

Tem que trazer a menina aqui nove dias seguidos. Está com acompanhamento. O espírito de Zumbi está do lado direito dela. Vou fazer um trabalho especial. Afasto o coisa-ruim e peço a guarda da Menina Izildinha. (GUIMARÃES, 1990, p.36).

Com tais pensamentos incutidos na elite brasileira, a camada popular não ficou a desejar, a imagem do negro como feio, assustador, perturbador foi agora adentrando na população negra de uma forma tão destorcida e a do branco europeu como as boas e bonitas que vemos nas evocações à proteção os santos “europeus” são os escolhidos. Sendo que também existem santos negros, e estes estão sendo abandonados, esquecidos em favor do arianismo, ou seja, a superioridade da raça branca. Devido a questão ser muito vasta deixemos aí o assunto em aberto para que vocês caros leitores tirem as suas próprias conclusões.

Buscou-se a pesquisa bibliográfica para nortear este estudo que se justifica pela atualidade do debate, tanto nas academias quanto nos diversos seguimentos sociais, selecionando-se autores e obras que serão citados no decorrer do trabalho.

2 MARCO TEÓRICO

2. 1 O Negro em nossa história

A partir de obras coerentes com a pesquisa buscou-se esclarecer que desde o descobrimento da América a vida do negro não foi fácil. Arrancados de suas terras e levados para outras, a força para trabalhar como escravos, sem direito algum, tratados como animais, sendo forçados a aprender uma nova língua, cultura, religião, vendidos como mercadorias. Esse é o negro da nossa história. Desde sempre o papel do negro foi de servir, aspecto que perdura até hoje, e provoca o tão conhecido preconceito racial. No período colonial eram tratados das piores formas possíveis, trabalhavam de dia à noite, se alimentavam mal, viviam em senzalas, uma habitação rústica e pobre, geralmente eles se aglomeravam num único compartimento miserável e promíscuo. Segundo o historiador Roberto Simonsen (1884). “O excesso de trabalho, a má alimentação, as condições de higiene, os castigos e outros fatores, contribuíram para debilitar a saúde dos escravos. Por essa razão, a média de vida de um negro era de aproximadamente sete a dez anos de trabalho”.

Com a chegada dos negros ao Brasil, surgiu a miscigenação racial, alguns autores, como o sociólogo Gilberto Freire (autor do clássico casa grande e senzala 1933), concluiu que o Brasil foi palco de uma verdadeira democracia racial, já o autor Gilberto Cotrim 1999, vê essa democracia racial como mito, ou seja, uma imposição dos padrões culturais europeus. Prova disso está no trecho em que Cotrim diz:

A cultura brasileira seria o complexo produto de uma harmonização de influência indígena, negros e europeus. Na verdade, essa harmonização não ocorreu, pois os laços da dominação metrópole-colônia não se restringiram ao setor econômico, alcançaram também os aspectos socioculturais. Ou seja, o colonizador europeu impôs ao Brasil os padrões culturais europeus, desprezando ao máximo os legados culturais do índio e do negro, considerando-os contribuições de classes inferiores. (COTRIM, 1999, PÁG.66).

2.2 O negro na literatura infanto-juvenil

Destaca-se o período da abolição em 1850, em que não existia uma literatura que abordasse o negro, ou uma literatura infanto-juvenil que falasse sobre o tema, existindo apenas textos literários que abordavam o modo como eram tratados, e nesses textos os escravos eram descritos com desgosto, piedade e de forma desumana.

Na atualidade, o negro ainda é visto com piedade nas histórias ou contos e é quase sempre, classe média baixa, e com papéis inferiores, dificilmente tem-se encontrado uma criança negra como princesa, rica, ou de classe social alta.

Geralmente, os papéis atribuídos aos negros são de: empregada, serviçal, lavadeira, porteiro, ou seja, sempre papéis que diminuem a moral do negro.

Porém, estão começando a aparecer autores cujas obras estão colocando o negro com destaque, contudo, ainda é tímida a produção literária.

A literatura infanto-juvenil surgiu no século XVIII, no Brasil o seu início e principal representante foi Monteiro Lobato, o qual tem em suas obras características marcantes como: questões nacionais, sociais, e morais. Mesmo assim em relação ao negro, os preconceitos são perceptíveis tanto na sua literatura tradicional, ou seja, para adultos, quanto para a literatura infantil. Apesar de ser um dos maiores escritores brasileiros, Monteiro Lobato deixa transparecer o preconceito para com os negros, a exemplo da principal personagem negra do sitio do pica-pau amarelo, tia Nastácia que é chamada: a negra de estimação, e negra que é tratada como parte da família. No entanto, é a cozinha seu habitat natural, o que reforça sua inferioridade e sua desqualificação social.

Segundo Brookshow (1983), as histórias de Monteiro Lobato, embora charmosas, contribuíram e reforçaram, por gerações afora, o estereótipo do negro como uma criatura fundamental ilógica, para não ser levada a sério no mundo real do adulto.

No entanto, a falta de personagens negros dentro da literatura infanto-juvenil, faz com que as crianças tenham uma visão preconceituosa nas relações intersubjetivas, e contribui para uma sustentação de uma ordem racial desigual, interferindo no processo educativo, e na formação tanto da criança negra, quanto da branca, podendo está subestimar, estigmatizar e até mesmo fragmentar a auto-estima da criança negra.

Vários estudiosos dessa área afirmam que esse preconceito existente dentro e fora da literatura infanto-juvenil, não tem solução aparente, já que é difícil mudar o pensamento preconceituoso de nossa sociedade. Todavia, existe exemplos dessa conscientização dentro da literatura infanto-juvenil, e já é possível ver livros infantis com personagens principais negros como: A menina bonita do laço de fita (1986) de Ana Maria Machado, Bruna e a galinha D’angola(2003) de Gercilda de Almeida, História de preta(1999)de Heloisa Peres Lima e o Menino Marron (1986) de Ziraldo Alves Pinto. Todas estas obras retratam a questão do negro na literatura infanto-juvenil, ou seja, o cotidiano, a questão racial e assim por diante. E com base nessas características escolhemos a obra A menina bonita laço de fita para uma análise. Comecemos então, falando um pouco da vida da autora.

Ana Maria Machado nasceu em Santa Tereza, Rio de Janeiro no dia 24 de Dezembro de 1942, formou-se em Letras Neolatinas pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, e Pós-graduada pela UFRJ, lecionou em duas das mais importantes Universidades do país a UFRJ e a PUC, possui mais de cem livros publicados no Brasil e em mais de 17 países, somando são mais de dezoito milhões de exemplares vendidos em 33 anos de carreira.

Sobre a obra Amenina bonita do laço de fita Ana Maria fala (2000)

“Estas bastam para atentar o que eu gostaria de ver discutido aqui. Um livro não é apenas aquilo que está escrito nele, mas também a leitura que o leitor faz desse texto. Os dois processos são ideológicos. Os dois pressupõem uma determinada visão de mundo. Para que o livro tenha um potencial rico, com muitas significações, é necessário que seja cuidado, tenha qualidades estéticas , seja um exemplo de criação original e não estereotipada. Mas, para que esse livro possa manifestar esse seu potencial, torna-lo real, é indispensável que encontre um leitor generoso que passa fazê-lo dialogar com muitas outras obras, com visões do mundo enriquecidas pela pluralidade e pela aceitação democrática da diferença. Somente dessa maneira o livro deixará de ser um ponto de chegada para se transformar num ponto de partida permanente para outras leituras de textos e do mundo. Ou dos inúmeros e inumeráveis mundos que existem, que não queremos mais que continuem existindo ou que sonhamos que um dia possa a vir a existir”.

Diante de tudo que foi exposto pela autora, entremos de fato na obra A menina bonita do laço de fita que conta a história de um coelhinho bem branquinho que faz de tudo para ficar pretinho como aquela menina do laço de fita que ele acha linda. Mas ele não sabe como a menina herda aquela cor, e não mede esforços em tentar escurecer os próprios pêlos. O coelhinho sempre perguntava menina do laço de fita porque você é tão pretinha? E a menina como não sabia a resposta sempre inventava uma história como que tinha entrado em uma lata de tinta preta, e o coelhinho para conseguir seu intento lá ia ele entra na lata de tinta para ficar preto, não só isso, ele também comeu jabuticaba até passar mal, tomou inúmeras xícaras de café. Tudo em vão!

Entretanto, quando a belíssima mãe da criança entra em cena tudo fica explicado para o curioso animal. Daí para a frente, o coelhinho segue seu caminho natural que o leva a se aproximar cada vez mais de sua admirada criança negra e do seu objetivo de ter pêlos escurecidos.

A autora começa seu texto com o termo Era uma vez, que nos remete diretamente ao mundo da imaginação. Ana Maria faz um texto narrativo ora direto, ora indireto, com descrição fática, rico em figuras de linguagem como a metáfora, comparações, além de rimas e repetições capazes de prender a atenção do leitor seja ele alfabetizado ou ouvinte. Essas características vão ajudar as crianças a imaginar a menina buscando exemplos em sua realidade. Ana Maria Machado destaca ilustrações que não são o cotidiano da criança, e utiliza isso como forma de ligação da imaginação. A escritora, sabiamente conduz o leitor criança a se apaixonar pela beleza da menina, aos seus olhos, aos cabelos que de trançinhas, enfeitadas com laços de fita, remetem ao título da obra, que é comparada a princesa ou a fada, levando o leitor a mundos novos e desconhecidos. A autora em seu texto se utiliza do pensamento do personagem do coelho para fazer alusão ao vocábulo “pretinha”, utilizado pela primeira vez pela escritora, e que só acresceu mais ênfase á literatura infantil.

A obra menina bonita do laço de fita se insere no universo da ficção e fantasia, pois se utiliza da linguagem do mundo infantil para comunicar-se diretamente com as crianças, levando-as a participar e a se imaginar na narrativa. O texto faz com que a criança se auto valorize e valorize os outros de forma humana e saudável.

Destarte, temos uma literatura em que a personagem menina age como criança, pensa como criança e responde como toda criança ingênua e cheia de imaginação. Dizendo ao coelhinho que tinha tomado muito café quando pequenina.

Percebemos neste momento como a menina está feliz, não demonstrando nenhum desconforto com sua cor, pelo contrário, aparenta felicidade por ser “desejada” pelo coelho. Que mesmo sendo animal tem atitudes de crianças.

Por fim, o livro apresenta a riqueza da diversidade étnico-cultural brasileiro, contribuindo para que as crianças se apropriem de valores como o respeito a se próprio e ao outro, mas também com o objetivo de elevar a auto-estima da criança negra.

Portanto, é necessário que as escolas revejam os livros infantis utilizados nas salas de aula, e que os autores deste tipo de literatura repensem seus conceitos para que assim possa contribuir para uma educação sem preconceitos e atitudes ou atos racistas.

Ressalta-se que, esse preconceito existente dentro da literatura infanto-juvenil e fora dela, demonstra o quanto a sociedade é preconceituosa, perpassando esse sentimento para seus filhos, que em um futuro próximo irão se tornar iguais a seus pais, ou seja, ter os mesmos sentimentos e atitudes com relação ao negro. Contudo, é necessário conscientizar a sociedade de que todos devem merecer o mesmo respeito e consideração já que a população é formada por uma grande miscigenação racial, portanto, sem razão para o preconceito. E assim, as crianças negras possam ter espaço na sociedade, na literatura e fora dela.

Diante de tudo que foi exposto através desta pesquisa, os negros ainda não foram reconhecidos, apesar das contributos relevantes que compõem a cultura do país que conta com vários legados como os alimentos, a religião (umbanda, candomblé), a música e o vocabulário que estão presentes até hoje no cotidiano do povo brasileiro engrandecendo a cultura que é tão vasta.

Espera-se que este estudo, ainda que reconhecendo ser uma síntese da história, que marca a trajetória do negro, cujo preconceito esteve presente até na literatura Infanto-juvenil, possa contribuir para as mudanças que se fazem necessária, a fim de que a sociedade alcance o convívio social harmonioso.

2.3 O papel da literatura infanto-juvenil na formação das crianças

Outro aspecto relevante que se deve observar é a literatura infanto-juvenil que tem como principal papel formar crianças conscientes sobre questões sociais, morais, que cercam nossa sociedade. Crianças que deverão internalizar valores para que sejam capazes de atitudes e sentimentos de respeito, e mais tarde, quando forem adultos sejam conscientes de seu papel no mundo que a cerca.

A leitura na infância tem extrema importância no desenvolvimento da criança, pois estimula a inteligência, o senso crítico, e a leva a pensar sobre fatos ou acontecimentos que a rodeia, e a leva a um mundo fantástico maravilhoso da literatura infantil. Mundo esse onde a criança se vê cercada de magia e encanto, que provoca sensações e que por um momento se vê dentro da história que está lendo e se coloca na própria figura do herói, e esquece da realidade, ou seja, a leitura provoca todas essas sensações e emoções, por isso, é muito importante a escolha do livro que a criança vai ler, já que está escolha é de enorme influência na formação da criança. E se o contrário ocorrer, ou seja, um livro for mal escolhido, isso pode provocar na criança preconceitos apresentados durante o texto, resultando assim em adultos não-conscientes de seu papel, e formando apenas ledores e não leitores formadores de opinião.

Já os autores de literatura infanto-juvenis mais lidos no mundo e utilizados nas salas de aula são: Os Irmãos Grimm, Perroult, Mark Twaim, entre outros. Porém nos livros destes autores, o personagem negro praticamente inexiste. O contrário ocorre com os personagens brancos que são exaltados ao máximo, reforçando a superioridade da raça branca pregada por Adolf Hitler, ou seja, o preconceito oculto existente contra o negro. Do outro lado, estão alguns autores brasileiros, que quando não silenciam, marginalizam e inferiorizam os negros. De um modo geral o preconceito ainda se encontra forte em nossa sociedade, só que encapuzada, vendada. A sociedade fecha os olhos para tal preconceito e se questionada sobre sua existência afirmam não existir, sendo que está ali presente tanto no dia-a-dia, quanto em nossa literatura.

3 CONCLUSÃO

No Brasil, sempre houve a questão de que a escravidão do negro foi suave, que o negro era submisso e não reagia. Ao contrário Cotrim 1999, coloca que a escravidão negra é uma história cheia de violência do senhor de escravos, cheia de revoltas e lutas do negro, que procurava a libertação.

Portanto, diante de tudo que já foi exposto, pode-se ressaltar que o negro até hoje sofre com esse preconceito, que aqui denomina-se como velado, já que, não é explicito como antes.

Atualmente, existe na prática das relações sociais o vigor da lei para coibir os abusos que ainda ocorrem, mas ainda que se busque acabar com o preconceito, conclui-se que é necessária a mudança de mentalidade, sem a qual apenas a existência de normas não dará conta do mal que milenarmente tem afligido a sociedade através de atos abusivos para com o negro.

Espera-se que esta pesquisa contribua para que o leitor sinta-se estimulado a buscar outras fontes de pesquisa e ampliar o debate sobre a temática que é relevante para cada vez mais tornar conscientes os cidadãos que formam a sociedade.

4 REFERÊNCIAS

CASTILHO, Suely Dulce de. A Representação do Negro na Literatura Brasileira: Novas Perspectivas. Ponta Grossa: http://redalyc.uaemex.mx Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal, 2004.

COTRIM, Gilberto. História e Consciência do Brasil, Ed. SARAIVA, São Paulo, 1999.

GONÇALVES, Vanda Lúcia Sá. Tia, qual é meu desempenho? Percepções de professores sobre o desempenho escolar de alunos negros. Cuiabá: EdUFMT, 2007.

GUIMARÃES, Geni; ilustrações: BARBOSA, Saritah. A Cor da Ternura. São Paulo: FTD, 1990.

SIMONSEN, Roberto. História economica do brasil. São Paulo, 7ª edição, 1884.

MACHADO, Ana Maria. A menina bonita do laço de fita. São paulo. 7ª ed., 2000

Verah Oliveira
Enviado por Verah Oliveira em 19/06/2010
Reeditado em 20/06/2010
Código do texto: T2329148