HQ's, literatura e cinema

Desde que me entendo por leitor, as HQ’s fazem parte da minha vida. Maurício de Sousa e a Turma da Mônica introduziram-me nesse universo fantástico juntamente com Walt Disney e sua genialidade expressa em ratos, patos e cachorros humanizados.

O mundo dos super-heróis chegou até mim por volta dos meus 10 ou 11 anos de idade, através da coleção de um amiguinho, hoje meu amigão, que me foi emprestada na íntegra (mais de 100 volumes na época) por ele.

Aí não teve jeito, amor e vício instantâneos. Heróis da TV, Super-Homem, Super-Amigos, Batman, Homem-Aranha entre tantos outros.

Por um tempo, em razão de grana, ou melhor dizendo, a falta dela, não pude comprar meus comics.

Hoje, mais velho (muito mais) e com emprego, pude voltar ao meu antigo hábito. Para minha alegria.

Atualmente entendo os quadrinhos como um verdadeiro gênero literário, inclusive fracionado em estilos distintos (humor, ficção, aventura, drama). Lembro-me de uma professora de português que tive, a qual se tornou minha colega de trabalho, que ensinava: “Leiam qualquer coisa, até quadrinhos, mas leiam”!

Foi pelas HQ´s que passei a gostar de ler, e por eles aproximei-me de outros gêneros ditos mais ‘sofisticados’ (distinção tola e preconceituosa).

A riqueza das histórias em quadrinhos garantiu a sua aproximação com a televisão (animações, séries) e com o cinema. Alias, super-heróis e cinema é um casamento que me agrada por demais.

Sobre quadrinhos e cinema não poderia deixar de comentar sobre o tão esperado longa metragem “Os Vingadores”, que compõem o resultado de uma safra de filmes de heróis lançados nos últimos anos.

Confesso que não fui correndo vê-lo. Acho insuportável essa histeria pseudo-nerd que tem invadido a internet e outros meios de comunicação e interação. Agora todo mundo que lê HQ’s, tem a trilogia do Senhor dos Anéis e ouve rock é nerd. Digo com todas as letras que sempre fiz tudo isso mas não me encaixo nessa tipologia. Eu era CDF. Whatever!

Well, fui com minha esposa ver o dito filme numa segunda-feira. Estava com a expectativa a mil depois de tudo que li por aí e pela opinião de amigos.

Devo confessar que fiquei no meio-termo depois que os créditos subiram. Achei a história bem bacana. Resgata do passado o impossível, o improvável, o mentirosos das histórias de heróis. Esse papo de humanizar demais os super-heróis é um saco depois de um tempo. Pensa: o maluco é mega-foda, tem habilidades extraordinárias, poderes gigantes, e ele esta preocupado com o emprego? Esta na fossa porque perdeu a namorada? Ok, ele pode até estar, mas como leitor/espectador quero vê-lo enfrentando et’s agressivos e vilões psicóticos.

Os Vingadores tem esse tom: vamos bater nos caras maus. Ponto para o filme.

Os efeitos especiais são legais, mas não reinventaram a roda. Ajudam a criar aquela atmosfera meio dadaísta que nas HQ’s é mais fácil de se construir.

Meu problema com o filme corresponde, provavelmente, ao excesso de expectativa, conforme eu disse anteriormente, e ao perfil de alguns personagens.

O Thor, por exemplo. What fuck?!? O cara de deus passou a alienígena. Fizeram isso com a continuação de Highlander e destruíram o filme e o personagem. Ficou uma bosta. Fora que ele esta muito metrossexual. Ora diabos! Ele é um deus nórdico, dos povos bárbaros. Ele tem que ser mais... Homem!

O Hulk. Esse deu um up, mas o doutor Banner... Mais chato do que deveria ser. Mas pelo menos o monstro verde era um... Monstro verde.

O Gavião Arqueiro esta mais sério que o Steve Roger. Não dá.

Nick Fury é um soldado falastrão, grosseirão, que fala gírias e palavrões. O do filme esta muito certinho.

Gostei do Capitão América, do Homem-de-Ferro e da Viúva-Negra. Não adianta, fã até entende a licença poética dos filmes, mas quer um mínimo de fidelidade ao personagem.

Mas o saldo final é positivo. Considero mesmo que Os Vingadores retomaram um certo arco, uma trajetória do herói que me agrada mais: o velho e bom bandidos X mocinhos.