Sobre livros, Skoob e Skoobeiros

Acredito que o Skoob virou uma febre nacional, tanto para aqueles que gostam de livros como aqueles que fingem gostar. É uma forma do cidadão se mostrar literato e culto de diversas maneiras, sendo ao marcar 1300 livros para ler contra os 12 que leu – ou, ao marcar 1300 livros como lidos. No Skoob, encontramos os resenhistas, que ousam comentar um livro com três frases e opiniões vazias, no estilo: “Esse livro é um lixo, odiei!”. Vemos também, os falsos puritanos que se chocam com a linguagem de uma obra, quando o tema escancara: sexo, palavrão e violência. Ora pois, não entendo o cidadão brasileiro que opina por lá e comenta... Acredito que toda obra tem sua essência e valor, ainda que o escritor mexa com temas difíceis, fúteis, bobos... Os mesmos estão em todas as partes; para todos os pareceres! Lixo é ver esta violência literária, retratada nos jornais, longe da ficção, num ambiente verídico. A literatura é sempre bela!

Ao voltar do Brasil, trouxe alguns livros comigo da minha antiga estante, e sem querer falar em “metas de leitura” Skoobdinianas, reli e devorei em alguns meses, livros que poderia escrever dias a fio sobre eles. Após ler a trilogia do Stieg Larsson de mais de 2000 páginas, que trata sobre o tráfico de mulheres e espiões russos, posso afirmar de boca cheia que a leitura prende o leitor do começo ao final! (Os filmes deixaram a desejar, já que todo bom diretor detesta ser fiel a obra de um autor.) Bem, mesmo estando esta tríade repleta de loucuras, não acertou meu estilo, pois eu gosto mesmo é de putaria filosófica! ( O fato do autor sueco ter falecido após entregar o terceiro exemplar à editora e sequer ver o sucesso de sua obra no mundo, foi lamentável!). Os bons Skoobeiros sequer perdoaram isso, e atacaram o falecido literato, com diarreias mentais comentários pertinentes: “Ainda bem que o autor morreu...”

Eu digo: “Cambada de invejosos! Deixem a critica medíocre de lado e vão vocês escrever um livro!”

Voltando aos alhos e bugalhos... Há 15 anos, tentei ler o Retrato de Dorian Gray e não consegui dado a minha imaturidade maluquete, na época, achei o linguajar muito fresco e desisti. Hoje, posso dizer que de todos os clássicos que li, é esta que recomendaria sem pestanejar. E não por ser um clássico, porque as pessoas gostam muito dessa palavra para se auto “eruditarem”. Dorian Gray é um personagem narciso, complexo e promiscuo, e seu criador: Wilde é um mestre quando congela a beleza e jovialidade de seu personagem Gray, na figura de um quadro. Sublime! O livro que há 10 anos, eu poderia dizer (se fosse babaca): “Que lixo!” é uma das obras mais grandiosas que li entre todas, a quilômetros de distancia luz do grande Dostoiévski, em Crime e castigo, por exemplo, (um livro fascinante pela carga psicológica de culpa que carrega o protagonista assassino), porém, sem a genialidade e capricho de Wilde.

Falando ainda sobre os livros que reli, terminei o “Diário de um fescenino” do grande Rubem Fonseca, trabalho que avalio com a nota máxima! Outra vez, para meu espanto, esta grandiosa obra está super mal avaliada pelos Skoobeiros/Skoobdinianos, (ok, gosto é gosto), mas será que a mesma foi depreciada de tal forma devido ao linguajar do Rufus? O personagem fescenino, um escritor em decadência, obsceno e um tanto imoral que se refere ao próprio membro sexual como: “pau duro”, ao sexo, como: “foda” e a ação de fazer amor com a palavra: “trepar”?? Sei lá!! As pessoas gostam de se chocar com o trivial. A gente fala a todo o momento: “Que foda!”, ou: “Foda-se!”, mas quando encontra as danadas em um livro, é como se levasse um tiro na bunda tapa na cara...

Outro livro que reli foi o da ninfomaníaca italiana: Melissa Panarello, a Lolita de 15 anos, que relatou suas experiências sexuais em um “diário” e o publicou aos quatro ventos, escandalizando seu país, o Vaticano e o mundofóbico, ao detalhar entre suas proezas: orgias, bacanal, homossexualismo, masoquismo... Parece putaria, (só para quem não consegue tirá-la da cabeça), mas não é! O gênero é um drama sensível, a busca do pseudo prazer, o reconhecimento de uma autoflagelação e o apelo pela descoberta de um verdadeiro amor. Eu só vi ENCANTO nesse livro com pouco mais de 100 páginas, do começo ao final, mesmo quando “ela dava e fodia”, e outra vez, não encontrei o tal “livro nojento” que alguns Skoobeiros documentaram, tanto é assim, que lá estão as notas variantes e confronto de opiniões que vão do oito ao oitenta. Um livro quando é um “lixo” deveria ser reconhecido unanimemente como tal, mas não é o caso, nem deste e nem da maioria que escolhambam por lá!

Curiosa, fui espiar o livro da Bruna Surfistinha, (esse eu não li porque não está à venda nos cafundós onde vivo). “O doce veneno do escorpião”, tem até o dia de hoje: 5353 leituras, a avaliação dele é péssima e a opinião dos leitores: vazia! Cito como exemplo: “Ai, que nojo, nunca vi tanto palavrão...” ou ainda: “Dá pra se limpar no banheiro com ele...” Todo leitor, sabia desde o principio que a garota que o escreveu era prostituta, e não, escritora. Pagaram para ler o sexo praticado por ela, e não para encontrar uma obra de Machado de Assis, que já não vende! O livro virou best-seller, estou certa que NÃO foi por seu conteúdo literário de primeira qualidade, mas SIM, porque vendeu que nem água! Todo mundo quis saber e pagar pra conhecer as historias picantes de uma garota de programa, no entanto agora, os parvos escrevem lá, detonando o livro, mostrando-se castos e puritanos... Maldita hipocrisia! E o segundo e terceiro livro da Raquel continuou vendendo por quê??? E foi para as telas do cinema por quê?? E o blog da Surfistinha é um dos mais visitados na internet, por quê? Tenho muitas dúvidas, já que segundo a opinião dos leitores, é pura baixaria e imoralidade (Eca, palavrinha detestável!!). O mundo é louco por sexo, mas é covarde demais para assumir!

Como eu gosto de uma boa putaria, de sexo, violência e toda uma trama do escambau quando abro um livro, vou seguir o caminho com minha “meta de leitura” picante, e abrir: Lolita, do Vladimir Nabokov, o audacioso escritor que retratou a obsessão de um coroa por uma menina pubescente. Pedófilo, ele? Sei lá!! Tem um monte dessa espécie solta no mundo, de carne e osso, vivinho da Silva! A obra do russo, eu já comecei!!!

Essa é uma apologia aos livros com palavras, palavrões e ações politicamente incorretas em seu conteúdo, e uma critica aqueles que fazem mau uso do Skoob, um site até então, bacanérrimo.

Ao escrever, um autor deixa suor, essência e conhecimento, seja no frescor de uma única frase ou na ousadia de um pequeno trecho, para ser apreciado, vivido e desnudado por quem o lê.

Quer detonar um livro? Faça-o com responsabilidade e coerência!!