LIBERDADE AO PENSAMENTO

Orientadores são importantes, divulgadores são importantes à medida que mantém suas opiniões pessoais e de grupos organizados, fora das discussões. Se a pretensão é expandir os ensinamentos deve-se louvar a atitude, eles são de suma relevância para a evolução espiritual. Embora admita que alguns necessitem das esporas, não aceito a imposição que inibe forçosamente o pensamento. Os formadores de opinião é que são os cânceres, não pela divulgação, mas pela veemência tendenciosa que os caracteriza. Parece que hoje ninguém mais faz nada sem visar o retorno, de preferência financeiro, quem acaba por tentar fica nas esquinas, subjugado ao ostracismo, pregando ao vento. É o “maluco que fala só”.

Quem propositadamente forma opinião, pratica um genocídio cultural, impregnando as pessoas dotadas de frágeis anticorpos com seus conceitos arraigados de propósitos escusos, impedindo em nome de uma lei maior que as informações sejam checadas e estudadas sob a pena do fogo eterno.

O tempo das profecias, dos homens puros e de espíritos iluminados é recorrente e embora não sejam raros os que tentaram, poucos são os que conseguiram completar com êxito suas missões, tanto que os estudamos até hoje, outros certamente vieram trabalharam incansavelmente, dedicaram sua existência e permaneceram no anonimato. Quem se vangloria por ser um homem de opinião formada, no mínimo pode ser considerado um refratário ou apenas um radical com um saco enfiado na cabeça. As trevas do conhecimento em sua maioria brotam das mentes mais aculturadas, o que não é sinônimo de sapiência. Os pretensos donos da verdade tendem a isolarem-se dos fatos cíclicos, por sentirem-se acima das intempéries da relatividade. O aculturamento, como banco de dados não é tão nocivo, pelo menos o assunto flui e a conversação torna-se interessante, o problema se dá quando o filtro é muito fino e permite a entrada apenas do que é inerente a uma idéia, com intuito de reforçá-la, sem a preocupação de conferir suas derivações.

•“Uma vez tomada a decisão de não dar ouvidos mesmo aos melhores contra-argumentos: sinal do caráter forte.Também uma ocasional vontade de ser estúpido”. Nietzsche

Ter uma opinião própria sobre tudo, a meu ver é imprescindível, sobretudo quando se abre frentes de discussão e provocam-se novos descortinamentos. A alienação ocorre quando não se resguarda o espaço para que as informações se desloquem, transitem, troquem de posição, permanecendo sob a asa protetora da inflexibilidade que torna os prismas opacos.

A forma como tudo é escrito parece seco, não dá pra definir precisamente o que se quer dizer, não há expressões físicas que denuncie a ironia ou a mentira e é isso que torna a leitura excitante. A dualidade da palavra sem expressão física provoca sorrisos e desconfortos, convicções e pecados com a mesma intensidade. Como na criminalística. O crime sórdido exposto de forma passional torna-se defesa da honra e a diferença da colocação perfeita dos pontos e vírgulas, pode ser medida em anos de reclusão ou liberdade. Tudo é interpretativo.

Anderson Du Valle
Enviado por Anderson Du Valle em 24/04/2011
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